Crise no HE
Edital de contratação para anestesistas no HE não recebe nenhuma inscrição
Tentativa do Executivo de reduzir crise nos atendimentos do hospital não teve êxito até então
Foto: Carlos Queiroz - DP -
Vitória de Góes
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Mais uma tentativa frustrada de resolver a situação da falta de anestesistas no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel). Dessa vez, o edital aberto pela Prefeitura para a contratação de empresas interessadas em oferecer serviços de anestesiologia não recebeu nenhuma inscrição. As propostas deveriam ter sido enviadas até a última sexta-feira (24).
O Município, como medida emergencial, abriu o edital no dia 14 deste mês. O documento previa a contratação de uma empresa inicialmente por três meses, para amenizar a crise enfrentada pela instituição. Para isso, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) anunciou o redirecionamento de R$ 500 mil de emendas parlamentares do ex-deputado estadual Fernando Marroni (PT). Entretanto, até então os esforços não foram suficientes.
Segundo o diretor da Região Sul do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcelo Sclowitz, uma das explicações para que não tenha havido nenhuma inscrição é o tempo de contratação previsto no edital. "É difícil para um profissional que já está alocado no mercado de trabalho, com várias ofertas de emprego com mais estabilidade, optar por uma sabidamente curta e sem possibilidade de continuidade", explica.
Quanto à dificuldade que o hospital vem enfrentando para a contratação de profissionais, Sclowitz diz que "há escassez de anestesiologistas em todo Brasil, há poucas Residências Médicas formadoras destes especialistas, o que explica esta falta de profissionais".
Diante desta questão, o Sindicato tem buscado soluções para auxiliar o HE. Na semana passada, a associação esteve em Brasília reunida com o vice-presidente da Ebserh em Brasília, Daniel Beltrammi, debatendo sobre a pauta. "Atuamos na captação de novos profissionais, estivemos dialogando com líderes da categoria médica, com os médicos residentes afetados pela crise, buscamos auxílio no Ministério Público e de algumas lideranças políticas em nível municipal, estadual e nacional", completa o diretor.
A secretária de Administração e Recursos Humanos, Tavane Krause, deixa claro que o edital ainda permanece aberto pelo prazo de três meses. "Incluímos uma cláusula permitindo que outros interessados se habilitassem após o prazo inicial, possibilitando uma maior oferta para os serviços e, se houvesse algum impedimento no decorrer de determinado contrato, o Município pudesse garantir o atendimento através de nova contratação com novos credenciados. E essa possibilidade se aplica também à situação enfrentada neste momento, decorrente da ausência de interessados no prazo inicialmente estabelecido".
Entenda o caso
A situação da falta de anestesistas no quadro médico no Hospital Escola, que é administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), se arrasta desde novembro de 2022, mas se intensificou neste ano após o fim do programa de residência na área.
De acordo com levantamento realizado pela Ebserh em 2014, o hospital necessita de 11 profissionais para atender de forma plena, mas o mesmo nunca atingiu esse número, tendo no máximo nove contratados. Os residentes, então, ajudavam a completar o atendimento. Com o fechamento da especialização no fim de 2022 e o afastamento de outros dois anestesistas, o hospital passou a contar com apenas sete profissionais, desencadeando uma crise ainda maior.
O HE ainda tentou contornar a situação com o chamamento de profissionais aprovados em um concurso nacional da Ebserh. Foram chamados 1.072 profissionais, mas nenhum assumiu.
Ainda em janeiro, o HE abriu um processo seletivo simplificado, mas novamente não obteve nenhuma inscrição. A situação afetou outras residências, culminando no fechamento do programa de residência em Cirurgia Geral e em protestos dos residentes de Ginecologia e Obstetrícia.
Em fevereiro, a instituição reabriu o processo seletivo simplificado, que resultou na contratação de uma médica anestesiologista. Também foi aberta uma licitação para contratação de uma empresa que preste serviços na área, o resultado foi positivo, mas ainda se está na fase de resolução dos trâmites legais para início das operações.
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