Cooperativa de motoristas por aplicativo

Em busca de alternativas para mais valorização

Motoristas de aplicativos da Zona Sul estudam modelo de cooperativa paulista para tentar aplicar na região

Jô Folha -

Viabilizar "ganhos e benefícios bem mais atrativos do que as plataformas multinacionais existentes". Assim o movimento de motoristas de aplicativos de Pelotas e Rio Grande de estudar a formação de uma cooperativa é resumido por Letícia Lisbôa. Ela é uma das integrantes do grupo que no começo de junho esteve na cidade de Araraquara, em São Paulo, conhecendo iniciativas voltadas à categoria. Além da formação de uma cooperativa, também a criação de um aplicativo próprio da cidade que desconta da corrida apenas o valor referente à manutenção do software e da plataforma, sem taxas extras.

O encontro entre os motoristas gaúchos e paulistas surgiu depois que uma mobilização da categoria em Pelotas visando melhores condições de trabalhos, regulamentação do serviço, destinação de espaços para embarque e desembarque de passageiros e outras pautas. Disso, resultaram reuniões entre os próprios trabalhadores e, também, a formação de uma comissão para tratar do serviço junto à prefeitura. "Ano passado foram realizadas diversas reuniões entre motoristas de aplicativos em Pelotas, onde foi visto a necessidade de constituir uma associação dos profissionais, para que tivéssemos representatividade junto ao poder público e entre outras entidades", conta Lisbôa.

Durante as mobilizações, o grupo tomou conhecimento da cooperativa que os motoristas de Araraquara estão inseridos e da criação de uma plataforma própria. A partir disso, o encontro no município paulista foi intermediado pelo deputado estadual Luiz Fernando Mainardi (PT) junto com o prefeito Edinho Silva (PT). De volta à Zona Sul, agora os profissionais pretendem avançar na proposta de contar com uma cooperativa. Na semana passada, o parlamentar esteve em Rio Grande com motoristas.

"Hoje, os motoristas de aplicativo são explorados pelas taxas exorbitantes das plataformas mais conhecidas. Uma cooperativa, a exemplo do que ocorre em Araraquara, trará mais renda para o bolso dos motoristas de Pelotas e região, com corridas mais baratas para a população. Esse é o futuro", avalia Mainardi.

Modelo paulista

Em Araraquara, o Bibi Mob, primeiro aplicativo de transporte privado urbano exclusivamente da cidade, entrou em funcionamento em janeiro deste ano. O sistema é oferecido pela Cooperativa dos Motoristas de Aplicativo de Araraquara, a Coomappa, e tem como propósito facilitar o trabalho dos motoristas que, segundo a prefeitura do município, "sofrem diariamente com uma série de obstáculos encontrados no exercício da função". Com o aplicativo, aproximadamente 95% do valor da corrida fica para o motorista. A cooperativa tem ainda parcerias, com descontos em serviços que o motorista utiliza no dia a dia, como consertos de pneus, autocenter, lava-rápido e guincho.

"A cooperativa é a constante busca por melhorias da categoria, é praticar economia solidária e criativa onde todos têm condições de ganhos mais justos de uma forma igual", explica Kátia Anello, uma das organizadoras da iniciativa de Araraquara. De acordo com ela, a prefeitura auxiliou no processo de incubação da cooperativa, acompanhando todo o processo durante cerca de dois anos até que o projeto começasse a andar sozinho.

O que diz a prefeitura de Pelotas

Questionada sobre a mobilização dos motoristas de Pelotas, a Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) diz desconhecer o movimento relativo à criação de uma cooperativa de motoristas de aplicativo no município. O secretário Flávio Al Alam afirma ainda que não é costume, inclusive, que esses profissionais busquem aproximação com o poder público e, em geral, demonstram resistência na fiscalização. Conforme o titular da pasta, a criação de uma cooperativa não é atribuição da prefeitura.

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