Atualizada às 19h26

Os funcionários do Sanep não abrem mão de conversar com a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) para tentar avançar na negociação salarial da categoria, o que não conseguiram com a direção da autarquia. Após a mobilização da manhã desta quinta-feira (8), quando dirigentes do Sindicato dos Servidores Municipais de Saneamento Básico de Pelotas (Simsapel) fizeram piquete para impedir a saída de veículos do Departamento de Água, Esgoto, Corte e Obras como forma de pressão, houve assembleia geral e a decisão foi de manter a pauta de reivindicações. Também protocolaram pedido de audiência com a prefeita.

Segundo a vice-presidente do Sindicato, Rosemeri Santos, dois níveis de funcionários ainda recebem valores abaixo do salário mínimo nacional. “São aqueles que limpam a água que toda a cidade bebe”, acentua. Ganham R$ 838,51 (Nível 1) e R$ 982,29 (Nível 2). Na pauta da campanha salarial há um pedido de reajuste de 20,5%, estando incluídas nesse percentual as perdas dos últimos seis anos. Não houve negociação com a direção do Sanep e os servidores pediram ao presidente para agendar a reunião com a prefeita que, conforme Rosemeri, não os recebeu.

Por meio da assessoria de comunicação da prefeitura, Paula afirmou que não se nega a receber a categoria, mas considera que as discussões sobre questões salariais são de competência do diretor-presidente da autarquia. “Então ela que dê autonomia ao diretor-presidente para que ele decida”, retruca Rosemeri. A dirigente sindical frisa que a arrecadação do Sanep aumentou de 20% a 25% com a modificação na cobrança de água e vai aumentar ainda mais a partir do próximo mês, pois as contas já foram emitidas com a taxa do lixo.

Além disso, Rosemeri diz que gastos desnecessários são feitos, como reformas no atual prédio ocupado pela autarquia, que provavelmente será entregue à Universidade Federal de Pelotas (UFPel), enquanto a situação salarial dos funcionários é precária. “Não rejeitamos, decidimos continuar a negociação e avançar um pouco mais”, fala, ao acrescentar que os salários estão sucateados há anos e o entendimento é de que isso representa o objetivo claro de privatização.

O diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia, salienta que o reajuste sugerido acompanha a proposta do governo, já aceita pelo Sindicato dos Municipários de Pelotas (Simp). No início das tratativas a prefeita deu autonomia das negociações para as autarquias e empresas, que teriam liberdade para negociar até o limite máximo do ofertado pela administração direta. “Entendemos ser uma política de governo, para não haver aumento diferenciado entre as categorias”, comenta.

Conforme Garcia, o Sanep propôs a criação de gratificação adicional de difícil acesso para os servidores da autarquia que trabalham em casas de bombas, Estações de Tratamento de Água e nas Barragens, locais que não recebem cobertura do transporte coletivo. São R$ 200,00 a mais, junto ao reajuste de 4,49% (INPC mais meio %) e adicional de 10% no vale-alimentação, ambos retroativos a 1° de maio.

Prejuízo com o boicote
Um prejuízo absurdo foi o que teve o Sanep na manhã desta quinta, sem poder atender os serviços que pretendia, ressalta o diretor-presidente. De acordo com ele, faltou água no Pontal da Barra e não havia pessoal para atender a ocorrência. Cinco equipes estariam fazendo reparos parados e dois caminhões hidrojatos atuariam no desentupimento de esgotos. Os trabalhadores em obras de ampliação de redes também não atuaram no período. “O prejuízo financeiro é incalculável”, afirma, ao explicar que os funcionários foram convocados para trabalhar pela manhã por causa da assembleia que aconteceria à tarde. “Iríamos pagar hora extra, mas o Sindicato não deixou”, garante.

Nova assembleia
Na próxima quarta-feira, às 14h, na Casa do Trabalhador, os servidores do Sanep se reúnem novamente. Por enquanto não foi cogitada a possibilidade de greve, informa a vice-presidente do Simsapel.