Atendimento
Em seis meses, mais de cem usuários acessaram o consultório na rua
Iniciativa de atendimentos primários de saúde é voltada a atender pessoas em situação de rua
Foto: Jô Folha - DP - Equipe é formada por médicos, enfermeiros e assistentes sociais
Para uma parcela da população, todas as quartas-feiras pela manhã, das 9h às 11h30min, a Praça Coronel Pedro Osório é o local de acesso a atendimentos básicos de saúde. Estacionado próximo a prefeitura de Pelotas, o ônibus do Consultório na Rua presta serviços de cuidados da atenção primária exclusivamente a pessoas em situação de rua. Somente neste ano, a ação itinerante acolheu mais de 122 novos usuários. No Município, há aproximadamente 300 pessoas nesta condição de extrema vulnerabilidade.
Na escadaria do prédio que sediava o banco HSBC, a fila de pessoas para realizar a triagem começava a se formar em frente ao veículo logo em seguida da chegada do Consultório na Rua. Após o processo de cadastramento, os interessados apenas aguardam a sua vez de serem atendidos pela equipe de saúde dentro do ônibus. Com uma equipe composta por uma médica e uma enfermeira, assim como por assistente social e agentes redutores de danos, em cada edição, em torno de 30 pessoas são assistidas.
A estratégia de saúde realiza atendimentos imediatos como vacinações, testes rápidos, curativos e verificação de adesão aos tratamentos. Além disso, como explica a enfermeira Jéssica Stuber, dependendo do caso também são fornecidas as medicações aos pacientes. "Conforme a padronização de remédios do sistema da Prefeitura", explica. A profissional conta ainda que em ocorrências mais graves, os usuários são encaminhados a outros serviços de saúde mais adequados para realização de procedimentos.
O encaminhamento de pessoas que estão dormindo na rua e sem acesso à alimentação adequada também ocorre para as instituições de acolhimento como a Casa de Passagem e unidades dos serviços de Proteção Social Básica (Cras). "Fazemos esse engajamento deles na rede para que possam usufruir do que é direito deles", diz. Os serviços de saúde voltados especificamente para a acessibilidade da população em situação de rua também é prestado todas as segundas-feiras à tarde na UBS Sansca, a partir das 13h30min. "Tem o médico do consultório na rua atendendo na UBS. A gente sai de manhã, faz campo e à tarde atendemos lá", explica Ineida Cabreira.
Atuando como agente redutora no Consultório na Rua há 12 anos, ela relata que a maioria dos usuários retornam para dar continuidade a doses de vacinações, tratamentos e outros atendimentos. Além disso, por meio do contato humanitário, os pacientes criam laços com a equipe. "Eles são muito educados, eles criam vínculo com a gente", destaca. A profissional conta que a demanda é intensa e mostra o caderno que mantém com os dados dos usuários de cada dia de atendimento. Suas anotações apontam que somente ela acolheu dez pessoas na quarta-feira (21). Já ontem, às 10h ela já tinha atendido nove.
A realidade de quem é atendido
Vivendo em situação de rua há sete meses, Daiane Almeida é uma das usuárias que retorna frequentemente aos atendimentos do Consultório na Rua. Ela explica que no local se sente bem acolhida, diferente de quando utiliza os serviços do Centro de Referência Especializado para a população em situação de rua (Centro Pop). Isso porque, no espaço, Daiane já teria sido assediada. "Ali tem mais coisas para homem e a gente tem que estar usando uma roupa mais larga para passar despercebida pelos homens e ser atendida porque se não muitas vezes tem assédio, não só em gesto, em palavras também", conta.
Conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), durante todo o ano de 2022 a equipe do Consultório na Rua atendeu 245 usuários acessados pela primeira vez. Em 2023, entre janeiro e 28 de junho, foram 122 usuários abordados pela primeira vez.
O retrato da população
De acordo com a Secretaria de Assistência Social (SAS), o perfil da população atendida pelos serviços de referência do Município é em sua maioria do sexo masculino, com idade entre 29 e 59 anos, composto por pelotenses e migrantes. São pessoas em extrema pobreza, com vínculos familiares fragilizados ou inexistentes, e que utilizam as ruas e áreas degradadas como espaço de moradia temporária ou permanente.
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