Em um chamado em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e da luta por melhorias na saúde, uma atividade com a presença de diversos profissionais e entidades foi organizada, nesta sexta-feira (21), em frente à Unidade Cuidativa, no bairro Fragata. Com o objetivo de envolver a comunidade na preservação da saúde pública, uma barraca disponibilizando atendimentos básicos como aferição de pressão arterial e índice glicêmico, assim como informações fez parte do evento.

Defender o fortalecimento do SUS era o principal propósito da atividade. Organizado pela Frente pela Vida, com participação de usuários da rede, de estudantes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e entidades da área da saúde, a mobilização denuncia o processo de precariedade que políticas públicas consolidadas estão passando ao longo dos últimos anos. Fragilidades em diversas redes temáticas, como a de Atenção à Saúde de Pessoas com Doenças Crônicas, a de Atenção Psicossocial e de Urgência e Emergência são citadas por uma das organizadoras, a médica e diretora da Faculdade de Medicina (Famed-UFPel), Julieta Fripp.

Além disso, a redução da cobertura vacinal no país é apontada pela médica como um dos exemplos de fragilização do Programa Nacional de Imunização (PNI), referência mundial em política pública de vacinação. "A necessidade de fortalecimento do SUS se dá em função de muitas coisas que vêm ocorrendo ao longo do tempo. Agora, menos de 50% das crianças estão vacinadas contra a poliomielite", menciona. Ainda conforme Julieta, defender os princípios fundamentais do SUS: universalidade, equidade e integralidade é um dever de todos os cidadãos. "Temos que estar atentos para que não se perca nenhum direito", conclui.

Fortalecimento e luta
Conforme o conselheiro, com 24 anos de atuação, e ex-presidente do Conselho Municipal de Saúde de Pelotas, Luiz Guilherme Belletti, a atividade promovida tem a função de incluir a população na luta e no fortalecimento do SUS. Ele afirma a necessidade de assegurar os direitos que já foram adquiridos no sistema de saúde e vigiar para que nenhum benefício seja perdido. "Nós precisamos trazer essa situação à tona para o conhecimento da população", afirma.

A falta de reajuste da tabela do SUS e de investimentos são citados por Belletti como elementos da precariedade em que se encontra a saúde pública. De acordo com ele, em Pelotas, atualmente há em torno de 3,5 mil pessoas aguardando consultas de urologia e somente dois urologistas disponíveis. "É um caos total. Precisamos que a comunidade se envolva para contribuir com essa necessidade de melhoria", aponta.

Atuante em busca de melhorias na saúde
A aposentada, de 69 anos, e voluntária no Centro de Referência em Cuidados Paliativos (Cuidativa), Cleni Soares, estava na atividade e diz que o SUS é essencial, principalmente para a população de baixa renda. De acordo com ela, apesar do sistema ter suas deficiências como a demora no atendimento, ainda é a melhor rede de saúde pública e deve ser cada vez mais reforçada. "A maioria da população não tem condições de manter um plano particular. O SUS é essencial, principalmente, para essas pessoas, que têm na saúde pública a única possibilidade de tratamento", argumenta.

Também estiveram presentes na atividade diversos profissionais da área da saúde, representantes da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas (Adufpel), Associação dos Servidores da UFPel (Asufpel), Associação dos usuários de serviços de saúde mental, Liga acadêmica de cuidados paliativos e do Conselho Municipal de Saúde de Pelotas.