Um novo desafio tem motivado professores, funcionários, pais e alunos da Escola Especial Alfredo Dub. É a implementação do Ensino Médio, que permitiria à instituição - que há 66 anos se dedica ao ensino de estudantes surdos - fechar o ciclo da Educação Básica. Em breve, a proposta deve ser formalmente apresentada à 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) e também depende de aprovação do Conselho Estadual. A fase, portanto, é de adequações e de busca por parceiros para as melhorias que estão por vir. Tudo com um objetivo: abrir as primeiras turmas ainda em 2017.

É uma hipótese que move não só quem está no comando da Alfredo Dub. O sonho é alimentado, principalmente, por quem está nos bancos escolares. A estimativa é de que, pelo menos, 20 jovens poderiam se beneficiar das primeiras turmas. "Quero muito que a nossa escola tenha o Ensino Médio. Gosto muito de estudar e quero ter a oportunidade", resume o adolescente Joabe Pereira Costa, 16, que, não raro, sabe da preocupação de outros estudantes que ou esbarram na costumeira falta de intérpretes no Colégio Municipal Pelotense ou com as aulas aos surdos limitadas ao turno da noite no Instituto de Educação Assis Brasil (IEAB). E, o pior: acabam engolidos pela evasão.

"Aqui, para nós facilitaria muito. Temos muita união", reitera o aluno da 8ª série. Ao se manifestar em setembro do ano passado, o então titular da 5ª CRE, Antônio Carlos Brod, destacou que, embora a decisão final ficasse nas mãos do Conselho Estadual de Educação, a escola teria de comprovar três pontos para receber o aval ao funcionamento do Ensino Médio: demanda atual e futura, melhorias em infraestrutura e equipe à disposição ao trabalho.

Mais perto da realidade
O caminho ainda é longo, mas as principais exigências que devem ser feitas pela 5ª CRE - tão logo receba a documentação a ser encaminhada - já teriam sido cumpridas. É o entendimento da diretora Solange Kuhn. A área onde antes funcionava um bar e servia ao acolhimento de familiares dos estudantes recebeu obras e transformou-se em Laboratório de Química. A biblioteca ganhou acervo específico ao Ensino Médio. E o corredor de circulação passou por nivelamento para garantir acessibilidade e eliminar degraus, já que há circulação de cadeirantes. Um banheiro adaptado também integra a lista de melhorias. Um processo que conta com vários parceiros. Confira.

- Universidade Católica de Pelotas (UCPel) - O Escritório Modelo de Engenharia e Arquitetura elaborou projeto de acessibilidade e também para o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI).

- Universidade Federal de Pelotas (UFPel) - Já realizou a doação de dez microscópios que ajudarão a equipar o Laboratório de Química.

- Rotary Club Pelotas Oeste - Vidros, pipetas e tubos de ensaio foram doados ao laboratório.

- Grupo de Apoio Bom Pastor - Conseguiu, em negociação com o Ministério do Trabalho, que uma pena alternativa fosse revertida em verba para as obras no banheiro, no corredor e no laboratório.

- Biblioteca - Vários livros foram doados pela população em geral, mas a maioria do acervo ao Ensino Médio foi repassada por iniciativa da Escola Mario Quintana e do curso de Pedagogia da UCPel.

Um novo apelo à comunidade
Para viabilizar todas as adequações que precisam sair do papel para atender também o PPCI, a Escola Alfredo Dub, mais uma vez, precisará contar com o suporte da comunidade. A diretora Solange Kuhn não chegou a divulgar o valor total a ser investido, mas reforçou a necessidade de parcerias, ao citar os custos de aproximadamente R$ 12 mil nas obras do banheiro e de R$ 21 mil no corredor (veja quadro).

A instalação de mais extintores e de portas corta-fogo, o nivelamento do piso de outros ambientes da instituição e a colocação de sinalizações contra incêndio com alerta visual - já que os estudantes são surdos - são apenas parte do que ainda precisa ser implementado antes de o Corpo de Bombeiros visitar o local para vistoria técnica.

Contribua também!
- Material de construção: é uma das formas de ajudar.
- Mão de obra: também é bem-vinda, se você é profissional da área. É um dos meios de reduzir os custos.
- Livros: reforçar o acervo de Literatura é uma das metas, para qualificar ainda mais a biblioteca.
- Armário aéreo: o móvel, de preferência com chave, também é necessário para o Laboratório de Química, para acomodar materiais e equipamentos.
- Janela: uma abertura de alumínio, para substituir no espaço adaptado ao Laboratório de Química, também aparece entre as prioridades. A instalação de grade também faz parte dos planos.
* Faça contato: para mais informações, ligue (53) 3223-0638.