Educação

Escola estadual vive crise entre docentes e direção

Gestora da Visconde de Souza Soares, no bairro Fragata, é acusada por funcionários

Carlos Queiroz -

Brigas, ameaças e denúncias de intimidação. É com este clima, bem longe do ideal, que convivem os 18 profissionais e os mais de 200 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Visconde de Souza Soares, no Fragata. Professores afirmam que passaram a ser ameaçados de retaliação pela diretora após a abertura de uma sindicância para apurar denúncias de má gestão no educandário.

Conforme relatos de professores ouvidos pelo Diário Popular, a crise teria se instalado na escola a partir do início das investigações comandadas por uma comissão da Coordenadoria Regional de Educação (5ª CRE). Iniciado com base em documentos entregues pelo Conselho Escolar, o processo analisa se a diretora Letícia Pereira Barbosa teria desrespeitado a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) ao não convocar em tempo hábil eleição para o Círculo de Pais e Mestres (CPM), inviabilizando o recebimento de verbas públicas e até mesmo o custeio da merenda escolar. O secretário do conselho, Fábio Rodrigues, aponta ainda problemas como ausência de membros da direção nos horários de funcionamento da escola e recuperação inadequada de aulas perdidas.

Durante uma reunião na terça-feira passada (dia 22), a diretora chegou a dizer aos professores e funcionários que a investigação havia sido arquivada e ameaçou os descontentes com a transferência para uma escola da Colônia Z-3. Segundo ela, a medida teria o aval do responsável pela 5ª CRE, Carlos Humberto Vieira. “Se continuar essa história de denúncia, aquela pessoa que for lá (na 5ª CRE) será mandada para a Z-3 e não vai ser por mim. Ele está comigo e vai pegar essa pessoa e mandar para lá. E ainda disse que a pessoa contrate um barraco e vá morar na Z-3, porque lá estão precisando de professor. Vai ser assim que vai funcionar”, diz Letícia, em gravação do encontro obtida pela reportagem.


Vieira nega que tenha autorizado a diretora a falar em seu nome. “Se ela está dizendo isso, não é com o meu conhecimento. Conversamos para garantir o pleno funcionamento da escola, já que a diretora é legalmente constituída e até o presente momento não há nada contra ela”, afirma o titular da 5ª CRE.

Agressões verbais
Tamanha é a cisão entre os grupos apoiadores da diretora e aqueles que se sentem ameaçados que as discussões ultrapassaram os muros da escola. No dia seguinte à reunião em que Letícia afirma estar “muito blindada” pela Coordenadoria Regional de Educação, duas professoras registraram Boletins de Ocorrência por ameaças de outros funcionários.

“Todos que prestaram depoimento na sindicância passaram a sofrer intimidação. As pessoas estão com medo de pedir ajuda. Recebi mensagens de que seria esbofeteada. Nunca na minha vida fui tão humilhada”, conta uma professora que atua há 17 anos na Visconde de Souza Soares e pediu afastamento para tratar de um quadro de depressão.

Para o secretário do Conselho Escolar, não há mais clima para que os professores atuem normalmente, já que boa parte teme represálias. “A instituição está totalmente dissolvida. Não há união, virou um verdadeiro motim”, diz Rodrigues. O coordenador Carlos Humberto Vieira reconhece que o ambiente não é o ideal e diz aguardar o fim da sindicância para avaliar ações a serem tomadas. “Tudo o que queremos é que se restabeleça a serenidade e harmonia entre a comunidade escolar”, declara. O relatório final da investigação será entregue na próxima terça-feira.

O que diz a diretora
Procurada para comentar sobre a sindicância contra a direção da escola e o conteúdo da gravação em que intimidaria professores que apresentassem novas reclamações, Letícia Pereira Barbosa disse que não poderia responder sobre as possíveis irregularidades que estão sendo apuradas pela sindicância.

Com relação à possibilidade de transferência de professores descontentes para a Colônia Z-3 com o aval da 5ª CRE, a diretora nega. “Isso não aconteceu. O que temos é um problema sério de fofocas dentro da escola. Tenho certeza de que o coordenador não vai gostar de saber disso (da denúncia)”, explicou.

Colaborou Mariana Hallal

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