Entrevista

Escolas de Samba do Grupo Especial fundam Liga própria

Entidade, que está concluindo o processo de legalização, já tem projetos para buscar recursos em diversos editais

Foto: Michel Corvello/Ascom - Objetivo é conseguir mais recursos para o Carnaval

Com o propósito de captar mais recursos e de promover o fortalecimento da categoria, foi criada recentemente a Liga das Escolas de Samba Adultas e Mirins de Pelotas (Liespel). Formada pelas entidades do grupo especial, Unidos do Fragata, General Telles e Academia do Samba, e as mirins, Mocidade do Simões e Ramirinho, a nova entidade já articula a organização do carnaval de 2024. Conforme o presidente da associação, Edson Luis Planella, atualmente, a Liespel está protocolando três projetos para o edital estadual da Lei Paulo Gustavo. O representante destaca que a nova formação também busca uma alternativa para frear o encolhimento das escolas na passarela do município.

Como surgiu a ideia de formar uma nova entidade?

Surgiu dentro do próprio carnaval. Vimos que as escolas de samba haviam reduzido bastante e que a gente precisava resgatar e fortalecer a categoria. A entidade não vem para confrontar a Assecap (Associação das Entidades Carnavalescas de Pelotas), tanto que ainda permanecemos filiados, mas para nos possibilitar buscar recursos, fazer eventos conjuntos e fazer com que as escolas de samba se tornem um produto atrativo. Queremos aumentar o número de escolas tanto adultas quanto mirins na categoria. No grupo especial já foram sete, já tivemos um segundo grupo com cinco e hoje são apenas três. As mirins eram em média nove e neste carnaval foram apenas quatro.

Quais os primeiros passos da Liga?

Vimos esse diagnóstico do encolhimento da categoria, e as escolas em outras cidades também têm buscado esse crescimento. Já encaminhamos a filiação da liga na Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba), composta por 89 ligas de todo o País. Essa entidade está apresentando um projeto pela Lei Rouanet com objetivo de contemplar essas ligas. Estamos buscando alternativas como essa. Protocolamos três projetos pela Lei Paulo Gustavo estadual, vamos protocolar pela lei municipal e tudo o que for possível de editais e eventos conjuntos com outras escolas nós vamos fazer. O objetivo em 2024 é fortalecer para que possamos realizar um bom trabalho e bons desfiles. E também para que no ano seguinte nós consigamos chamar a atenção de outras escolas para a filiação na Liga.

O que culminou nesse encolhimento das escolas?
A redução de investimento no carnaval da cidade. O custo aumentou muito para colocar uma escola na rua e as pessoas foram desistindo, porque terminava o carnaval e contraía dívidas, porque não conseguia captação para fazer tudo. Por exemplo, a Estação [Primeira do Areal] infelizmente não tem expectativa de retorno, de Imperatriz da Zona Norte, a Ramiro Barcellos, a General Osório. Pouco a pouco as entidades foram fechando. Também sentimos muita falta de renovação dos dirigentes. Queremos agregar para que possamos chamar a atenção da faixa etária mais jovem para renovar os grupos e formar novas lideranças. Estamos há muito tempo com os mesmos.

Por que foi necessário criar outra entidade para alcançar esses objetivos?
Porque a Assecap contempla todas as categorias e tem editais que são específicos para as escolas de samba. Ano passado, a própria Sedac [Secretaria da Cultura] disponibilizou um edital de R$ 60 mil para projetos. A Liga vai tentar trazer esses recursos. Não estamos em hipótese alguma desqualificando o pessoal das outras categorias, mas é um perfil diferente do carnaval participativo para o que colocamos nas passarelas, tanto as adultas quanto as mirins, e entendemos que seria mais difícil acessar recursos se a gente continuasse no bolo todo.

Como estão as movimentações dentro da Liga?
Temos feito reuniões para ouvir as demandas das escolas de samba e ao mesmo tempo estamos atentos aos editais para que possamos buscar recursos para fazer um grande evento popular das cinco entidades que fundaram a Liga. Tem três editais que vamos concorrer: produção de alegorias e adereços, se for aprovado pretendemos trazer um profissional do centro Rio-São Paulo para fazer workshop de técnicas; outro para a busca de um profissional que possa ensinar a fabricação e manutenção de instrumentos e oficinas de percussão para formar novos sambistas; e por último um grande evento para o lançamento do carnaval das escolas de samba. Estamos protocolando estes cinco projetos, na Lei Paulo Gustavo são três projetos.

Qual a alternativa caso não sejam contemplados pelos editais?
Vamos tentar na Lei Paulo Gustavo e na Lei municipal, se não conseguirmos em nenhuma vamos tentar pelo menos fazer o evento conjunto das cinco entidades, mas temos esperança de ser contemplados em pelo menos uma.

Como fica a participação na Assecap?
Seguimos fazendo parte da Assecap, segue tudo normalmente. O ritmo do carnaval segue normal, nada muda, o que queremos é incrementar as escolas com a busca desses recursos. O que vamos fazer é sempre ter essa pauta conjunta da Liga para dialogar com a Assecap e outras entidades, mas quem representa a pauta das escolas é a Liga.

Quais as perspectivas para o carnaval de 2024?
Primeiro defendemos que se faça um carnaval só, é essa a proposta. A atual gestão da Assecap se atrapalhou muito nas datas, prometeu muita coisa que não conseguiu cumprir em relação à produção cultural e recursos. Foi tudo atropelado. Mesmo assim nós tivemos uma resposta muito boa, tivemos um público de três a cinco mil pessoas em uma noite só. Nós queríamos popularizar, ter um olhar solidário e social, o que entendemos que conseguimos. Agora é hora de unificar uma nova gestão e queremos que as confusões que ocorreram não se repitam, tanto que, diferente do ano passado, as escolas já estão participando mais efetivamente das discussões.

Um carnaval mais robusto e unificado passa por uma mudança de gestão da Assecap?
Sim e isso vai acontecer porque a gestão terminou, terá uma eleição nos próximos dias. Seguimos dialogando com a Assecap, mas a pauta das escolas de demandas, junto tanto ao poder público quanto à associação, vai ser via Liga.

O pontapé para 2024 já foi dado então?
Pelo menos para nós, já estamos começando a trabalhar. Esperamos só o cronograma das próximas semanas, mas as reuniões já estão acontecendo. Ainda no mês de outubro com certeza já teremos definições. Estamos encaminhando projetos e buscando alternativas de recursos e planejando os eventos em conjunto. O próprio carnaval na Bento foi uma ideia das escolas enquanto não teve alternativas em tantos atrasos e promessas não cumpridas por parte da gestão atual, vimos que a alternativa era esperar mais duas semanas para terminar os trabalhos e tentar resgatar a população de volta. ​

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