Há quatro anos, procurar uma vaga para estacionar o veículo no centro de Pelotas deixou de ser uma tarefa difícil. A chamada Zona Azul, que no início contava com 1,1 mil vagas e agora já tem mais de 1,5 mil, democratizou o acesso às áreas contempladas por ela. Hoje, são quase 200 mil tickets emitidos por mês pelos 72 parquímetros.

Para o secretário de Transportes e Trânsito, Flávio Al Alam, o estacionamento rotativo ajuda a manter os consumidores no comércio central. Ele lembra que, antes, os trabalhadores da região estacionavam de manhã cedo e só saíam no final da tarde. Com a mudança, mais pessoas puderam ter acesso às vagas. Além disso, acalmou o trânsito no centro da cidade. “É um case de sucesso”, avalia.

O sistema de estacionamento rotativo inclui o quadrilátero formado pelas ruas Gonçalves Chaves, Doutor Cassiano, Barão de Santa Tecla e Lobo da Costa, além da rua Andrade Neves, nos pontos entre avenida Bento Gonçalves e Doutor Cassiano, e a avenida Bento Gonçalves, no trecho entre Santa Cruz e Professor Araújo. No entorno do Mercado Central, as ruas Tiradentes e 15 de Novembro também são abarcadas. No total, são 90 quadras de Zona Azul. Nos próximos meses, a previsão é de que o estacionamento rotativo seja implantado nas ruas General Osório e Marechal Deodoro, no trecho que vai da rua Doutor Cassiano até a avenida Bento Gonçalves, incluindo as quadras transversais. A mudança objetiva devolver as vagas perdidas com o corredor de ônibus feito na Osório e que, em breve, deve ser feito na Deodoro.

A empresa responsável pelo sistema é a Serttel, que venceu a licitação mediante proposta de repassar 26% do valor bruto arrecadado à prefeitura. Flávio Al Alam estima que o poder municipal receba cerca de R$ 90 mil ao mês. O recurso é destinado a obras de mobilidade urbana em toda a cidade, como pintura termoplástica de faixas de segurança, compra e instalação de 200 abrigos de ônibus e colocação de tachões nas vias. Além disso, houve a substituição de 50 cruzamentos semafóricos e a compra de uma máquina de pintura e um caminhão. A oficina de placas também foi revitalizada com o dinheiro oriundo da Zona Azul. Já a manutenção do sistema, que inclui a instalação de placas sinalizadoras e reparos nos parquímetros, é responsabilidade da Serttel.

Atualmente, a cada uma hora de estacionamento o usuário paga R$ 1,90. Se o motorista não colocar o ticket no veículo, é cobrada uma taxa de não identificado no valor de R$ 12,85. Caso o tempo indicado no bilhete seja extrapolado, deve pagar a taxa de pós-utilização no valor de R$ 7,60. Só no primeiro semestre deste ano, 71.922 avisos de irregularidade foram emitidos pelas monitoras da Serttel. Os usuários que não regularizarem a situação ficam sujeitos à multa de R$ 293,47, sete pontos na carteira de habilitação e guincho. Nos últimos 30 dias, 170 multas foram emitidas pelos agentes de trânsito.

Aprovado
Stephanie Polnow deixa o carro estacionado nas ruas do Centro o dia todo. Por mais que precise mudá-lo de lugar a cada duas horas, ela gosta da Zona Azul. Se não existisse o sistema, seria bem mais difícil achar uma vaga, avalia. Já o catarinense Nilo Ferreira reclama da falta de tolerância. Ele conta que em Florianópolis o veículo pode ocupar uma vaga por até 15 minutos sem estar sujeito à multa. A diferença entre as duas cidades lhe custou R$ 12,85. “Fui até o parquímetro para emitir o ticket e, quando voltei, a notificação já estava no carro”, reclama. Apesar disso, ele afirma que o sistema de rotatividade é essencial à cidade.

Vagas especiais
Os portadores de necessidades específicas (PNE) e os idosos têm, juntos, 79 vagas reservadas. Para ter direito a elas, aqueles que se encaixam nessas características devem confeccionar, gratuitamente, uma credencial junto à Secretaria de Transportes e Trânsito. É necessário apresentar algum documento de identidade com foto (idosos) ou atestado médico (PNE). O benefício é apenas quanto ao local da vaga, pois não há desconto no valor do estacionamento. As motocicletas também recebem tratamento diferenciado. Há locais destinados especificamente a elas, que não pagam pela vaga.

Quatro opções de pagamento
Moedas - Basta inserir as moedas no equipamento, confirmar no botão verde, retirar o ticket e colocá-lo em algum local visível no painel do veículo.

Cartão - Pode ser adquirido no comércio local (em cada parquímetro há indicação do ponto de venda mais próximo). Deve-se inserir o cartão no parquímetro, selecionar o tempo desejado, confirmar e retirar o ticket, que deve estar em algum local visível do veículo.

Monitoras - Caso o usuário não tenha moedas nem cartão, pode optar por obter o ticket direto com uma das 21 monitoras espalhadas pela Zona Azul.

Aplicativo - O usuário deve acessar o site www.mobilicidade.com.br/pelotas e se cadastrar. Depois de registar a placa do veículo e comprar créditos, poderá ativar o sistema sempre que for estacionar. Exclusivamente por este meio não é emitido o ticket. A fiscalização é feita pela placa do veículo.