Reivindicação

Estudantes e professores protestam contra o Novo Ensino Médio

Com aulas paralisadas, ato de revogação reuniu centenas de participantes

Foto: Italo Santos - DP -

A revogação do Novo Ensino Médio foi a reivindicação que uniu, na manhã desta quarta-feira (15), centenas de pessoas entre professores, alunos, servidores e representantes de entidades em mobilização na Esquina Democrática, no cruzamento das ruas Sete de Setembro e Andrade Neves, no Calçadão do Centro de Pelotas. Conforme os presentes no ato, o novo formato de educação precariza o aprendizado e a formação dos alunos das escolas públicas. A manifestação no Município e em vários outros locais ocorre após o governo federal lançar uma consulta pública sobre a questão.

Com sinos, cartazes e gritos de ordem como "revoga", o protesto iniciou às 09h30min e se estendeu até próximo do meio dia. Os manifestantes revezaram para discursar em um microfone disponibilizado pela tenda do Cpers. Entre os argumentos unânimes citados estavam a falta de estrutura adequada das escolas para implementação da reforma, devido ao aumento no número de disciplinas, e ensinos que deveriam ser práticos. Além disso, a diminuição da carga horária de matérias de ciências humanas e linguagens, assim como a discrepância de qualidade de ensino entre as instituições públicas e privadas foram os pontos mais levantados.

"Está sendo construído de uma maneira que não respeita a autonomia das escolas", afirma a coordenadora do Ensino Médio do Colégio Municipal Pelotense, Ana Lucia de Almeida. A professora critica ainda o "notório saber", o que permitiria que profissionais sem a formação adequada ministrem as novas disciplinas dos chamados itinerários formativos. "Ainda tem uma disciplina chamada Projeto de Vida que vem pra eliminar Filosofia e Sociologia e não tem um conhecimento específico ali, é muito genérico".

Para a manifestação houve a liberação do ponto por parte da Secretaria de Educação do Estado e do Município de Pelotas. Assim, as aulas foram paralisadas às 09h30min. O diretor do Cpers Pelotas, Mauro Rogério Amaral, critica o Novo Ensino Médio afirmando que ele tem o propósito de formar "mão de obra barata" e que muitos alunos terão o acesso às universidades dificultado. "Não dialoga com as necessidades e com a realidade dos alunos, exclui do Ensino Médio a carga horária de disciplinas importantes", conclui.

A visão dos estudantes

Alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Adolfo Fetter, Patrick Tavares, 17 anos, e Jenifer Rodrigues, 18, também estavam presentes na manifestação. Ambos no 2º ano, eles fazem parte do primeiro grupo de estudantes que serão graduados pelo novo formato. No entanto, os adolescentes se uniram ao protesto justamente para que isso não se torne realidade. "Está horrível, não dá para entender nada direito, é muita disciplina. Quero a revogação", ressalta Tavares. Já Jenifer complementa criticando os itinerários. "Não foram nem na escola explicar, a gente teve que escolher na sorte."

A representação

Além do CPERS, entre as entidades presentes estavam o Sindicato dos Municipários de Pelotas (Simp), o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasafe), e Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pelotas (Adufpel). Representando os professores da UFPel, a diretora da Adufpel, Celeste Pereira, afirma que a reforma é um movimento do setor privado da educação com o objetivo de que cada vez menos as pessoas tenham acesso ao ensino público de qualidade, o que impactará no ingresso na formação Superior. "A gente é contra essa reforma porque ela limita o acesso de boa parte da população à universidade".




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