Uma ação iniciada na Escola do Sesi virou um livro sobre hábitos saudáveis para adolescentes escrito por alunos do ensino médio. "Hábitos de Caíque", de autoria de Eduarda Lopes e Willian Botelho, foi lançado recentemente em formato físico e em e-book. Agora, o objetivo é levar o conteúdo para outros jovens em escolas e na comunidade.

Hoje já na universidade, os jovens foram orientados pelos professores Marcio Peixoto, de Educação Física, e Isadora Torres, de Sociologia, dentro do projeto Redes de Solidariedade em Tempos de Pandemia, que tinha como objetivo discutir o conceito de ajuda mútua com os estudantes e buscar a criação de propostas de intervenção no meio social e no contexto da cidade de Pelotas. A partir dos debates, estudantes do terceiro ano criaram redes solidárias que serviram para aproximar pessoas afastadas pela pandemia.

Os autores dizem que o livro busca dar orientações sobre bem-estar e hábitos saudáveis para adolescentes, e que o protagonista Caíque foi construído a partir do diálogo com colegas que compartilhavam seus anseios e incertezas, acentuados no período da pandemia. "A gente começou a falar da nossa idade, o quanto a pandemia nos afetou. A gente estava retornando presencialmente e percebemos o quanto nossos hábitos mudaram e prejudicaram nossa saúde", diz Eduarda.

Ela e Willian explicam que buscaram escrever o conteúdo do livro com embasamento científico, com a ajuda dos professores. "O livro tem a narrativa do Caíque, mostrando como foi nossa experiência na época, junto com a referência dos artigos científicos", diz a estudante.

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Hoje, a dupla de autores já saiu do Ensino Médio e está na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Eduarda escolheu pela educação física, e diz que a decisão pelo curso ficou mais clara depois de produzir um livro sobre o assunto. Já Willian está estudando biologia e considera que a experiência de escrever a obra enriquece a sua carreira acadêmica e profissional. "Pra mim foi muito interessante entender como que a dinâmica dos jovens acontece, como que os fenômenos de alimentação, de hábitos saudáveis, e como que a própria saúde pública é estruturada na sociedade", avalia.

A idealizadora do projeto Redes de Solidariedade em Tempos de Covid, professora Joice Reis, explica que a iniciativa foi abraçada pela Vanderbilt University, dos Estados Unidos, pelo Centro de Ciencias Humanas e Sociales, de Madri, e pelo King's College, de Londres, que fizeram um estudo sobre ações sociais em comunidades de todo o mundo. "Os projetos tinham essa ideia de fazer uma ajuda coletiva, causar impacto positivo onde estivessem atuando", diz a professora, que cita outra ação elaborada por alunos dentro do Redes de Solidariedade foi o Friends of Dorothy, que promoveu acolhimento e solidariedade entre a comunidade LGBTQIA+, especialmente transgêneros e travestis de Pelotas impactadas pela pandemia.

Segundo a professora, os cerca de 200 exemplares impressos de "Hábitos de Caíque" serão distribuídos gratuitamente em escolas da cidade, e que a experiência de Eduarda e Wiliam na universidade permite uma ampliação do projeto. "Agora eles já têm um outro arcabouço de conhecimento para explorar isso, já como estudantes universitários, para chegar com outras abordagens em estudantes".