Pagando as contas

Estudantes fazem do trabalho informal uma forma de sustento

Em uma cidade com tantos acadêmicos oriundos de outras localidades, trabalhos informais se tornam comuns para ajudar no sustento vivendo em outro município

Jô Folha -

O jovem estudante de Música da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) caminha do Porto ao centro de Pelotas, violão às costas, e chega até o calçadão da rua 15 de Novembro. Abre o case, pega o instrumento, começa a dedilhar e, por três horas - meio turno - fica à espera de moedas e cédulas que a população que por ele passe entrega como recompensa pelo instante lúdico do dia. Não é o único. Em uma cidade com tantos acadêmicos oriundos de outras localidades, trabalhos informais como este se tornam comuns para ajudar no sustento vivendo em outro município.

Sob o nome artístico de Djou Tromundo, Joe Rosa se apresenta no local desde outubro de 2014. O motivo inicial foi a falta de encaixe em bares, pubs e outros lugares em que o público seria restrito. "Na rua é mais acessível, todo mundo pode ouvir. Isso é interessante porque influencia as pessoas a fazerem música", explica. Juntou-se a essa motivação a necessidade de dinheiro para que ele, oriundo de Venâncio Aires, conseguisse se sustentar com mais tranquilidade em Pelotas. Como estudava em dois turnos não conseguia encontrar emprego, ao que decidiu usar o dom e os conhecimentos de sala de aula para complementar o orçamento. Hoje ganha em média R$ 50,00 por dia - varia de R$ 100,00 em dias de sol no início do mês a R$ 20,00 quando há chuva e pouco dinheiro no bolso da população.

Para ele, entretanto, seu trabalho vai além do ganho financeiro: é o contato com as pessoas a principal alegria que tem no dia a dia. "Olham de longe, aí respondo com um sorriso e de repente se aproximam. Algumas dizem que eu salvo, alegro seu dia. É uma relação muito mais horizontal do que seu estivesse tocando de cima de um palco", comenta.

Bar
O contato com a população é o mais prazeroso também do trabalho da dupla Andressa Bitencourt e Ísis Peres, estudantes do mestrado em Educação do IF-Sul e do curso de Cozinheiro do Senac, respectivamente. Com o intuito de angariar fundos à realização de peças de teatro, elas abriram o Pepek's Bar, que serve desde quentão até torradas, passando por chás e um café bem forte. "O balcão proporciona isso da conversa. Foi um jeito de conseguir mais dinheiro e também conhecer novas pessoas", comentas Ísis.

Hoje elas já conseguiram pagar os espetáculos, que serão desenvolvidos no projeto Sete ao Entardecer nas próximas três segundas-feiras na Fábrica Cultural, mas seguem com o bar aberto na garagem de Alessandra - até porque as contas do dia a dia continuam passando por debaixo da porta. A ideia é transformá-lo em um espaço de empoderamento feminino, com intervenções artísticas de mulheres.

Bolsa
Dentro dos cursos há também solução para não depender totalmente do dinheiro enviado pelos pais. Há sempre a opção da procura por uma bolsa de extensão. Atualmente são 1.200 bolsistas estudantes da UFPel oriundos de fora de Pelotas.

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