Transtorno

Falta de medicamentos atrasa quimioterapia no Ceron

Situação preocupa quem precisa do tratamento; problema é recorrente na instituição

Foto: Carlos Queiroz - DP - Rosemeri Baschi está em tratamento contra um câncer de mama e precisa do atendimento do Centro de Radioterapia e Oncologia (Ceron)


O diagnóstico de câncer é uma notícia que, por si só, nunca é fácil. Para além dos anseios que vêm com a descoberta da doença, a dificuldade para conseguir o tratamento adequado traz novas preocupações para pessoas como a técnica de enfermagem Rosemeri Baschi, 54. Em tratamento no Centro de Radioterapia e Oncologia (Ceron), da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, a paciente está com o tratamento atrasado por conta da falta de medicamentos na instituição.

A descoberta do câncer de mama agressivo veio em dezembro do ano passado. Desde então, Rosemeri já passou por cirurgia para retirada de um nódulo e começou o tratamento de quimioterapia. “Precisei pagar a primeira sessão para ganhar tempo, já que meu médico disse que tinha que começar a quimio em 30 dias depois da cirurgia e, pelo SUS, estava demorando muito”, conta.

A segunda sessão, realizada no Ceron, marcaria o início do tratamento via rede pública. No entanto, logo em seguida, veio a notícia do atraso por conta da falta dos medicamentos. Segundo Rosemeri, o hospital informou que não há previsão de chegada dos quimioterápicos necessários para realizar a sessão, que deveria ter acontecido no dia 6 de abril. “Eu sei tudo que pode acontecer comigo e fico ansiosa. Se eu não estou fazendo tratamento, o câncer pode aparecer em outro lugar. Eu tenho que correr contra o tempo, é uma questão de qualidade de vida, de viver ou morrer”, apela. Para a técnica em enfermagem, a situação é definida pela angústia e, também, pela indignação. “É um direito meu e, na hora que eu preciso, não tenho. Estou sofrendo com essa situação e não aceito isso. Já ouvi dizer que isso acontece às vezes [no Ceron], mas não devia ser assim. É a minha vida em jogo”, lamenta Rosemeri.

Procurado pelo Diário Popular, o hospital não respondeu às perguntas da reportagem até o fechamento da edição. Pouco mais de um mês atrás, a falta de quimioterápicos no Ceron já havia sido acompanhada pelo DP. À época, através de nota, a Santa Casa atribuiu o atraso na compra de medicamentos à falta de recursos oriundos do SUS e afirmou que o problema se resolveria na semana seguinte. Atualmente, cerca de 980 pacientes realizam tratamento quimioterápico no local. No entanto, não é possível afirmar quantos estão sendo afetados pela falta de medicamentos.

Repasse de recursos
Na segunda-feira, uma reunião administrativa com a Prefeitura discutiu o repasse dos recursos destinados pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a tratamentos oncológicos em todo o Estado. Os repasses a hospitais e municípios gaúchos, formalizados em março deste ano, totalizam R$ 86 milhões e devem ser investidos na ampliação de exames, aquisição de insumos e medicamentos e realização de cirurgias. Através da assessoria, foi confirmado que a situação do Ceron não foi apresentada pela Santa Casa à Prefeitura e que ainda não há data definida para o repasse dos valores destinados pelo TJ-RS aos hospitais.

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