Atenção
Famílias estão perdendo o Bolsa Família em Pelotas
A atualização pode ser feita no Cras do Fragata e na Secretaria de Assistência Social
Heitor Araujo -
Com o crescimento do desemprego e um crescente arrocho nos gastos públicos, muitas famílias se veem sem perspectivas. Em Pelotas, 750 postos de trabalho foram perdidos nos últimos 12 meses. Ao mesmo tempo, o número de famílias auxiliadas pelo Bolsa Família caiu de 7.596 em agosto do ano passado para 6.232 em julho deste ano. Apenas 35% das famílias de baixa renda do município são assistidas. Um número bem abaixo da meta do Ministério de Desenvolvimento Social. Um dos fatores é a desatualização dos dados das famílias no Cadastro Único, essencial para conseguir o auxílio. Aqui em Pelotas, 10.801 famílias estão desatualizadas e podem ser excluídas pela auditoria do governo federal.
Uma das dificuldades enfrentadas na cidade é o número de pontos de atendimentos para atualização e novos atendimentos do Cadastro Único. No último ano, 4021 famílias atualizaram o cadastro e outras 2798 fizeram pela primeira vez. Há apenas dois lugares onde os cadastros podem ser feitos – no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do Fragata e na sede da Secretaria de Assistência Social (SAS) no Centro. Uma das metas da secretaria é ampliar o atendimento também aos CRAS do Areal, do Porto e das Três Vendas. As famílias precisam atualizar os dados de dois em dois anos, comprovando a situação de vulnerabilidade.
Também não há frequência de campanhas nos bairros para alertar a população sobre a necessidade de atualizar os dados. “Temos uma estratégia de ampliar as famílias beneficiadas. Vamos contratar entrevistadores para atuarem nos bairros e para trazer as pessoas ao programa”, analisou o secretário de Assistência Social, Luiz Eduardo Longaray, à frente da pasta desde o começo do ano passado.
É este um dos principais fatores para a queda do número de famílias assistidas. “Cerca de 2300 pessoas estão com o cadastro desatualizado há 48 meses. Ainda no ano passado, o Ministério Público Federal nos indicou a exclusão de 600 pessoas do Cadastro Único por esse motivo. Sem a atualização do cadastro, perdemos verba para a secretaria”, avaliou Longaray.
Já nas comunidades, a solução adotada é a do auxílio mútuo. A realidade, muitas vezes, é de desconhecimento do sistema. Nem todas as famílias sabem da necessidade de atualização do cadastro. A prefeitura envia cartas e telefona às mais de dez mil que precisam recomprovar a situação de vulnerabilidade. No entanto, em 90 a 95% dos casos não recebe respostas.
No caso de Heloísa, de 57 anos, quem alertou sobre a situação foram os vizinhos, que também ajudam no sustento da família. Moradora da Ceval, ela é mãe de uma filha de 19 anos e não tem nenhuma fonte de renda. Foi beneficiária do Bolsa Família por 10 anos, mas desde 2014 estava sem receber, justamente pela falta de atualização do cadastro. Como o nome dela já consta no sistema do governo federal, deve receber o auxílio de R$ 85 instantaneamente. O dinheiro, segundo ela, vai para “comprar gás, remédios e comida, afinal, tenho que alimentar minha filha e mais cinco animais de estimação”.
Quem também foi avisada pelos vizinhos sobre o programa é Juliana, de 24 anos e mãe de três filhos – o mais novo com 11 meses de idade e o mais velho com 5 anos. Ela é separada do marido, única fonte de renda da casa. Recebe cerca de R$ 300 por mês para o sustento de uma família com quatro pessoas. Após ser alertada sobre o programa, Juliana foi ao CRAS do Areal e encaminhada à sede da SAS, na rua Marechal Deodoro esquina Três de Maio, onde entregou a documentação e agora aguarda o governo federal liberar o auxílio.
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