Por Cíntia Piegas
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O Dia de Todos do Santos, que no calendário Católico antecipa o Feriado de Finados, foi bastante movimentado nos cemitérios de Pelotas. A antecipação tem diferentes motivos. Parentes mais próximos se dedicaram a arrumar os túmulos para receber as homenagens. Outros preferem aproveitar o feriado e adiantaram a visita ao ente querido. Embora o dia seja de respeito pela dor de quem perdeu um irmão, marido, pai, mãe, não deixa de significar alento para quem vai faturar com o comércio de flores.

Nos Cemitérios São Lucas (privado) e Boa Vista (municipal), no bairro Três Vendas, a manhã de terça-feira (1º) foi de muito trabalho para os funcionários que recolhiam flores murchas, coroas envelhecidas e folhagens deixadas pelo caminho. Quem procurou o local para limpar os túmulos, renovou os vasos de flores, capinou ao redor e, ainda teve quem contratasse contratasse pessoas para pintar as sepulturas, característica mais predominante na Boa Vista. "Confesso que por dois anos não vinha aqui e realmente o túmulo dos meus parentes estava bem abandonado e o acesso bem ruim. Então dei uma arrumada, tirei as folhagens e coloquei uma coroa nova", disse a aposentada Mara Mambrum, 66. A vizinha de Mara, a cuidadora Carla Oliveira, 58, também costuma ir um dia antes limpar o lápide da mãe. "Ela fumava e meu filho veio aqui deixar cigarros. Acho que é para fazer um agrado", disse ela, um pouco descrente da proposta. Ambas seguem o costume católico de rezar pelos mortos.

Segundo o administrador do local, Tailor Nunes Borges, a varredura é rotineira, mas foi intensificada nestes dias de bastante visitação. Ele lembra ainda que há uma área grande para estacionamento, o que não deverá atrapalhar o trânsito na avenida Engenheiro Ildefonso Simões Lopes e Leopoldo Brod. "Um túmulo bastante visitado é do Paulo do Sítio (vereador Paulo Rogério dos Santos, que morreu vítima da Covid-19)", lembrou o administrador.

No Fragata
No Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, da Santa Casa de Misericórdia, parecia até o dia de Finados pelo movimento na manhã de terça, principalmente nas primeiras galerias. Logo na entrada, vendedores de planos funerários faziam suas propagandas. Quem tinha dúvidas sobre a localização de jazigos, buscava apoio na administração do local. Alguns ficam na parte mais antiga do cemitério, onde verdadeiras obras de artes representam a aristocracia da cidade. "Os de João Simões Lopes Neto e de Antônio Caringi chamam a atenção dos visitantes. Mas não tem procura igual como a da Cigana Terena", disse a administradora Joice Farias. Tanto que funcionários do local estavam limpando o espaço para receber os fiéis que costumam presentear, orar e enfeitar o jazigo. "Meu irmão tinha muita curiosidade em conhecer o túmulo da Cigana pela fama. Então como viemos hoje (terça) para visitar nossos familiares que já se foram, estamos aqui oferecendo essas rosas", disse a aposentada Neida Coelho, 66. "Disseram que ela era muito bonita", acrescentou Arley Coelho, 82.

Expectativa
O comércio de flores nesta época do ano é sempre bem-vinda para as floriculturas. A Prefeitura recebeu a inscrição de mais seis bancas para o Cemitério São Lucas e Boa Vista, e cinco no Fragata, onde há 15 estabelecimentos fixos. Pelo movimento de ontem, a florista Suélen Vieira Oliveira, 35, imagina que o Dia de Finados será muito bom este ano, diferentemente dos dois anteriores que foram prejudicados pela pandemia. Já no Fragata, a época para Taís Garcia Surdo da Silva, 30, será boa para todos os comerciantes. "Há oito anos vendo flores nos Finados e, pelo movimento, vou garantir uma renda extra", comemora antecipadamente. A média de preços das flores, tanto naturais quanto artificiais, está em R$ 5.