Celebração
Festa do Amigo reúne usuários dos serviços de saúde mental de Pelotas
Celebração marca o retorno das festas organizadas pelos Caps da cidade; iniciativa está alinhada ao trabalho de reabilitação psicossocial
Foto: Carlos Queiroz - DP - Usuários aproveitaram a tarde para comemorar
Em clima de alegria e reencontro, cerca de 200 usuários e funcionários da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) de Pelotas festejaram nesta quinta-feira (20) o Dia do Amigo. A Festa do Amigo, organizada pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Escola, marcou o retorno das comemorações realizadas pelos Caps da cidade para reunir seus usuários, que haviam parado de ocorrer desde o início da pandemia. Neste ano, o tema da festa foi 'Balada da Louca', inspirado na história e legado da cantora Rita Lee.
A coordenadora do Caps Escola, Márcia Almeida, comemora o retorno das comemorações que, até 2019, eram realizadas anualmente. Ao longo do ano, cada Centro organiza uma festa em alusão a uma data comemorativa diferente. "É uma alegria fazer a festa novamente, e com o salão cheio. Temos aqui usuários do Caps Escola, de outros Caps, do Serviço Residencial Terapêutico (SRT), pessoas que estavam há muito tempo em hospital psiquiátrico também estão aqui. Todo mundo festejando junto", comenta. O tema da festa foi escolhido junto aos usuários, em assembleia. O falecimento da rainha do rock brasileiro motivou a homenagem, já que diversos usuários e funcionários eram fãs da artista.
Ao longo da tarde também ocorreram apresentações de usuários da oficina de música, sorteio de brindes e muita dança. "É festa de verdade, não é festa tutelada. É como um aniversário ou casamento que a pessoa vai para dançar, aproveitar e conhecer pessoas", comenta a funcionária do Caps, Maria Cristina Barbieri. Atuando no Município há mais de 30 anos, ela avalia que a festa também está alinhada à linha de trabalho dos Centros. "Trabalhamos numa perspectiva de reabilitação psicossocial. É no sentido de recuperar o bem viver. [Na festa] a gente resgata a ideia de comemorar a vida. Todas as datas temáticas procuram resgatar esse pertencimento, também como forma de sair só do foco da doença. Nosso trabalho é focado no coletivo. Celebrar a vida é isso, e não se celebra na solidão", finaliza.
Gratidão e luta
Usuária do Caps há 29 anos, Clarisse da Silva, contou que nunca perde as festas organizadas pelos Centros. "Desde 2019, quanto tempo faz que não tinha né. Eu vou em todas as festas. Tô há 29 anos no Caps. Não vou mais todo dia, mas faço trabalho voluntário, ajudo as pessoas que chegam, que é uma forma de me sentir bem também", comenta. Na oportunidade, Clarisse, que já esteve em situação de rua, também demonstrou carinho e gratidão pelo apoio recebido ao longo dos anos. "O Caps é muito bom. Foi a melhor coisa que já fizeram. Se eu saí da rua, foi por causa da ajuda deles. Aconselho todo mundo a ir pro Caps e dar valor", finaliza.
O ex-usuário da Raps e presidente da Associação de Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Pelotas, Claudionei Ferreira, também aponta que, além de ser um momento de celebrar as amizades, a festa também fortalece a luta antimanicomial e a importância do cuidado em liberdade oferecido pelos Caps. "Esse momento é para a gente curtir a festa, porque estamos vivendo um desmonte muito grande na saúde mental a nível nacional. Hoje o cuidado em liberdade é o melhor tratamento, é o tratamento que a gente quer. É momento de fortalecer a Raps da cidade", comenta.
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