Oportunidade
Fundadores da Rocket Team tentam manter projeto vivo para futuros interessados
Iniciativa busca formar equipe multidisciplinar de estudantes para elaboração de projetos e confecção de foguetes; outro objetivo é dar continuidade na atividade como extensão para escolas
Foto: Jô Folha - DP - Projeto começou há três anos e agora busca interessados
Um projeto de ensino focado em construir e lançar foguetes, chegando a alçar grandes competições no País e no exterior, corre o risco de ser descontinuado. Composta por atividades multidisciplinares, após três anos de desenvolvimento, a Rocket Team da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) foi encerrada devido a pandemia e a formação de seus membros. Agora, às vésperas de concluir a graduação, os dois pioneiros da equipe estão correndo contra o tempo para formar uma nova liderança e passar a iniciativa à frente.
O interesse de dois alunos pelo setor aeroespacial somado com a constatação do déficit de projetos na área em Pelotas fez nascer, em 2017, a Rocket Team. Com o propósito de confeccionar mini foguetes e de pôr em prática conhecimentos de diversas áreas de cursos da UFPel, a primeira seleção foi aberta, recebendo mais de uma centena de inscrições.
"Começamos sem conhecimento específico nenhum, com um projeto pequeno de foguetes para 300 metros e alcançamos o apogeu de três mil metros", conta o ex-líder e estudante de engenharia da computação, Nelson Dutra.
Apenas nove meses após a formação da equipe, a iniciativa já havia sido selecionada para a maior competição universitária de foguetes experimentais do mundo, a Spaceport America Cup, nos Estados Unidos. No evento internacional, um diferencial da Rocket Team se destacou entre os participantes, a confecção própria e de baixo custo de todas as partes dos foguetes a partir de diversos materiais como aço, alumínio e PVC. "A gente não compra peças prontas", destaca. Composta por cerca de 30 membros, a equipe era dividida em seis setores, liderados cada uma por um estudante experiente na área.
Em busca de perpetuação
A um semestre da conclusão da graduação dos estudantes, eles estão gerenciando uma nova seleção para ao menos deixar o grupo de líderes da Rocket Team formado para a continuação do projeto. "Estamos fazendo um processo seletivo bem amplo, mas buscando pessoas que já tenham um conhecimento prévio porque temos um tempo relativamente curto para salvar essa equipe", explica o aluno de Física e líder, Vitor Mateus Conzatti.
No total foram 60 inscritos de 21 cursos da UFPel, abrangendo diversas áreas, além das ciências da natureza, como humanas, linguagens e comunicação. No processo de triagem já foram executadas mais de 20 atividades, a próxima e última avaliação é uma entrevista que deverá ser realizada nos próximos dias. "A gente vai compor a equipe inicialmente com oito pessoas", diz. Após a definição dos líderes e o aprendizado deles sobre o funcionamento do projeto, a Rocket Team abrirá outra seleção, dessa vez para membros em geral.
Ensino e multidisciplinaridade
Conzatti destaca que o propósito da movimentação em torno da garantia de continuidade da Rocket Team se deve ao caráter multidisciplinar da proposta, em que os alunos podem trocar experiências e agregar novos conhecimentos. Ele destaca ainda que, além disso, a iniciativa promove a prática do empreendedorismo e da inovação. "E também por ser o único refúgio na universidade para quem gosta dessa área", acrescenta.
Exploração no país
O coordenador do projeto e professor do Centro de Engenharias da UFPel (Ceng), Alejandro Rodriguez, destaca que ações como a iniciativa estudantil são essenciais para o País. Ele explica a afirmação citando a falta de exploração brasileira da Base de Alcântara, o local é um dos mais bem localizados no mundo para o lançamento de veículos aeroespaciais devido a posição geográfica e condições climáticas, fatores que resultam na economia de combustível para o lançamento, mas que atualmente é utilizada por outros países como os Estados Unidos. "Então o Brasil tem que ser forte nessa área, no qual ele tem uma vantagem competitiva que ainda utiliza pouco".
Extensão para as escolas
Com o retorno da Rocket Team, outro propósito é prosseguir também as atividades de extensão desenvolvidas em escolas. "A gente participava de eventos onde trazia crianças para desenvolver minifoguetes, para o pessoal aprender de forma mais prática os conceitos", conta Dutra.
Já Cozatti destaca que o projeto vê a importância de fomentar a base de conhecimento e interesse nessas áreas e pela multidisciplinaridade prática, que assim como na educação superior, também é importante para os outros níveis de ensino. "Para mostrar esse mundo para as crianças e para elas criarem aptidão e querem ir atrás".
O professor de Física e coordenador adjunto, Rafael Cavagnoli, ressalta ainda que justamente nas disciplinas de ciências da natureza projetos práticos são essenciais para gerar interesse no aprendizado. "Aproximar as crianças das disciplinas de ciências da natureza, porque normalmente quando a pessoa chega no ensino médio desmotiva, fica muito abstrato e aqui eles podem ver que tem algo interessante que eles podem se envolver e dar continuidade na universidade".
Mais informações sobre o projeto e lançamento de seleção de membros podem ser encontradas nas redes sociais da equipe: UFPel Rocket Team.
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