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Gestão da Secretaria de Saúde não agrada base do governo

Secretária é alvo de críticas constantes no Legislativo; prefeita diz ter confiança no trabalho de Roberta

Carlos Queiroz -

Não é de hoje que o clima entre parte da base do governo no Legislativo pelotense e a responsável pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Roberta Paganini, não é dos melhores. Nas últimas semanas, o vereador Rafael Amaral (PP) - que diz não pertencer à base - vem criticando a gestão da SMS, principalmente em relação à lotação do Pronto-Socorro. Na sessão ordinária desta terça-feira (9), o progressista teve o discurso endossado por outros parlamentares do mesmo campo político.

O vereador alega que acompanha diversas pessoas com familiares internados, todas sem perspectiva de conseguir um leito em hospital. "Tem pacientes há dez dias no PS. A saúde em Pelotas é plena, ou seja, quem faz a gestão e a compra de leitos é a SMS", argumenta. Amaral ainda defende a necessidade de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) regionalizadas com atendimento até a meia-noite e o aumento do número de leitos. Sobre a visível crise entre a base e a SMS, o parlamentar garante não integrar esse grupo. "Meu partido não faz parte da base do governo. E uma coisa é defender o governo, outra é fazer uma rede de proteção. Existe uma rede de proteção absurda", argumenta.

O vereador sugere que o problema seja discutido de forma conjunta. "Não adianta reunião na Câmara para mostrar dados. Os funcionários do PS estão exaustos, não têm condições de trabalhar com essa lotação. Têm provedores de hospitais que não querem mais conversar com a secretária, então esse é o momento de a prefeita chamar a responsabilidade pra ela", completa.

O vereador José Sizenando (UB) endossou o discurso de Amaral. "Eu sei de casos de 15, 18, 20 dias esperando no PS. E da nossa secretária eu não duvido mais nada. Ela é grossa, mal-educada e desumana. Eu já fui falar com ela e ela perguntou se eu tinha horário marcado, senão não me atenderia. Levei uma senhora com caso de câncer gravíssimo que estava sem previsão de uma consulta e a secretária disse que era normal".

Também do UB, Cristiano Silva, questionou a demanda atrasada de neuropediatra. "Várias crianças precisando deste especialista. Eu tenho sido cobrado e estou entrando com pedido de informações para saber o que está acontecendo. Conversei com a secretária e ela disse que faz uns dias que uma foi contratada. Precisamos com urgência".

Representando a base
O líder do governo, Anderson Garcia (Podemos) afirma que o aumento de leitos é complexo e atribui a lotação em função do inverno. "Por causa do nosso clima, o PS costuma ter uma demanda maior", diz. Mesmo assim, Garcia faz questão de esclarecer que defende a saúde do município de forma geral. "Eu defendo o governo quando o assunto for saúde de maneira geral, eu não defendo a secretária em si", complementa.

Ele atribui as críticas a um difícil relacionamento entre a Câmara e a secretária. "Ela poderia ter mais aproximação com o Poder Legislativo, falta a ela essa veia política. Para ser secretário de um município do tamanho de Pelotas não pode ser só técnico, tem que ser técnico e político. E ela me parece que é só técnica", aponta.

Defendida pelo Executivo
A reportagem procurou a prefeita, Paula Mascarenhas (PSDB) e a secretária Roberta Paganini para repercutir as críticas. A assessoria de Comunicação informou que a resposta da secretária estaria contemplada na enviada pela chefe do Executivo, através de nota. Confira na íntegra:

"Encaramos as críticas com naturalidade, fazem parte da vida democrática. A área da saúde costuma ser a mais sensível, por lidar com a vida das pessoas. Estamos no auge do inverno, quando a demanda pelo PS costuma aumentar muito. Especialmente no contexto do pós-pandemia, em que a demanda reprimida começa a extravasar. No entanto, a média de espera média no PS atualmente está menor do que em anos anteriores. Nossos índices de hospitalização por doenças que podem ser tratadas pela atenção primária estão abaixo da média nacional e estadual, mostrando que nossas UBSs estão cumprindo seu papel, o que, aliás, foi reconhecido pela OPAS recentemente. Além disso, o índice de mortalidade infantil, um dos principais critérios de avaliação dos sistemas de saúde, está chegando a um dos menores índices da história, reduzimos drasticamente as filas para exames como tomografia e ressonância magnética. Como prefeita de uma cidade que é referência em saúde para uma população de quase um milhão de habitantes, reconheço que precisamos avançar, especialmente no aumento do número de médicos na atenção primária e na ampliação do programa Saúde Ativa, mas é inegável que estamos enfrentando os desafios da Saúde com planejamento, trabalho coletivo e resultados. Tenho plena confiança na atuação da secretária Roberta e de sua equipe. Todas as críticas que vierem no sentido de colaborar para encontrarmos novas soluções, serão sempre bem-vindas".

 

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