Arte + inclusão

Graffiti Down, a inclusão por meio do graffiti

Através das aulas, alunos aprendem sobre o movimento e a técnica do graffiti

Carlos Queiroz -

Graffiti Down - Carlos Queiroz1Projeto reúne jovens e adultos semanalmente na Reitoria do IFSul (Foto: Carlos Queiroz - DP)

Inserir o graffiti e a cultura hip-hop na vida de jovens e adultos com Síndrome de Down, essa é a ideia do projeto Graffiti Down. Criada em março deste ano, a iniciativa que acontece na sede da reitoria do IFSul utiliza da arte como meio de promoção da inclusão.

Ambas as expressões sempre fizeram parte da vida de Gabriel Veiz. Aos 36 anos, mais de 20 anos são dedicados à arte. E foi através dela que o criador do projeto encontrou uma forma para, além de se aproximar do irmão que possui Síndrome de Down, promover a inclusão. "Eu queria estar mais perto do meu irmão e dos amigos dele e conviver mais com eles. Então eu uni o útil ao agradável e entrei em contato com o pessoal da Apadpel [Associação de Pais de Downs de Pelotas], para formarmos uma turma", conta.

Assim, desde março o projeto Graffiti Down reúne jovens e adultos às segundas-feiras. "São aulas de pinturas voltadas à estética do graffiti e hip-hop. eEnsinamos um pouco da técnica e tudo que eles veem em aula, eles colocam em prática." E, para inseri-los no meio artístico, nesse meio tempo a turma realizou visitas a galerias de arte e já grafitou um painel.

Além disso, os alunos recebem visitas e aulas de artistas do movimento na região. O último a visitar o espaço foi o artista visual Vinícius Bero. "Passei uma instrução para eles sobre a técnica do spray. Dei um auxílio, mas deixei eles livres também", explica. O artista ainda conta que a experiência trouxe grandes aprendizados. "Quem ganha mais sou eu, aprendi bem mais, saí de alma lavada e com o coração cheio, são pessoas carinhosas e espontâneas. Já estava ansioso para desenvolver com ele", diz Bero.

E mesmo o projeto estando em prática há pouco tempo, Veiz já tem ideias futuras com a turma. Como buscar inseri-los em cursos técnicos disponibilizados pelo IFSul, entre outros planos, com o intuito de torná-los mais independentes. "A intenção é injetar eles nestes meios, em galerias de arte, exposições, eventos que eles possam participar disso tudo como artistas. Para eles serem os protagonistas da história",vislumbra.

O olhar dos alunos

Uma das alunas é Thamires Silva, 33, que está desde o início das aulas. Diagnosticada com a síndrome, ela mora em São Lourenço do Sul e todas as segundas-feiras sai do trabalho direto para Pelotas para as aulas. Aliado a isso, ela conta que nas aulas teve seu primeiro contato com o graffiti. "Foi a primeira vez que aprendi sobre os desenhos e eu adoro vir aqui." Thamires participa das aulas junto com o namorado Eduardo Moraes, 24, que também tem Síndrome de Down e é irmão do criador do projeto. Dudu, como é chamado, está no quinto semestre do curso de Artes Visuais da UFPel.

"Estou gostando do Graffiti Down. Desde criança eu desenho, no início rabiscava as paredes e hoje faço outros desenhos", diz o jovem. Além disso, Dudu gosta de ressaltar que foi um dos criadores da XavaDown, primeira torcida organizada de pessoas com Síndrome de Down do Brasil. "Eu e meu irmão, Gabriel, lutamos pela inclusão social. As pessoas devem investir na nossa cidade para termos espaço."

Efeitos positivos

As aulas, além de promoverem a inclusão, também geram impactos positivos na vida dos alunos e de suas famílias. "A mãe de um dos nossos alunos me mandou uma mensagem agradecendo. No início a rotina dele era só a terapia ou algum médico. Agora ele criou uma rotina que possa ser feliz, onde ele aproveita com os amigos, mas também aprende uma técnica", relata Veiz.

Quem também já nota bons sinais é Jaciara Nunes, 52, mãe de Matheus. Ela relata que sempre buscou inserir o filho de 33 anos em atividades, mas nem sempre teve êxito. "Aqui é a primeira vez que eu vejo ele realmente gostar, ele ama. É uma proposta diferente, onde o Matheus se encaixou. Ele vai pra casa e mostra os trabalhos dele e tem orgulho." Além de fazer bem para o filho, Jaciara acredita que o projeto também tem afetado de forma positiva a sua vida. E se emociona ao falar. "Tive uma luta muito grande com o Matheus desde pequeno, então não tens noção de como que isso me fez bem."

Como participar

Interessados em fazer parte das aulas podem entrar em contato com o projeto através do Instagram @graffitidown. As aulas acontecem às segundas, a partir das 14h, no prédio da reitoria do IFSul (rua Gonçalves Chaves, 3.218).

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