Paralisações
Greve de professores e técnico-administrativos do IFSul continua
Decisão foi tomada por ampla maioria na tarde desta quinta em assembleia convocada pelo Sinasefe
Paulo Rossi -
Os professores e técnico-administrativos do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) permanecerão em greve. A partir de segunda-feira (31), entretanto, o movimento será por tempo indeterminado. A decisão foi tomada por ampla maioria, na tarde desta quinta, em assembleia convocada pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe). A definição também irá impactar diretamente sobre o Campus CAVG, que tinha o início do ano letivo de 2016 agendado exatamente para a mesma data: 31 de outubro.
A recepção aos 80 internos de fora de Pelotas, prevista para domingo, quando começariam a chegar, está suspensa. Haverá contato telefônico com os jovens, um a um. Uma reunião na segunda-feira, pela manhã, irá colocar o calendário no centro da pauta, mas a perspectiva é de cancelamento da volta às aulas - admite o diretor de Ensino, Amauri Costa. Com a decisão tomada pelos profissionais do IFSul, associada às deliberações de docentes e técnicos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) - alguns vinculados ao Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça (CAVG) -, também em greve, a retomada das atividades deverá ser inviabilizada. A palavra final, entretanto, só será dada na segunda, após encontro da direção.
Nesta quinta, às 16h02min, quando a paralisação por tempo indeterminado ficou confirmada, de novo, a sede da Associação dos Servidores da UFPel ganhou forte coro de A nossa luta unificou. É estudante junto com o trabalhador, já que parte dos alunos que mantêm a ocupação do prédio do IFSul - desde o domingo, 16 de outubro - acompanhou a assembleia. E, mais uma vez, não faltaram críticas a medidas do governo de Michel Temer (PMDB); em especial à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos.
Visitas às escolas começam na próxima semana
Na próxima semana, as 17 escolas da rede pública atendidas pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), desenvolvido pela UFPel, passarão a receber atividades de reflexão sobre os três pontos que integram a pauta de greve dos professores: a Reforma do Ensino Médio, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 - que agora será apreciada pelo Senado - e o Programa Escola Sem Partido.
E o objetivo está bem definido: expandir o debate e estreitar ainda mais os laços com a população. "Queremos que as pessoas entendam que não estamos nem do lado da direita nem do lado da esquerda. Somos a favor da educação, da sociedade e lutamos para que a vida universitária de ensino gratuito continue", sustenta a diretora do Centro de Artes, Úrsula Rosa da Silva.
E para marcar posição, acadêmicos de Dança, Música e Teatro têm se reunido para interpretar performances que soam como grito de resistência, principalmente, em nome da Arte, que corre o risco de ser retirada dos currículos do Ensino Médio como disciplina obrigatória, com a Medida Provisória (MP) 746.
Colorido, sim
As tintas, de várias cores, viram marca em diferentes tecidos e modelos. Camisetas, regatas, moletons, lenços, bandeiras, envelopes... A matéria-prima até muda, mas o recado a ser ecoado é exatamente o mesmo: (Re)Existência UFPel. Na quarta-feira, o Diário Popular acompanhou uma das oficinas que têm colocado, lado a lado, estudantes não só da área das Artes. A vontade de aprender a técnica e de sujar as mãos de tinta para levar a mensagem adiante motiva os acadêmicos. E também a professora de Serigrafia e Ateliê de Gravura, Kelly Wendt: "É um momento de descentralizarmos as atividades da figura do professor e incentivarmos a autonomia", afirma. E enfatiza um dos aspectos defendidos pelo Comando de Greve: "Podemos não dar aulas, mas não deixaremos de educar para a cidadania; algo tão importante e potente".
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