Crise

Instituto São Benedito sofre com falta de verba

Educandário centenário perdeu os principais auxílios financeiros e luta para não diminuir as vagas oferecidas

Jô Folha -

Depois de 116 anos oferecendo aulas, ensinando valores e dando orientação religiosa a meninas carentes de Pelotas, o Instituto São Benedito passa por sérios problemas financeiros. Fechar as portas não é uma opção, visto sua importância, mas o número de alunas pode ser reduzido já no próximo ano letivo. O baixo número de sócios e o fim da contribuição fixa que recebia de duas fontes diferentes contribuem para a situação alarmante do local.

A principal dificuldade é pagar o salário das funcionárias e fazer a manutenção do prédio, que acolhe diariamente 124 meninas em turno integral. As professoras são cedidas da rede municipal de ensino e são poucas. Para atender melhor às alunas, seriam necessários mais docentes, avalia a irmã Julieta Bertuol, diretora. Mas o dinheiro que entra mal cobre as despesas já existentes.

O instituto foi fundado por Luciana de Araújo, uma porto-alegrense filha de escravos. Mudou-se para Pelotas em 1901 e se sensibilizou com a situação das meninas negras órfãs residentes aqui. Por causa da sua cor, elas não eram aceitas nas escolas da cidade, ficando sem acesso à educação. Luciana prometeu ao santo que, se a curasse de uma tuberculose contraída na cidade, ela abrigaria essas crianças. Graça concedida, iniciou os trabalhos junto de amigas, acolhendo inicialmente 11 garotas. A comunidade legitimou a importância da ação e ajudou a ampliar e consolidar o local.

A relevância do trabalho iniciado por Luciana é reconhecida até hoje pelas alunas, professoras e a diretora. Roberta Sinot, docente, frisa que a escola é muito mais acolhedora em relação às outras. O incentivo às habilidades artísticas e ao aprendizado de valores humanos é um diferencial do educandário, afirma. "Isso aqui é um patrimônio da cidade", avalia.

A escola oferece aulas do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e atividades extracurriculares no turno inverso, além de três refeições diárias. Davini, 10, estuda lá há quatro anos. Ela conta que gosta muito de passar o dia todo na escola e adora todas as atividades - inclusive a hora de ajudar. "Eu ajudo a secar os pratos e limpar as mesas", fala. Em casa, a ação se repete. As aulas também chamam a atenção da menina e sua disciplina favorita é Matemática.

Uma conta que não fecha
O Instituto São Benedito recebia auxílio financeiro de uma família alemã, que envia recursos para entidades filantrópicas no mundo inteiro. Há alguns meses, porém, a família parou de contribuir com o dinheiro à instituição pelotense e passou a ajudar outros locais ainda mais necessitados. Um buraco se formou nas contas do São Benedito, explica a irmã Julieta. Outra fonte de renda, o aluguel do salão para aulas do Pronatec oferecidas pelo Senac, também foi extinta. As aulas acabaram por falta de repasse do governo federal aos cursos do programa.

Hoje, o instituto se mantém através de doações e outras ações beneficentes, como almoços, brechós e saraus. Há também alguns sócios contribuindo mensalmente. Para ajudar, o interessado pode entrar em contato pelo telefone (53) 3222-3831 ou se dirigir até o local, na rua Félix da Cunha, 909. Há a opção de se associar e contribuir de modo fixo ou fazer uma doação única de qualquer valor.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Tempo de pensar na terceira idade Anterior

Tempo de pensar na terceira idade

Frota do Samu em Pelotas opera com soluções caseiras Próximo

Frota do Samu em Pelotas opera com soluções caseiras

Deixe seu comentário