Movimento social

Kilombo Urbano completa seis anos de ocupação

Data foi marcada por muita música e ações culturais e solidárias

Carlos Queiroz - DP - Na Biblioteca 0800 são oferecidos livros na calçada para quem se interessar

A última sexta-feira, dia 17 de março, foi marcada pela comemoração do sexto ano de ocupação da casa onde é hoje, o Kilombo Urbano, na esquina das ruas Benjamin Constant e Álvaro Chaves, na região do Porto de Pelotas. O local, hoje transformado pelas mãos dos moradores e colaboradores, é um ponto de referência, principalmente às comunidades negras dos diversos bairros de Pelotas, que vão buscar desde o alimento, educação, cultura e outros serviços, que necessitarem.

A comemoração se estendeu até este domingo, com muita música e atrações, o que não mudou a rotina da casa, que no final de semana, serve almoço a mais de 200 pessoas da comunidade. A responsável pelo preparo das refeições é dona Claudete Lessa, de 72 anos, mãe de um dos mais antigos moradores do local, Giovane Lessa. Todo domingo, ela se desloca do Passo do Salso, no bairro Fragata, até a casa, que possui uma cozinha industrial, para preparar as refeições. "Hoje eu fiz lentilha, arroz e salada verde", ressalta. Segundo ela, o cardápio é variado e vai do arroz e feijão ao mocotó, risoto entre outros. Tudo preparado com muito capricho e amor.

"Seis anos que transformamos um território de guerra em território de paz", resume Giovane, relembrando que o prédio, na época abandonado era cenário para todo tipo de crime. Então chegaram os estudantes, junto com algumas lideranças comunitárias e sem teto, que além de fixarem moradia, mudaram este cenário com ações educativas, culturais e solidárias. "Hoje cumprimos um papel social que seria do Estado e não ocorre", diz.

A receptividade, tanto dos vizinhos ao prédio como da comunidade em geral foi a melhor possível, conta outro morador Gilmar Pinheiro. Segundo ele, hoje 11 pessoas habitam a casa e trabalham juntos para transformá-la na melhor moradia possível e com uma função social.

Recebemos todo tipo de doação, diz outra ocupante, Raquel Moreira. "Recentemente, recebemos um balde de pregos tortos e desentortamos e achamos uma utilidade para eles", ressalta, lembrando que toda doação é bem vinda e irá servir para alguém. Ela conta sobre as atividades oferecidas pela casa, que está de portas abertas diariamente, das 7h à meia-noite, para quem precisar.

A partir de livros doados foi organizada uma biblioteca e colocado em prática o projeto "biblioteca #0800", em que livros são colocados em uma estante na calçada e podem ser levados por quem se interessar. Há também uma sala de música e um palco, para ensaios e shows. Durante a semana, é prestada também assessoria jurídica e aulas de apoio a estudantes do primeiro ao quinto ano, três vezes por semana, entre outros. "O kilombo é mais que uma ocupação, é um movimento social vivo de fato", finaliza.

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