Saúde
Lanche bom é lanche saudável
Projeto de alimentação criado há dois anos vem transformando a rotina de alunos da Escola Municipal Nossa Senhora do Carmo
Jô Folha -
No cardápio do dia: Fanta caseira. A bebida feita com limão, laranja e cenoura é distribuída aos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora do Carmo, na Vila Castilho. O preparo de lanches com produtos naturais faz parte da rotina dos alunos há dois anos, quando o projeto Merenda Saudável foi criado. Uma vez a cada duas semanas, sempre às quartas-feiras, funcionários da escola propõem um lanche aos estudantes que foge do padrão de comidas industrializadas.
O cardápio já está planejado para todo o resto do ano. Salada de frutas, sanduíche natural, bolos e biscoitos integrais e sorvete de frutas são algumas das receitas que as crianças vão experimentar até o final de 2017. A iniciativa de difundir a alimentação saudável no educandário partiu da professora de Educação Física, Carla Kuhn Marques, 47.
Desde então, a proposta transformou a relação dos alunos com a comida, que botam a mão na massa, cortando frutas, legumes e outros ingredientes. Após dois anos, a atividade já virou rotina e tem sido incorporada cada vez mais. Com a aceitação das crianças e de seus responsáveis, que colaboram trazendo frutas, a escola pensa em ampliar o hábito para outros dias da semana. "Alguns pais até já nos pediram que fosse ao contrário: um dia só para comidas que não são saudáveis", conta o monitor Maicom Bauer, 33. A Escola Nossa Senhora do Carmo tem um total de cem alunos, entre a pré-escola e o quinto ano.
Realidade diferente
Em grande parcela de educandários, pirulitos, balas, refrigerantes e frituras são a norma de consumo entre estudantes, apesar de sua comercialização ser proibida. A Lei 5.778/2011, do então vereador Eduardo Leite, prevê a promoção da alimentação saudável nas escolas das redes pública e privada de Pelotas e proíbe a comercialização de alimentos "nocivos". Além disso, os órgãos de vigilância sanitária e de educação deveriam ser responsáveis por fiscalizar as escolas. No entanto, o secretário da Secretaria de Educação e Desporto (Smed), Artur Corrêa, admite que a lei não é praticada. "Temos que atender a legislação e dar o direito de acesso à alimentação saudável. Essa é uma luta diária", comenta, a respeito das cantinas que vendem produtos proibidos pela lei. E admite: a fiscalização é inexistente. "Hoje não temos controle desses comércios", diz.
A professora responsável pelo projeto afirma que a grande barreira é enfrentar a praticidade dos produtos industrializados, que vem em saquinhos, prontos pra comer, mas normalmente não fazem bem para a saúde. "Por isso, tentamos deixar o alimento saudável o mais atrativo possível", conta Carla. Integrar o aluno na produção do lanche é uma das formas de fazer isso. "Elas gostam principalmente de participar - e comem muito bem", relata.
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