Oportunidade
Lutando por uma vaga na universidade
Iniciativa fornece aulas preparatórias para o Enem de forma gratuita para jovens de Pelotas e de outros estados
Divulgação -
Com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para acontecer daqui a três meses, para muitos alunos a preparação já começou. E há duas semanas uma nova turma de 30 jovens começou a ter aulas através do projeto #EuQueLute. A iniciativa, que tem parceria com a Faculdade Senac de Pelotas e com a prefeitura, é um curso pré-vestibular voltado a jovens em situação de vulnerabilidade. Ação que tem atendido não apenas jovens pelotenses, mas também de outros estados brasileiros.
Para se sair bem no Enem, grande parte dos alunos recorre aos conhecidos cursinhos pré-vestibulares. Mas nem sempre essa é a opção mais acessível, o que acaba por excluir estudantes de baixa renda. Atenta ao problema e buscando driblar essa realidade, em 2020 a professora Isis Toralles criou o projeto, inicialmente pensado por conta de dois alunos que não tinham condições de se prepararem para a prova.
"Surgiu numa conversa informal, na praça Coronel Pedro Osório, entre um amigo e eu. A ideia era a gente ajudar dois alunos, eu dando aula de Química e ele dando aula de Português. Em 2020 tivemos o primeiro ano do #EuQueLute para o pessoal de Pelotas. Quando espalhamos na internet a nossa ideia, as coisas foram tomando uma proporção maior e em 2021 o projeto abriu espaço para estudantes de outros estados", conta a idealizadora.
Presencial e online
Partindo da ideia inicial, neste mês o curso iniciou duas turmas, uma no formato presencial, com 28 alunos, e outra no formato online, com 53. O grupo com atividades presenciais é o primeiro neste formato desde o início do projeto, em 2020, por conta da pandemia. Sempre ofertando aulas gratuitas.
Para conseguir o espaço físico, a iniciativa contou com o apoio da prefeitura de Pelotas e da Faculdade Senac, através dos projetos Start e Pacto pela Paz. Um dos objetivos é fortalecer o comportamento empreendedor como forma de habilidade de transformação social. Assim, as aulas acontecem em sala no prédio da Faculdade Senac, sempre de quartas a sextas-feiras no período da tarde.
O cronograma prevê aulas interdisciplinares que vão até 11 de novembro, dois dias antes do primeiro dia de Enem. Ao todo são cinco áreas abordadas durante as 15 semanas, sempre ministradas por professores voluntários. Além disso, os alunos participam de rodas de conversas com convidados e têm acesso à biblioteca e sala de informática do Senac.
Segundo a professora, o cronograma foi pensado para valorizar e capacitar para a criticidade, reparar o processo de ensino-aprendizagem realizado pela Educação Básica pública e, consequentemente, prepará-los para o Enem. "Nossa principal missão é ressignificar o papel da educação na vida de cada estudante. Que eles percebam que a comunidade #EuQueLute é meio, não fim. Que a gente, da comunidade, seja aquele degrau que está faltando para eles seguirem acreditando num futuro melhor", resume Isis.
Pontapé para novos sonhos
Sendo uma das alunas da turma presencial, Caroline Rodrigues, 28, estava há algum tempo sem trabalhar e estudar. Após ver nas redes sociais anúncio sobre a comunidade #EuQueLute, diz ter visto uma forma de retornar aos estudos. "Percebi que não tinha feito nada até então, estava estacionada na vida. E uma das minhas ideias era voltar a estudar para entrar em uma faculdade e pensei que isso poderia ser um pontapé inicial", conta.
Mesmo com o pouco tempo assistindo as aulas, Caroline diz já ver pontos positivos em relação à forma de ensino. A estudante diz estar estimulada e cada vez mais animada a buscar uma graduação. Um de seus interesse é a Psicologia.
Também em preparação para o Enem através do projeto, Bruno Simões, 22, conta que concluiu o Ensino Médio na pandemia e, na última tentativa para o exame, não teve bons resultados. Com isso, resolveu participar do preparatório. Ele elogia o método de ensino, menos cansativo e facilitador da compreensão dos temas.
Em novembro, o jovem irá fazer o Enem de olho em vaga no curso de Enfermagem e acredita que o sonho pode se tornar possível. "A gente tá tendo um local excelente para estudar. Dei ideia de fazermos grupos de estudos, usar a biblioteca e a sala de informática. Eu creio que com o método de estudos deles e com o nosso esforço nós vamos conseguir entrar em alguma faculdade boa. A gente lutando juntos vai muito além do que lutar sozinho, porque aqui estamos criando uma família", diz Bruno.
Saiba mais
Informações adicionais sobre o #EuQueLute podem ser acessadas pelo Instagram do projeto.
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