Preocupação

Moradores do Pontal da Barra estão isolados há 52 dias

Após a cheia, o estado da única estrada de acesso ao local impede que inclusive pedestres consigam circular; situação impede que crianças frequentem a escola

Foto: Carlos Queiroz - DP - Estrada está intransitável desde as fortes chuvas do mês de setembro

Isolados há 52 dias e contando. Essa é a situação de cerca de 60 famílias que residem no Pontal da Barra. Desde as fortes chuvas de setembro, a única estrada de acesso ao local foi totalmente tomada por bancos de areia e pelas vegetações, impedindo totalmente o tráfego dos moradores. Inclusive, percorrer a pé o trecho de quase dois quilômetros é um desafio em razão dos obstáculos. Por isso, além dos prejuízos financeiros causados à comunidade predominantemente pesqueira, mais de 50 crianças estão sem frequentar as escolas.

Os postes dentro da lagoa dão uma pista sobre onde iniciava a estrada que hoje é apenas uma grande extensão da areia da praia. O caminho até a Barra também é dificultado pelo acúmulo de restos de árvores, juncos e muita sujeira. Mesmo assim, Elise Bueno, 58 anos, percorre a pé todos os dias o trecho para ir e voltar do trabalho. Empurrando a bicicleta, ela leva 40 minutos no retorno, tempo que pode ser elevado pela resistência do vento. "Eu saio 7 horas para chegar a tempo. Tem que trabalhar, não tem o que fazer".

Conhecido por ser um local com restaurantes, bancas de pastéis e de venda de pescados, os moradores estão com a renda comprometida, já que os clientes não têm como entrar e os vendedores como sair. "Todo mundo aqui tira em torno de R$ 2 mil pescando, aí tu imagina 52 dias sem poder trabalhar", diz a comerciante Marilanda Fagundes. Entretanto, diariamente, os fregueses, desavisados, continuam tentando acessar o local. Outro morador, Gabriel da Silveira, complementa ao dizer que todas as pescas foram interrompidas em razão da impossibilidade de escoar o produto. Além disso, o pescador destaca que os problemas maiores são as crianças sem poder ir à escola e os idosos sem acesso à saúde.

A indignação da comunidade motivou a realização de um protesto no domingo. Com cartazes o grupo se mobilizou em frente ao trapiche reivindicando providências do poder público. Conforme Marilanda, na manhã de hoje, uma equipe da Prefeitura esteve no local e teria afirmado que ainda não haveria previsão de manutenção da estrada. "Disseram que por enquanto não tem o que fazer e não tem nenhuma previsão". A moradora destaca ainda que a sensação é de completo esquecimento pela Prefeitura e que se não há como recuperar totalmente o local, que pelo menos uma passagem seja realizada para a passagem dos pedestres. "Arrumem uma parte que não está próxima da água para as crianças irem para o colégio e se um idoso desses adoecer poder sair para um serviço de saúde", clama.

A pescadora diz ainda que após o comunicado que os servidores teriam dado a eles, aumentou o medo da continuidade da situação por tempo indeterminado, como foi em uma cheia de anos atrás. "Em 2015, a gente passou pelo mesmo problema e ficamos 90 dias assim. Não sei porque toda a vez que tem enchente eles arrumam tanto pretexto para [não] nos ajudar".

Outro pescador questiona o porquê da estrada não ter nenhum sistema para represar a água e a areia, já que as ocorrências são periódicas. "Em tudo que lugar tem molhes ou dique, porque aqui não pode ter? Por que não pode colocar pedras?".

Recuperação

De acordo com o secretário de Serviços Urbanos e Infraestrutura, Fábio Suanes, com o aumento do nível da Lagoa dos Patos, a partir das chuvas excessivas de setembro, a linha d'água chegou até o banhado às margens da estrada do Pontal da Barra, o que dificulta ações de recuperação da estrada.

"Nesta segunda-feira uma equipe técnica integrada por engenheiros da Secretaria de Planejamento, técnicos da Ssui e da Secretaria de Qualidade Ambiental irão fazer uma avaliação detalhada da situação com o objetivo de encontrar alguma solução paliativa e emergencial para a estrada", diz.

A análise citada pelo gestor foi a mesma que os moradores alegam que teriam ouvido não haver previsão para a recuperação da via.


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