Atualizada às 21h43

Quase mil veículos acompanharam a 32ª Festa de São Cristóvão e dos Motoristas, na manhã deste domingo (22). O momento de devoção e fé começou às 8h30 com procissão motorizada a partir da avenida Fernando Osório, Zona Norte de Pelotas, que durou duas horas. A carreata foi encerrada na frente da paróquia de São Cristóvão com a tradicional bênção aos veículos. A atividade homenageou o santo padroeiro dos viajantes, lembrado no dia 25 de julho.

Seguindo o caminhão que levava a imagem de São Cristóvão, o cortejo de carros de passeio, caminhões e motos percorreu também as avenidas Bento Gonçalves, Duque de Caxias e Cidade de Lisboa. No retorno à igreja, a carreata passou pela BR-116. Os preparativos para a tradicional festa começaram há um mês passado e as celebrações ocorreram durante toda a semana que passou, com tríduos e um almoço para 850 pessoas, sábado, no Sest/Senat.

Pároco há três anos da Comunidade de São Cristóvão, Guilherme Panatieri comentou que este é um belo momento de manifestação da fé e também um período propício para se refletir sobre a dura realidade do trânsito. “Precisamos pensar na vida que precisa ser vivida.” O padre também comentou da importância do trabalho de quem atua na área dos transportes. “Essa festa mexe com toda a comunidade, é o momento máximo da paróquia”, disse um dos coordenadores da festividade, Luiz Rubino Gallas, 64. Depois da procissão motorizada e da bênção, os devotos participaram de almoço no salão paroquial. Às 19h foi celebrada missa festiva de encerramento das atividades.

Tradição mantida
Ao longo do trajeto, devotos do santo se posicionaram nas calçadas para ver a procissão passar. Na avenida Cidade de Lisboa Marieta Sogari Picoloto, 71, esperava pela passagem de São Cristóvão com um pequeno altar montado na porta de casa.

Juntamente com a filha, professora Carina Sogari Picoloto, 41, ela repetiu uma tradição da família: participar das celebrações em torno de São Cristóvão. Marieta, inclusive, juntamente com marido Benjamin Picoloto, já falecido, foi festeira daquela paróquia, na quinta edição do evento, em 1990. Benjamin era motorista e por isso a fé no padroeiro e em Nossa Senhora Aparecida.

Apesar de não estar mais tão ligada às atividades da igreja, Marieta participa da festa fornecendo as massas caseiras dos jantares e almoços realizados durante este período. “Sempre fui muito católica e com marido motorista, não tinha como não ser devota de São Cristóvão”, justificou.

Pedidos e agradecimentos
Condutor do caminhão guincho que levou a imagem do santo, o festeiro Flávio Reis Vinholes, que representou os trabalhadores dos transportes, estava muito feliz com a tarefa que lhe coube. “É o primeiro ano que transporto, é uma honra e uma grande alegria.”

Fiel a São Cristóvão, Flávio atribui a ele nunca ter passado nenhuma situação difícil na estrada. “Só tenho a agradecer.”

O empresário e motorista Vanderlei Póvoa, 45, também foi receber a bênção do pároco, após participar da carreata. Póvoa contou que há 15 anos não deixa de participar da festa.

Este ano ele trouxe dois dos três filhos, um de 24 anos, que participou pela segunda vez, e outro de 18, além do sobrinho. Todos trabalham na área dos transportes de cargas. Póvoa levou em sua camionete um disco de embreagem de caçamba para ser abençoado pelo padre Guilherme. “Para não estragar mais”, disse.

A intenção do motorista é vender o caminhão caçamba e comprar outro. As orações são para que os negócios deem certo. “Pensa em fé. Já fiz voto na frente desta igreja e consegui trocar meu caminhão e hoje eu tenho dois”, contou.

Seguindo a devoção do pai, o filho mais velho, Maurício Póvoa, também foi até a igreja pedir proteção para as atividades no trabalho. “Meu filho vem há dois anos aqui e já progrediu muito. Quando tu achas que não tem serviço, o milagre vai até a tua casa”, relatou.