Lombo da magrela
O Cone Sul em duas rodas
Amigas de Santa Catarina estão na estrada para conhecer vários países de bicicleta. De Pelotas devem rumar para o Uruguai
Jô Folha -
Entregar a casa, vender os móveis e comprar bicicletas para pedalar o Cone Sul. Duas amigas, Nicoli Mewes, 27, e Barbara Jansen, 26, mesmo sem costume de andar sobre duas rodas, saíram de Florianópolis (capital de Santa Catarina, a 709 quilômetros de Pelotas) e atualmente encontram-se por aqui para descansar e pensar o roteiro do próximo destino: Uruguai. Até agora foram 850 quilômetros - apenas 11 percorridos de carona por não disporem de um terreno plano para locomoção.
“Queríamos conhecer coisas e pessoas novas sem nada que nos prendesse para voltar. Uma forma de fazer isso foi abrindo mão de coisas materiais”, conta Barbara. No bagageiro da bicicleta carregam apenas itens necessários à sobrevivência, como roupas, barraca, sacos de dormir, uma minicozinha e ferramentas para a manutenção das bikes.
Ambas farmacêuticas e empregadas, as amigas se conheceram na universidade. Este ano largaram o trabalho para viver a aventura, que, por conta da falta de prática, foi cansativa nos primeiros dias. “Fazíamos apenas 20 quilômetros durante a manhã e parávamos o resto do dia para descansar”, lembra Nicoli. Hoje elas completam trajetos de até 90 quilômetros sem grandes esforços e dizem que a própria estrada serviu como teste de resistência.
A dupla saiu de Santa Catarina na primeira semana do ano. Em Pelotas estão há dez dias, hospedadas na casa da mãe de uma amiga. Andreia Iriart acolhe as meninas no espaço que divide com o filho e o marido. A anfitriã diz ter receio delas andarem na estrada sozinhas, mas que a organização que demonstram lhe deixa um pouco mais tranquila. Seu companheiro possui uma oficina de mecânica e auxilia as meninas na preparação das bicicletas para o retorno à estrada.
A ideia
Conhecer várias cidades com a mochila nas costas era a ideia inicial. Realizar o trajeto com a bike foi decisão de última hora, quando a segurança dos caminhos a serem percorridos e o receio de pegar caronas vieram à tona. “A cultura da carona é muito mais difundida nos países aqui da volta. No Brasil ainda é meio perigoso”, acredita Barbara. Também por conta dos cuidados na estrada, elas pretendem iniciar a viagem ao Uruguai em breve - aguardavam o fim do Carnaval. O retorno a Florianópolis está previsto para o fim do ano. Previsto. Enquanto surgirem indicações de novos locais a serem visitados, a jornada deve prosseguir.
Outra vontade que surgiu desde o início era não ter gastos com hospedagens convencionais. Para isso, lugares sugeridos por conhecidos - onde disporiam de local para dormir - são os preferidos. Ao chegarem a Pelotas, por exemplo, fizeram amizade com pessoas que conhecem alguém em Jaguarão - próxima parada antes de entrarem no Uruguai. É assim que devem prosseguir a viagem, na Argentina e no Chile. Quando não possuem local para ficar, aplicativos que ajudam a encontrar casas para mochileiros e ciclistas por até dois dias são consultados. E quando todas essas opções falham, Corpo de Bombeiros, Brigada Militar e igrejas também servem de abrigo.
De casa em casa
Para Barbara, ficar na casa das pessoas acrescenta mais às suas experiências, já que cria possibilidade de um contato mais próximo com a cultura do lugar. Ela já percebeu que as pessoas sentem prazer em apresentar seus ambientes a desconhecidos. “Isso é tão interessante quanto conhecer o ponto turístico da cidade”, diz.
A vantagem de dormir em residências também gera conhecimento para continuar a viagem. Graças ao anfitrião de Passo de Torres, na divisa com o Rio Grande do Sul pelo litoral, aprenderam muito sobre manutenção de bicicletas. Ele também é ciclista e dono de uma oficina que serviu de escola para as mochileiras.
Acompanhe
As jovens registram alguns dos seus destinos em fotos. O material está disponível no facebook e no instagram Viagem Pelo Cone Sul.
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