Saúde
O dilema de quem precisa de internação em feriados prolongados
Familiares de pacientes temem que encaminhamentos só ocorram na quarta-feira
Foto: Jô Folha/DP - Quem necessita de atendimento de saúde que dependa de internação em hospitais em um feriadão precisa contar com a sorte
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Na manhã de segunda-feira (14), em frente ao Pronto-Socorro de Pelotas (PSP), o pai de um jovem de 14 anos buscava alternativas viáveis para a situação do filho internado desde as 15h de domingo e com a necessidade de uma cirurgia de emergência. Informado de que não havia cirurgiões plantonistas, o pai perguntou sobre o que poderia ser feito e teve como resposta: procura um hospital particular. "A cirurgia custa R$ 7 mil e não tenho condições." Sem alternativas, ele decidiu esperar até quarta-feira na esperança de que seja internado e passe pelo procedimento. Ainda na segunda-feira o paciente realizou ultrassom. Este não é o único caso. Quem necessita de atendimento de saúde que dependa de internação em hospitais em um feriadão prolongado precisa contar com a sorte.
Como segunda foi ponto facultativo no município e esta terça é feriado de Proclamação da República, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estão fechadas e os reflexos são sentidos não só no PSP, mas também na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Areal, onde, só no domingo e na segunda, a demanda foi atípica em relação aos finais de semana. Uma usuária precisou de consulta médica para o marido de 75 anos, que infartou na madrugada de domingo. Ela disse que na UPA foi muito bem atendida e, já pela manhã do mesmo dia, ele foi levado para o Pronto-Socorro. "Os médicos disseram que ele precisaria 'baixar' hospital, pois necessita de um cateterismo. O problema é que não tem leito", disse ela.
O filho de uma idosa de quase cem anos está preocupado, pois a mãe está com pneumonia e em uma maca no corredor do PS. "Ela entrou hoje (segunda) pela manhã. Sei que é recente. Mas pela idade avançada, temo que ela piore", disse o filho. No final da tarde, a idosa foi para um leito de Enfermaria no próprio PSP. Todos que falaram com a reportagem tem a mesma opinião de que, uma vez identificados, os familiares poderiam sofrer as consequências, mesmo destacando que foram bem atendidos no local.
Medidas
A disponibilidade de leitos nos hospitais da cidade contratados pela prefeitura para pacientes do PSP também preocupa o Conselho Municipal de Saúde. O presidente César Lima deve se encontrar ainda esta semana com representantes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e solicitar a real situação da oferta de leitos. "Nós não recebemos nenhuma denúncia oficial, que deve ser feita por e-mail para evitar fake news, mas este é uma tema que preocupa a população e o Conselho", ressaltou Lima, que já obteve esclarecimentos do Executivo sobre a contratação dos leitos da Santa Casa para a retaguarda, durante o período de inverno.
A diretora de Atenção Especializada da Secretaria Municipal de Saúde, Caroline Hoffmann, adianta que, de segunda a sexta-feira, o município atua dentro dos hospitais, conferindo a disponibilidade de leitos por meio do Vigileitos. Aos fins de semana e feriados, o processo é realizado pela Central de Regulação. Ou seja, a Regulação Interna (NIR) dos hospitais libera os leitos ao município e a Central faz a regulação de acordo com as vagas liberadas. A SMS é responsável por acompanhar esse processo e fazer as cobranças necessárias aos hospitais.
Como funciona
De acordo com a diretora do Pronto-Socorro de Pelotas (PSP), Odineia Farias da Rosa, a dinâmica de leitos funciona igualmente em dias úteis, finais de semana e feriados. No sábado, por exemplo, foram ofertados ao PSP pelos hospitais 13 leitos de Enfermaria e cinco leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Já no domingo, o número foi reduzido para quatro vagas de Enfermaria e quatro de UTI. A administração do hospital explica que toda a internação de pacientes é gerenciada via Central de Regulação de Leitos.
"Não sabemos como vai ser a oferta de leitos previamente, pois dependemos da liberação dos hospitais", explicou Odineia. A oferta é encerrada diariamente no final da tarde, por volta das 19h. Ao longo do dia, o município depende da liberação das vagas por parte dos hospitais, conforme ressaltou a diretora Caroline Hoffmann.
Já sobre o adolescente internado nesta segunda, Odineia disse que todo caso emergencial que chegar no local será resolvido. No caso específico, ele deveria ser encaminhado imediatamente para o bloco cirúrgico, mas até o encerramento desta edição, mais de 24 horas de entrada no PSP, ele aguarda laudo do ultrassom. Nos casos cardiológicos, o paciente é atendido e retirado do risco iminente, porém com a necessidade de encaminhá-lo para hospitais de referência.
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