CIPEL
O fervor da indústria da construção civil
Segmento que emprega sete mil pessoas no âmbito municipal teve crescimento de 18% no ultimo ano em Pelotas
Carlos Queiroz -
Se o assunto é indústria, a construção civil, pelo contexto atual, precisa ser citada. Motivado por uma série de fatores, esse segmento teve um crescimento de 18% em 2021 em Pelotas, segundo o balanço apresentado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil e Mobiliária do município (Sinduscon). Neste embalo, essa evolução tem gerado emprego e moradia a diversos grupos na região Sul.
Caminhar pela cidade nos últimos anos é ter a certeza de que em diversas localidades os novos empreendimentos estão com a construção a todo vapor. Com diferentes padrões e tamanhos eles atendem uma grande gama de compradores em busca de um espaço próprio ou maior. A construção civil foi um dos setores que não parou durante todas as fases da pandemia e esse bom momento veio justamente após um período de incertezas, como conta o presidente do Sinduscon, Pedro Amaral Brito Leite. "No início, como para todos os outros setores da indústria, a pandemia gerou medo. Havia uma certa insegurança e houve muitas reflexões sobre como levaríamos esse tempo", explica.
Apesar disso, a cidade seguiu uma tendência nacional e transformou a crise sanitária em um fator de crescimento. Leite explica que, com o isolamento social, e passando mais tempo em casa, as pessoas passaram a ter novas necessidades relacionadas à própria moradia. "Com a pandemia as pessoas perceberam que tinham outras necessidades. Um apartamento com mais espaço, uma casa com quintal, ou uma sacada para que pudessem aproveitar mais o espaço de casa. Com isso a procura por apartamentos e casas aumentou. No segundo semestre de 2020 tivemos um volume significativo de vendas", relata.
Outro fato que o presidente acredita ter sido importante para a maior busca por imóveis é o incentivo gerado pela habitação popular, subsidiada pelo governo. Esse ponto ganha força com o balanço de 2021, apresentado aos associados do Sinduscon. Os dados apontam que, no ano passado, os bairros Fragata e Três Vendas foram os locais em que mais habitações populares foram construídas. Em números, isso representa 1.725 moradias com valor de venda de R$ 240 milhões no Fragata e 1.246 moradias e R$ 215 milhões nas Três Vendas. "Essa era uma demanda reprimida das classes B, C e D. Eles encontram no financiamento uma oportunidade de adquirir a casa própria", aponta.
Geração da economia local e de empregos
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 100.624 oportunidades de emprego foram geradas no setor da construção civil no primeiro trimestre de 2021 em todo o Brasil. Outro dado que chama atenção é que o número de trabalhadores com carteira assinada do setor passou de 1,926 milhão, em junho de 2020, para 2,428 milhões, em abril de 2022. Segundo o presidente da Sinduscon, atualmente, em Pelotas, a construção civil gera cerca de sete mil empregos diretos e mais de dez mil de forma indireta.
Leite acredita que este setor, apresentando bons resultados, oferece efeitos positivos a toda a economia local. "A venda de hoje é o emprego de amanhã. Quando falamos de construção civil estamos falando de uma cadeia longa, porque ela movimenta todo um ciclo da economia local. Quando um empreendimento é lançado, acaba por envolver vários setores, como a prefeitura, cartórios, fretes, MEIs, projetistas, gráficas, entre outros setores. Tudo isso faz a economia local girar", pontua.
A projeção para o futuro
Apesar dos bons anos, Pedro Amaral Brito Leite relata que, por conta de alguns fatores, o futuro do setor pede cautela e atenção. Segundo o presidente, com a escassez de insumos que ocorreu no último ano houve uma procura maior do que a oferta, fato que ocasionou um aumento nos juros do financiamento e uma consequente retração no número de lançamentos de empreendimentos. A inflação registrada nos últimos meses também foi sentida.
O gestor compartilha ainda que a demanda por imóveis ainda vai existir, mas o cenário futuro é desafiador. "O que nós temos para os próximos anos é um desafio com esse cenário de inflação e política. Os lançamentos vão continuar, mas as construtoras vão estar mais cautelosas, porque o cliente não vai ter mais o mesmo poder de compra. As pessoas tinham o sonho de comprar um apartamento de 80 metros quadrados, mas hoje a realidade é um poder de comprar de um apartamento de 60 metros quadrados. Ou seja, a vontade vai seguir existindo, mas a efetividade não será a mesma", finaliza.
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