Sem água

O velho problema da falta de água nos balneários se repete

Após dias sem água, moradores protestaram no Balneário dos Prazeres e cobraram melhor serviço

Foto: Volmer Perez - DP - Comunidade critica problema recorrente na localidade

Por Cíntia Piegas e Douglas Dutra
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Banho gelado às 22h. Quatro chuveiros queimados. Galões de água de reserva. Máquina cheia de roupas a serem lavadas quando tem água, e mesmo assim, há que se ficar de olho para não estragar o equipamento. Estes são alguns dos relatos de moradores do Balneário dos Prazeres que temem encarar mais uma temporada com abastecimento precário de água. O receio de ficar sem serviço adequado, embora a cobrança não falhe, motivou um protesto no início da noite desta segunda em frente à caixa d’água.

Se somaram ao manifesto moradores de outros balneários que também foram surpreendidos pelo desabastecimento durante três dias de muito calor e em horário que a água da torneira é fundamental para atividades domésticas.

Precavido pelos dias de torneiras secas no ano passado, o dono de um restaurante no Pontal da Barra decidiu investir em quatro caixas de quatro mil litros cada. Tudo para não ficar sem água em dias de muito movimento, como os domingos.

Para não correr o risco de ficar totalmente desabastecida, Natiele enche garrafas de cinco litros / Foto: Jô Folha - DP

Bem longe dali, no Balneário dos Prazeres, a dona de casa Natiele Reinhardt, 35, previne-se enchendo quatro galões de água de reserva, caso precise para a louça ou banheiro. “Aqui falta água todos os dias e, quando vem, é bem fraquinha. Ontem mesmo (domingo), só voltou às 21h.” E completa, insatisfeita: “A tendência é piorar, pois durante a semana eles [Sanep] trancam aos poucos. Mas no fim de semana fecham tudo. Acho que é para o pessoal não gastar muito enchendo piscina”, especula.

Banho aos pingos
O marceneiro José Francisco Borges Oliveira, 64, mora há 50 anos no Barro Duro e conta que recentemente precisou trocar quatro chuveiros, pois na tentativa de tomar banho quente o equipamento estragou devido à falta de pressão da água. “Acho que pagamos por ar também, pois quando volta a água, só no período de pressão do ar o relógio começa a girar.”

Já o aposentado Ivan Tavares classifica a situação como absurda. “Pago a conta antecipada por um serviço que não tenho. Esses últimos dias tomei banho gelado tarde da noite, pois era só uns pinguinhos”, desabafa.

Três dias depois…
Nos balneários Santo Antônio e Valverde, a manhã desta segunda-feira (12) foi de comemoração com a força da água que jorrava pela torneira. Já se passavam três dias de seca. Pedindo para não serem identificados, alguns moradores disseram à reportagem que a situação teria piorado após a chegada dos grandes condomínios pela avenida Adolfo Fetter. A razão, segundo eles, poderia ser as bombas potentes usadas pelos empreendimentos para levar água até as caixas. No entanto, até esses residenciais ficaram desabastecidos no último final de semana, conforme apurou o Diário Popular.


Comunidade critica problema recorrente na localidade / Foto: Volmer Perez - DP

Manifestação
No final da tarde desta segunda, dezenas de moradores do Balneário dos Prazeres protestaram em frente à obra da caixa d’água da avenida Amazonas, que corta o bairro, e ainda não está em atividade.

Uma das lideranças da manifestação, a líder comunitária Marinez Simões, relata que a população ficou cinco dias sem água. Segundo ela, o abastecimento foi retomado nesta segunda. No entanto, não chegou a todo o bairro. “Não temos mais como suportar a falta de água. Todo verão é assim”, reclama. Ela critica o Sanep por usar recursos no abastecimento da comunidade com caminhões-pipa e não melhorar a rede de abastecimento.

“Nós vamos cobrar da Câmara de Vereadores para investigar onde está sendo colocado o nosso dinheiro. O próximo passo, depois daqui, se for preciso, nós vamos trancar a ponte como protesto e vamos se a Prefeitura não vai tomar uma providência”, afirma Marinez.

Em outras áreas do Laranjal a situação também é preocupante. A líder da Associação Comunitária do Laranjal, Suzana Gama, participou da manifestação. Ela afirma que a falta de água na praia no domingo deixou moradores e restaurantes desabastecidos.


O que diz o Sanep
De acordo com a autarquia, a garantia de abastecimento no Laranjal depende de alguns fatores. “A captação ocorre em quatro fontes de água doce, ou seja, elas dependem do índice de chuva. Precisamos sempre considerar esta variável. O Sanep trabalha com o cenário já esperado, que é o da estiagem em grande parte do Estado, que exige medidas de praticamente todos os municípios para readequar o processo de abastecimento neste período”, explica a diretora-presidente Michele Alsina. Entre as medidas prevendo a seca e visando a amenização das suas consequências, o Sanep aguarda a chegada de um novo contêiner, que será incluído na ETA móvel do Laranjal para aumentar a produção de água tratada em 42% durante o veraneio.

Sobre a falta de água sexta, sábado e domingo passado, o Sanep afirma ter sido necessária manutenção mecânica para adequar a produção de água tratada em relação ao nível de água bruta no ponto de captação, nos contêineres da estação de tratamento de água móvel do Laranjal, o que motivou o transtorno.

Quanto aos novos residenciais, a autarquia afirma que houve aumento de 8% (2,5 mil unidades) a demanda de água, enquanto que as estações de tratamento móvel acrescentaram uma vazão prevista para atender nove mil unidades residenciais.“ Novos empreendimentos no bairro só estão sendo viabilizados mediante a entrada em operação da nova ETA São Gonçalo”, afirma a direção do Sanep. “Há, de fato, um aumento significativo no período de verão, assim como no restante do Município, em que o consumo de água cresce exageradamente – situação esta que é preocupante, considerando a continuidade da estiagem, prevista novamente para 2023”, alerta Michele Alsina.

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