Estilo Saúde
Para retomar a independência por meio da terapia
Ainda pouco conhecida a Terapia Ocupacional trabalha especialmente para o retorno às atividades mais simples do cotidiano
Paulo Rossi -
A vida é rotina. Ao longo dos anos os atos do cotidiano se repetem diariamente. Escovar os dentes, colocar uma roupa no cabide, cortar um alimento, pentear o cabelo, tomar banho, entre outras atividades das mais prosaicas. Porém qualquer alteração física e/ou psicológica pode impedir qualquer pessoa de realizar tarefas como essas. Nestes casos a Terapia Ocupacional é poderosa aliada em favor da reinserção às práticas habituais.
Egressa da turma de 2015 de TO, a segunda da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Eliziane Barboza, proprietária da Práxis Terapia Ocupacional, explica que o terapeuta trabalha voltado para as atividades do cotidiano. “Atuamos sobre o que foi alterado, devido a uma patologia, na rotina da pessoa. A gente busca ajudá-la a voltar a fazer o que ela fazia antes, da forma mais independente possível.”
A terapeuta dá como exemplo uma pessoa que tenha tido um Acidente Vascular Cerebral (AVC), limitando o movimento de algum dos membros superiores. “Se ela cozinhava. Vamos usar recursos para ela voltar a cortar carne. Caso ela deseje isso. É tudo voltado para vontade da pessoa.”
A TO também auxilia na adaptação do indivíduo dentro de diferentes ambientes, como o de trabalho ou escolar. O objetivo é sempre dar autonomia e independência ao paciente. Com a evolução do tratamento muitos retornam a fazer praticamente tudo.
Mas o terapeuta não somente ensina um paciente a voltar uma pegar colher, como também pode sugerir uma adaptação para que os talheres possam voltar a ser levados à boca com firmeza e segurança, por meio de órteses. Estes dispositivos oferecem uma orientação fisiológica mais adequada.
Segundo a terapeuta, para cada cliente há uma necessidade e um programa específico para se suprir essa carência. A exemplo de um paciente com Alzheimer, neste caso se estimula todas as habilidades cognitivas dele, memória, atenção, concentração, através das atividades específicas, como jogos. Tudo o que for chamar atenção para estes aspectos.
Alterações em casa
O terapeuta também está apto a sugerir adequações na disposição do mobiliário doméstico, para que o paciente possa se adaptar melhor àquele momento da vida. Estas alterações podem ser desde a troca de uma maçaneta giratória por uma do tipo alavanca. “Um copo, caso precise de uma alça, a gente vai adaptar. A pia, por exemplo, se está muita alta ou muito baixa, a gente solicita que se faça a alteração.”
Diferenças
Uma das dúvidas mais frequentes entre os pacientes envolve a diferença entre TO e a fisioterapia. Eliziane explica que o fisioterapeuta trabalha mais o movimento em si, a parte mais cinética. “A TO compreende o ser humano de forma integral. O interesse passa pelo desenvolvimento motor, psicológico, cognitivo, sensorial, afetivo, individual e social”, explica.
“Através de uma atividade a gente vai trabalhar a parte motora também, mas não o movimento em si.” A terapeuta também fala que se pode desenvolver o mesmo objetivo na fisioterapia e na TO, mas cada terapia irá atuar de uma forma diferente.
Mais confiança
Um dos pacientes da Práxis Terapia Ocupacional é Maurício Lourenço, 6. O pequeno nasceu com uma necrose no braço direito e precisou passar por três cirurgias de correção, desde o primeiro ano de vida até os quatro anos. Na última ele perdeu o movimento chamado prono-supinação, ou seja, a habilidade de fazer a rotação do antebraço.
“Ele não tinha força na mão. Estava tudo pronto para ele usar ela, que nem a outra (a esquerda)”, conta Giseli Lourenço, 31, mãe de Maurício.
Por muito tempo o garoto havia feito fisioterapia, mas neste ano a fisioterapeuta deu como encerrada as suas atividades e indicou a Terapia Ocupacional para que se pudesse aprimorar a motricidade fina. “Para que ele conseguisse desenvolver tarefas como escrever, escovar os dentes e cortar alimentos.”
Quando chegou à Práxis a pegada de Maurício era em movimento de pinça e sem força. Em quatro meses progrediu bastante e já começa a pegar objetos e a comer com a mão direita. Até para as atividades de educação física da escola o menino se sente mais seguro. “Ele tinha medo de se machucar ou de utilizar aquele braço.”
Giseli Lourenço confessa que, a princípio, estava cética do quanto a TO poderia ajudar o filho. “Eu não conhecia, mas foi muito bom para ele.” Aliada à terapia o menino também faz natação.
Para Maurício, a terapeuta Eliziane utiliza, entre as técnicas, muitas brincadeiras. “Usando brinquedos conseguimos que a criança faça aquele movimento desejado. Através da brincadeira ela é motivada para aquilo.”
Giseli conta que, apesar de sempre se mostrar tranquilo em relação às cicatrizes deixadas pelas cirurgias, o jovenzinho não era otimista em relação ao potencial a ser desenvolvido. “Ele sempre achava que não conseguiria, que não teria força na mão direita. Hoje está muito confiante.”
Definição de Terapia Ocupacional
É uma área do conhecimento, voltada aos estudos, à prevenção e ao tratamento de indivíduos portadores de alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psicomotoras, decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumáticos e/ou de doenças adquiridas, através da sistematização e utilização da atividade humana como base de desenvolvimento de projetos terapêuticos específicos, na atenção básica, na média complexidade e na alta complexidade. (Fonte:http://coffito.gov.br)
Onde exercem suas atividades
- Hospitais gerais
- Ambulatórios
- Consultórios
- Clínicas dia
- Projetos sociais oficiais
- Sistemas prisionais
- IES
- Órgãos de controle social
- Creches e escolas
- Empresas
- Comunidades terapêuticas
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