Por Cíntia Piegas e Victoria Meggiato
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Por volta das 13h desta terça-feira (7), três estudantes e um bibliotecário que moravam de aluguel em uma casa na rua Benjamin Constant, quase esquina Álvaro Chaves, bairro Porto, foram sacudidos pelos estrondos provocados pelo desabamento de parte do sobrado que fica ao lado. A estrutura que estava há tempos na iminência de cair veio abaixo deixando um deles soterrado. O bibliotecário Tiago Mateus Maleico, 32, foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado para o Pronto-Socorro de Pelotas (PSP) e passa bem.

Amigos e vizinhos das vítimas ainda tentavam entender a situação. Militares do Corpo de Bombeiros e Brigada Militar isolaram parte da quadra, pois pela rachadura que aumenta a cada momento, ainda havia risco de mais desabamento, pois o que ainda está erguido, é sustentado apenas por vigas de madeira. Com equipamentos de proteção, um bombeiros entrou na casa e conseguiu retirar os pertences dos estudantes, entre eles, uma jovem que estava muito nervosa e preferiu não falar. Ao ver suas roupas e artigos pessoais, ela suspirou de alívio, embora sua mente estivesse voltada para o amigo que fez uma tomografia e já teve alta do PSP.

"Eu estava preparando o almoço quando ouvi o barulho e já se formou a poeira. Conferi quem estava na casa e achei dois colegas. Foi quando o Tiago, que estava no segundo quarto, respondeu. Tiramos os escombros do rosto para ele respirar", descreveu o estudante de Engenharia de Controle e Automação da UFPel, Mauro Ricardo Otoni, 21, natural de Goiás. O Samu foi chamado pela pessoa que estava no sobrado e que depois desapareceu. "É complicado descrever o que senti no momento. Sabia que isso poderia acontecer, pois havia prometido fazer a reforma", concluiu.

A dona do imóvel, Denisia Teixeira Pereira, era a mais indignada com a situação, afirmando que desde o dia 22 de março deste ano ela comunicou a situação para o proprietário do imóvel. "A situação é bem complicada, pois tem um morador no fundos que fez um reparo. A parte da frente, que está interditada, foi vendida. Desde março estão me enrolando. No dia 16 de outubro comuniquei à Defesa Civil de Pelotas que disse depender de um engenheiro", relatou a proprietária. Foi então que o pior aconteceu. Agora, além da burocracia da interdição de ambas as casas - só pode entrar após avaliação de engenheiros e Defesa Civil -, os quatro jovens terão que contar com a solidariedade para encontrarem um lar.

Defesa Civil
O coordenador da Defesa Civil de Pelotas, Fernando Bizarro, informou que o sobrado que desabou nunca foi interditado antes, e que no dia 16 de outubro recebeu uma ligação da proprietária do imóvel ao lado solicitando que uma equipe fosse até o local verificar a situação. "Eu peguei o contato do dono da casa, conversei com ele, que me disse 'já estamos arrumando'. Inclusive estava previsto para ontem realmente nós irmos lá", afirmou.

Sobre o bibliotecário que ficou ferido, ele salientou que está prestando toda assistência necessária. "Já levei ele até a Secretaria de Assistência Social, porque ele perdeu tudo, ficou tudo embaixo dos escombros. Arranjei calça, coberta, travesseiro novo, lençol, toalha de banho. A assistente social conversou com ele e vai conduzir ele até lá amanhã para pegar mais coisas para se organizar".

Quanto à situação dos imóveis, Bizarro destacou que ambos já estão interditados. "A gente leva um engenheiro e um arquiteto, que avaliam se realmente têm risco ou não. Neste caso, como já teve o desabamento de uma parte, o arquiteto considerou que é risco então realmente é necessário interditar". Ele também avaliou que não há nenhuma previsão de restauração do local e que o sobrado deverá ser derrubado totalmente. "A interdição é por tempo indeterminado. O sobrado, que foi a parte que desabou, tem que ser colocado abaixo. A casa ao lado tem que ser restaurado o telhado", disse.