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Pedro Curi Hallal assume nesta quinta-feira como novo reitor da UFPel

Em conversa com o Diário Popular, o novo reitor falou das expectativas para 2017

Paulo Rossi -

O doutor em Epidemiologia, Pedro Curi Hallal, assume como novo reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em ato, nesta quinta-feira (12)  às 19h, na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem). Já no primeiro dia de gestão entrará para a história: o pelotense, de 36 anos, será a liderança mais jovem a responder pelo comando da maior instituição federal de ensino da Zona Sul, com 99 cursos de graduação e mais de 16,2 mil alunos. E são justamente os estudantes - de quem recebeu a maioria dos votos - que deverão sentir o impacto das primeiras ações do mandato. Um mutirão de qualificação das salas de aula irá começar ainda antes do retorno do calendário acadêmico, em 6 de fevereiro.

Em conversa de 45 minutos com o Diário Popular, na última semana, Pedro Hallal falou das expectativas para 2017. Entre os temas em pauta, destaque para moradia estudantil, transporte e democracia. A política de cotas também deve ser um dos alvos centrais de discussão; há possibilidade, inclusive, de expansão do sistema - adiantou o novo reitor.

O cenário nacional de crise financeira e os cortes de recursos, em princípio, não devem trazer reflexos ao orçamento que está desenhado para este primeiro ano de trabalho. “A situação não é tão assustadora”, afirma. Até o momento, o orçamento de 2017 é de cerca de R$ 692 milhões; em torno de R$ 19 milhões a mais do que o previsto para 2016. “Mas teremos que implorar para que não haja contingenciamento.”

Atacar os problemas de infraestrutura

Novo prédio alugado - O imóvel de cinco mil metros quadrados, que por anos abrigou o Campus II da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), deve resolver aproximadamente um terço das principais deficiências de infraestrutura. É a estimativa do reitor. Com a parceria firmada, três prédios alugados - da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), do Salis Goulart e do antigo Canguru - serão entregues. E mais do que representar a economia mensal de R$ 6,5 mil - com um custo reduzido para R$ 90 mil -, a medida sinaliza uma relação de diálogo que deve ser estreitada entre as duas instituições. As atividades da UFPel devem passar a ser desenvolvidas no novo local a partir de 24 de abril, quando se inicia o primeiro semestre de 2017.

Qualificação de salas de aula - Será uma das primeiras ações da administração. E há razões de sobra para isso: “São os espaços mais nobres. São o motivo de existir da universidade”, ressalta e garante que goteiras, aparelhos de ar-condicionado à espera de instalação, equipamentos de datashow estragados, cadeiras empilhadas pelos cantos e até canetas que já não riscam nos quadros receberão atenção. E para quem vê o mutirão como algo, teoricamente, bobo diante de tal complexidade da UFPel, o reitor responde: “É simbólico”. Na sequência, laboratórios e bibliotecas também serão alvo.

Moradia estudantil - Enquanto um projeto amplo de moradia estudantil em prédio próprio, tão reivindicado, não sai do papel, uma das prioridades para 2017 será alugar novo local, que abrigue bem mais do que os 86 acadêmicos que vivem, hoje, em imóvel da rua Andrade Neves. A intenção é de que 320 estudantes passem a ser atendidos. A fase, entretanto, é de busca por imóveis e as discussões, claro, precisam ser aprofundadas, para decidir se alunos estrangeiros, indígenas e quilombolas seriam ou não conduzidos a este mesmo local. O tema promete ser tratado sem atropelos.
A ideia de investir em um projeto complexo, que contemple em torno de 1,5 mil estudantes, seguirá na pauta, mas suscitará debates.

Pró-Reitoria de Ensino - A decisão de agrupar em uma mesma Pró-Reitoria os assuntos da graduação e da pós-graduação é sintoma de como a nova gestão assegura que irá tratar os temas ao longo destes quatro anos. “Faremos um esforço grande de aproximação entre a graduação e a pós-graduação, que jamais devem ser conduzidas de maneira isolada. É uma atrocidade”, resume Pedro, membro do Centro de Pesquisas Epidemiológicas, reconhecido internacionalmente.

Para combater desigualdades e discriminação

Coordenadoria de Inclusão e Diversidade - O novo espaço, ligado diretamente ao gabinete do reitor, tratará de três temas fundamentais: acessibilidade, ações afirmativas e gênero.

Cotas - “A equidade de raça e etnia é uma das pautas que não abro mão”, sustentou, em um dos momentos que se mostrou mais enfático. Pedro Hallal afirmou que a política de cotas precisará ser rediscutida pela comunidade. Há possibilidade, inclusive, de ser ampliada - adiantou. Hoje 25% das vagas de graduação na UFPel são reservadas à cota racial. “É uma forma de compensar injustiças históricas. Sou totalmente favorável.”

O novo reitor também falou da importância de a universidade aprimorar mecanismos de verificação, durante o processo de ingresso dos cotistas, para evitar situações como a fraude que culminou na recente expulsão de 24 acadêmicos da Faculdade de Medicina. Atualmente, existe denúncia de irregularidades envolvendo concursos de professores e técnico-administrativos. A nova gestão assegura que irá tratar com rigor as investigações.

Cotas na pós-graduação - O compromisso é de instituir, em toda a UFPel, um sistema de cotas para os programas de pós-graduação. Hoje, as iniciativas ocorrem de forma isolada e conforme discussões internas em cada unidade, como no curso de História, por exemplo.

Quem é Pedro Hallal?
Professor da Escola Superior de Educação Física (Esef) e consultor do Ministério da Saúde, Pedro Curi Hallal fez carreira como professor e pesquisador em velocidade admirável. Ingressou na UFPel em 2005 e 11 anos depois vencia a eleição para reitor, em um feito histórico, ao ser escolhido entre as três categorias e conquistar 65,3% dos votos. A partir desta quinta-feira (12), portanto, quem estará na cadeira, sob o comando máximo da instituição, será um ex-aluno da UFPel.

Democracia
Pró-reitores sem direito a voto no Consun - A medida deve ser adotada de imediato. O motivo? Evitar que a gestão dê início às discussões, dentro do Conselho Universitário (Consun), sempre com vantagem em relação ao número de assentos dos alunos e dos técnico-administrativos.

Apoio ao voto universal - A ideia, já apresentada durante o período eleitoral, voltará à pauta. “Defendemos o voto universal em todos os ambientes da UFPel”, reiterou. A proposta é de que a escolha de diretores, por exemplo, possa ter pesos iguais para a posição de alunos, professores e técnico-administrativos. Atualmente, unidades como a Escola Superior de Educação Física (Esef) - de onde vem Pedro Hallal -, o Centro de Letras e Comunicação - do vice-reitor, Luís Centeno do Amaral - e a Faculdade de Educação (FaE) já aplicam o sistema que, ao que tudo indica, tende a se espalhar pela UFPel. E, se depender da palavra do reitor, em 2020, quando será realizado o novo processo eleitoral, o voto universal deverá ser realidade. “Cada CPF é um voto”, afirmara, em 30 de junho de 2016, no dia da vitória.

Transporte

Frota própria - O assunto também promete ser tratado como prioridade. A expectativa é de que até o final do ano a Reitoria entregue ao Consun um estudo, com cronograma de execução, para implantação do transporte estudantil com frota própria na UFPel. A estimativa é de que aproximadamente R$ 6 milhões precisariam ser aplicados na aquisição de 12 ônibus. A maior dificuldade, entretanto, não deverá ser a obtenção de verba para a compra dos veículos. “O maior desafio será a manutenção do serviço”, projeta.
Nos debates, no ano passado, o tema chegou a ser tratado como proposta eleitoreira e, em alguns momentos, gerou deboche.

Conheça alguns números da UFPel

- Alunos de graduação: 16.205 (em 2016/1)

- Alunos de pós-graduação: 2.682 (em 2016/1)

- Cursos de graduação: 99 - 94 presenciais e cinco de Educação a Distância (EAD)

- Mestrados: 40

- Mestrados profissionais: 3

- Doutorados: 26

- Especializações: 32

- Abrangência dos cursos: Pelotas, Capão do Leão, Pinheiro Machado e Eldorado do Sul, além dos polos EAD espalhados pelo Estado

Servidores

Técnico-administrativos - Um plano de capacitação deve ser desenvolvido especialmente a estes profissionais. Uma das intenções é estabelecer cotas nos programas de pós-graduação para ingressos dos TAs. “Temos que sanar essa dívida.”

Docentes - Um dos principais alvos será direcionado à Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD), encarregada da progressão da carreira, que tem sofrido com a burocratização. Os planos, portanto, apontam à aproximação do órgão com a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas. Os concursos públicos também estão no foco. “Hoje, os concursos para docente ainda têm pouco cegamento em relação aos candidatos e existem falhas na capacidade de captação de pessoas de outras cidades do Brasil”, destaca. E acrescenta: “Os concursos estão selecionando mal e valorizando muito a experiência em pesquisa e pouco em docência e em extensão. É outro lado que pretendemos mexer bastante.”

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