Patrimônio

Pela valorização do Obelisco Republicano

Primeiro monumento tombado no município é um dos símbolos da Bandeira de Pelotas, mas está abandonado

O Obelisco Republicano, localizado no Areal, em espaço onde originalmente situava-se a charqueada de Domingos José de Almeida, é o primeiro monumento tombado em Pelotas pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan), em 1955. Apesar de toda a história que carrega e de sua importância para a cidade, sendo inclusive um dos símbolos da Bandeira de Pelotas, encontra-se abandonado e escondido abaixo do nível da avenida Domingos de Almeida, tapado por vegetação e em condições precárias devido à falta de manutenção e atos de vandalismo. A notícia boa é que a prefeitura pretende recuperá-lo, para o que espera contar com a ajuda financeira da iniciativa privada.

Construído em período monárquico, é possivelmente o único no país consagrado aos ideais republicanos. A história conta que foi erguido em 1885, por iniciativa de Antônio Gonçalves Chaves, mas o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IHGP), Gilberto Demari Alves, acredita ter sido em 1880, pois existe uma fotografia daquela época e anterior à data não havia ainda o registro de imagens. Foi o Partido Republicano que inaugurou a coluna de quase nove metros de altura, em homenagem ao mineiro Domingos José de Almeida, casado com uma pelotense e cérebro da Revolução Farroupilha, que residia próximo dali, onde também veio a falecer.

O feirante Luiz Carlos de Almeida Marques, 67, vende seus produtos em uma barraca muito próxima ao monumento. Morador do Areal, ele diz lamentar o estado atual do monumento, que está sujo, quebrado, pichado e teve alguns ornamentos roubados. Ainda assim chama atenção de turistas. Não raro vê ônibus de excursões pararem no local e os visitantes fazem questão de tirar fotos. “Deveria estar mais arrumado e ser um postal da cidade”, opina.

O sentimento é o mesmo do agricultor José Francisco dos Reis Bandeira, 53, que reside há 30 anos no bairro. Mesmo admitindo não saber direito o que representa o Obelisco Republicano, sabe que faz parte da história da cidade. “É uma falta de consideração com algo tão histórico. Não sei bem o que é, mas sei que é importante”, diz.

Não é só José Francisco que desconhece o significado do monumento. Tem quem pense que ele seja o túmulo de Domingos José de Almeida, segundo relato do IHGP. Uma parte da história esquecida ou não aprendida pela população. Um símbolo que está lá, mas não tem a devida valorização ou divulgação. Mas é um marco que mostrou ao resto do Brasil uma Pelotas essencialmente republicana, embora fosse uma cidade de barões, frisa o presidente do IHGP.

Recuperação
O IHGP encaminhou ofício à prefeitura no ano passado questionando sobre o que aconteceria no entorno do monumento. O Iphan também solicitou manutenção à Secretaria de Cultura (Secult), que por sua vez decidiu apresentar à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) proposta de revitalização.

A ideia é de uma praça seca, ou seja, pavimentar o entorno, sem a colocação de elementos, e iluminar o local, com intenção de proporcionar às pessoas espaço para contemplação e fotos.

O secretário de Cultura, Giorgio Ronna, diz que a Secult pretende valorizar o monumento e disponibilizá-lo para a comunidade se apropriar, aproveitando o andamento das obras da avenida Domingos de Almeida. Mas não é bem assim, explica o titular da Seplag, Paulo Morales. Não há verba reservada para essa reforma e será preciso contar com o apoio do empresariado. Tão logo receber o projeto definitivo a Seplag partirá para o orçamento e com isso tentar viabilizar o trabalho.

Características
O Obelisco originalmente tem um barrete frígio que era usado pelos escravos na Grécia e em Roma como forma de demonstrarem sua alforria: era um signo de liberdade.

O símbolo mais usado para identificar as repúblicas nascentes desde a Revolução Francesa é uma mulher em cuja cabeça se encontra um barrete frígio. A placa tem a inscrição 20 de setembro de 1884; seria inaugurada nesse dia, aniversário da revolução. Mas a solenidade se verificou, de fato, em 7 de abril de 1885 - no ano do seu cinquentenário e no dia da abdicação.

O cumprimento com a mão esquerda, gesto de fraternidade, é convenção de uso em diversas confrarias. O escudo está sobreposto a quatro bandeiras tricolores (verde, vermelho e amarelo) entrecruzadas duas a duas com hastes rematadas de flor de lis invertidas de ouro. As duas bandeiras dos extremos estão decoradas com uma faixa vermelha com bordas de ouro, atadas junto à ponta; uma lança da cavalaria, de vermelho, rematada por uma flor de lis, de ouro, entre quatro fuzis armados de baionetas de ouro e, na base do conjunto, dois tubos-canhão de negro, entrecruzados, semicobertos pelas bandeiras; um listel (moldura) de prata com a legenda Liberdade, Igualdade, Humanidade.

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