Maio Amarelo

Pelotas está entre as cidades gaúchas com mais óbitos no trânsito em 2023

Mesmo com média mensal sendo uma das menores dos últimos dez anos, Município registrou nove mortes no ano

Foto: Carlos Queiroz - DP - Nos índices de acidente, o município está atrás somente de Porto Alegre

Pelotas registrou nove mortes no trânsito no primeiro trimestre de 2023, de acordo com os dados do Departamento Estadual de Trânsito (DetranRS). Com isso, a cidade está entre as três com maiores registros do Estado - empatada com Canoas e Viamão - atrás apenas de Porto Alegre, com 15, e Passo Fundo, com dez. Porém, apesar da alta posição no ranking, a média mensal apresenta queda em relação ao ano passado, sendo a terceira melhor dos últimos dez anos.

Em Pelotas, dados da Secretaria de Trânsito e Transportes (STT) mostram que a média de acidentes com vítimas fatais acabou caindo após o primeiro trimestre, já que em abril e maio não houve óbitos nas vias urbanas. "A análise dos acidentes com vítimas fatais deve ser feita a partir de comparação com os anos anteriores e ao fazermos isto vemos que, nos primeiros cinco meses do ano têm uma redução expressiva, pois apesar dos dados do DetranRS se referirem ao mês de março, não houve nenhum caso de morte no trânsito registrado desde então", diz o secretário Flávio Al Alam. Os resultados, segundo ele, são reflexos de mais sinalização, maior respeito dos condutores com relação ao limite de velocidade das vias e, em especial, ao aumento da frequência de realização de blitz de alcoolemia e operações integradas.

Nas rodovias
Via assessoria, a Ecosul Rodovias, responsável por 69,9 quilômetros de rodovias em Pelotas, diz que no período foram dois acidentes fatais nos trechos de sua atuação, segundo dados de seu setor de Operações, nos quilômetros 512 da BR-116 e 80 da BR-392. Em relação ao ano de 2022, no mesmo período, tivemos 44% de redução de óbitos no total de estradas administradas pela Ecosul. Foram nove mortes em 2022 e cinco em 2023 - primeiro trimestre, considerando todos os 457,3 quilômetros do Polo Rodoviário Pelotas.

Os principais sinistros registrados, segundo a concessionária, são saídas de pista, colisão transversal, queda de moto, colisão traseira e colisão lateral. As causas são diversas, mas destacam condutores sem habilitação, alcoolizados, trafegando com velocidade incompatível com a via, desrespeito à sinalização, uso de telefone celular, desatenção, sono, entre outras.

A reportagem tentou contato com a Polícia Rodoviária Federal, mas o comando disse que, por estar com servidores fazendo atividades de capacitação em Porto Alegre, não poderia responder os questionamentos neste momento.

Causas
A professora da UFPel e Doutora em Engenharia de Transportes, Raquel da Fonseca Holz, diz que acidentes de trânsito são eventos raros e aleatórios, e, naturalmente, imprevisíveis. "O problema é que a gente não tem como evitar o acidente. Por melhores que estejam a via, a sinalização, o veículo, o condutor, sempre vai haver acidentes", lamenta, citando que alguns países trabalham com a ideia do acidente zero, mas é um longo caminho. Por isso, ela diz que estatísticas apontam onde acontecem agrupamentos de acidentes para perceber os locais mais comuns e fazer intervenções necessárias.

Segundo a especialista, alguns fatores influenciam diretamente, como a qualidade da via, os materiais, a sinalização, o pavimento e o veículo - embora os itens de segurança estejam cada vez mais tecnológicos - além do fator humano. Segundo ela, as estatísticas gerais do Estado neste ano mantém o padrão de que as colisões costumam acontecer nos finais de semana, à noite, sendo colisões ou atropelamentos, com automóveis e motociclistas sendo os mais envolvidos. Rodovias e avenidas, vias de velocidades maiores, lideram o ranking. "Uma das causas para os acidentes é a velocidade", destaca Raquel. Álcool e uso de celular provavelmente têm impacto nas estatísticas.

Ela diz que nos dados gaúchos, uma das surpresas é a faixa etária entre 64 e 75 anos, já que os horários onde os acidentes costumam acontecer mais, os jovens tendem a ser mais vítimas. As estatísticas destacam que, dentre este grupamento, a maioria das vítimas eram pedestres. Entre os jovens, os motociclistas são as principais vítimas.

E como diminuir?
"Nenhuma morte prematura no trânsito é aceitável", diz Raquel, citando o programa sueco dos anos 1990 que prevê zero acidentes, e que transfere responsabilidades para os projetistas de estradas e veículos. "A gente tem que fazer projetos cada vez mais seguros, e aí entra o planejamento urbano", aponta, dizendo que as medidas de segurança da mobilidade precisam prever a falha humana, além de educação pública, regulamentação, fiscalização e planejamento do transporte. Outra alternativa citada por Raquel é a verificação contínua de intersecções, onde há maior fluxo de pedestres, além de investimentos em maior espaço para ciclovias e fluxo de pessoas, evitando que transitem pelas vias.

Via assessoria, a Ecosul aponta que realiza diversas campanhas de conscientização através do Programa de Redução de Acidentes (PRA). As ações são diversas, desde programas voltados aos motoristas, pedestres e até os lindeiros das rodovias, como por exemplo a campanha "Viver é o bicho". Além disso, também são analisados pelo PRA pontos em que há a necessidade de melhorias em sinalização, assim como, a implantação de dispositivos de segurança.

Perfil dos acidentes fatais no Estado
Natureza: colisão (38,9%)
Tipo de veículo: Automóvel (34,6%)
Vítima: Motociclista (26,6%)
Dia da semana: Sábado (19,8%)
Horário: Noite (36,1%)
Via: Rodovia (60,3%)
Tipo de via: Municipais (37,8%)
Sexo: 88 (21%) mulheres e 326 (79%) homens (total: 414)


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Audiência Pública trata sobre proposta do IPE em Pelotas Anterior

Audiência Pública trata sobre proposta do IPE em Pelotas

Governo anuncia desconto de 1,5% a 10,8% para carros novos Próximo

Governo anuncia desconto de 1,5% a 10,8% para carros novos

Deixe seu comentário