Sofrimento
Pelotense aguarda há nove meses por retirada de tumor cerebral
Após longa espera, procedimento cirúrgico tem previsão de ser realizado na próxima semana na Santa Casa de Misericórdia
Foto: Carlos Queiroz - DP - Com movimentos afetados, Raquel pouco consegue se mover
Por Vitória de Góes
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Descobrir uma doença é algo que mexe com o psicológico de qualquer pessoa, ainda mais quando se é uma pessoa ativa, que pratica exercícios diariamente, e que de repente vê o corpo perder os movimentos aos poucos. Há quase um ano a professora de ballet Raquel Louzada descobriu um tumor cerebral que, de lá para cá, foi atingindo suas funções motoras e tirando a qualidade de vida. Atualmente, ela aguarda uma cirurgia para retirada do mesmo e tem esperanças de ver a vida retornar à normalidade.
Raquel tem 49 anos e sempre foi uma pessoa com muita energia que, além de dar aulas de ballet, trabalhava como secretária em uma escola municipal. Mas em junho de 2022, ao fazer exames de rotina, descobriu um tumor em estado avançado que, em expansão, passou a comprimir o tronco cerebral. Desde então, ela e o marido Jony Ferreira passaram a buscar a realização do procedimento cirúrgico através do SUS.
Em agosto de 2022 ela conseguiu solicitação para internação hospitalar e realização do procedimento cirúrgico de retirada do tumor intracraniano na Santa Casa de Pelotas. Entretanto, durante todo esse tempo, não teve um retorno da instituição para agendamento ou uma previsão de quando ocorreria o atendimento.
A partir disso, ela e o marido buscaram atendimento médico em outros locais, como no Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP) e em outras consultas particulares com especialistas. A espera através do SUS tornava o quadro mais grave e, na tentativa de arrecadar o valor para o procedimento particular, estimado em R$ 45 mil, foi realizada uma vaquinha online. Com R$ 4 mil arrecadados, o dinheiro serviu para realização dos últimos exames.
Aos poucos Raquel foi desenvolvendo dificuldade para caminhar, manter o equilíbrio e até para falar, sendo impedida de trabalhar ou realizar tarefas básicas em casa. Além disso, outros sintomas surgiram, como fortes dores de cabeça, desmaios e convulsões. Hoje, passa boa parte do tempo na cama, já que mal consegue se movimentar e sente muito sono, outro efeito causado pela pressão no tronco cerebral.
Recentemente, descobriu que a situação resultou ainda em uma trombose cerebral. Mesmo com dificuldades para falar, Raquel desabafa: “Tenho medo de morrer, sabe? Porque o médico disse agora que é caso de vida ou morte”.
Sem ter como parar de trabalhar, Ferreira acaba tendo que deixar Raquel sozinha. “Nós dois somos funcionários públicos municipais, não ganhamos tanto e agora ela não pode mais trabalhar. Fora isso, ela trabalhava com crianças, dava aula de ballet há mais de 20 anos, então você fica parado e ainda na tensão de saber que tem algo na sua cabeça, é complicado”, diz o marido.
Nova previsão de cirurgia
Procurada pela reportagem na segunda-feira para falar sobre a demora no atendimento a Raquel, a Secretaria Municipal da Saúde informou que acompanhava o caso e que faria o encaminhamento para consulta na Santa Casa ontem. O resultado do atendimento foi uma nova solicitação de cirurgia, agora com previsão de ocorrer na próxima semana. Na segunda-feira, a professora de ballet será internada para aguardar o procedimento, que deve ocorrer entre quarta e quinta-feira.
O DP tentou contato com a Santa Casa para que se manifestasse sobre a razão da cirurgia ainda não ter sido realizada. No entanto, não houve resposta por parte da comunicação do hospital.
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