Educação
Pelotense recebe prêmio nacional de educação financeira
Professora Vanderlize Lima liderou o projeto Endividados em escola municipal de Sapiranga
Foto: divulgação - DP - Vanderlize leciona há 15 anos em Sapiranga
Por Helena Schuster
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)
A vontade de agir diante do cenário de endividamento no país, que atinge mais de 70% das famílias brasileiras, levou a professora pelotense Vanderlize Lima ao topo do pódio de uma premiação nacional de educação financeira para escolas públicas. Formada em Geografia na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a professora leciona há 15 anos em uma escola pública no município de Sapiranga, onde desenvolveu o projeto Endividados, que busca conversar com os alunos sobre consumo consciente e administração de finanças.
A professora conta que a ideia surgiu em abril deste ano a partir de uma notícia sobre o alto número de famílias endividadas no País. “Escutei a notícia e pensei que precisava fazer alguma coisa. Se nós não mudarmos isso com os jovens, vamos ter ainda mais adultos endividados”. O projeto começou a tomar forma em uma turma de 25 alunos do 8º Ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental La Salle. “Comecei a abordar o assunto mostrando que, aquele problema que aparecia nas notícias, eles também viviam em casa. Assim eles começaram a perceber que isso não era só coisa de adulto”, comenta a professora.
Vanderlize avalia que o projeto foi bem recebido pelos alunos, que também envolviam os familiares no desenvolvimento das atividades, que incluíram levantamento de preços no mercado e pesquisas dentro de casa para entender a situação financeira das famílias. “Todos os alunos disseram que as famílias tinham dívidas, então era um assunto que não estava distante da vida deles”, observa.
Ludicidade para tratar o tema
Para abordar o assunto de forma lúdica, a turma passou a utilizar e desenvolver jogos sobre finanças. Um dos principais resultados foi o jogo de tabuleiro Endividados. “A proposta é que o jogador começa com uma dívida que, ao longo do jogo, ele tem que pagar. Ganha o jogador que pagar a dívida”, explica. Durante o jogo, os participantes retiram cartinhas que envolvem situações reais, como a entrada do salário, gastos com supermercado e outros.
Além do jogo de tabuleiro, a gurizada também começou a desenvolver um aplicativo de controle de gastos chamado Saindo das Dívidas, que ajuda o usuário a calcular o que entra e sai em sua vida financeira. “Falar de educação financeira ainda é um tabu, não é uma tarefa fácil. Precisam ser coisas leves, que gerem o interesse dos alunos. A ideia é formar esse aluno em um futuro consumidor mais consciente”, observa a professora. O app ainda não foi lançado ao público, mas o objetivo é que isso aconteça no ano que vem.
Feiras e premiação nacional
O maior reconhecimento do projeto veio através do Prêmio BEI de Educação Financeira para Escolas Públicas. Promovido pelo Instituto BEI, a premiação selecionou dez projetos finalistas, de diferentes estados brasileiros. Cinco deles receberiam uma premiação em dinheiro e um deles também receberia o título de destaque. “Sempre dizia que estar entre os finalistas já era um prêmio, mas quando ela anunciou que nosso projeto foi o vencedor, fiquei muito emocionada, porque ali tinham projetos e professores maravilhosos de todo o Brasil”, conta. O projeto era o único finalista gaúcho do prêmio.
Além da premiação nacional, os alunos Adeyinka Adetola e Luis Felipe Brizola, 13, e Djeimisom de Avila, 14, também passaram a representar a turma em feiras e mostras escolares para apresentar o projeto. Os estudantes já têm, inclusive, credencial para participar da Exposição de Ciência, Engenharia, Tecnologia e Inovação (ExpoCeti), na cidade de São Lourenço da Mata, em Pernambuco, em 2023.
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