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Pesquisa Social Brasileira começa na região Sul
Instituto Pesquisas de Opinião, de Pelotas, coordena o trabalho nos três estados; estudo dividido em quatro grandes temas irá colocar o ‘jeitinho brasileiro’ em pauta
Foto: Carlos Queiroz - DP - Diferentes olhares. Questionários com duração de aproximadamente uma hora irão em busca de pontos de vista, valores e percepções da população
Por Michele Ferreira
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Os três estados do Sul passam a integrar, oficialmente, a partir desta semana a Pesquisa Social Brasileira (Pesb). A expectativa é de que em maio de 2023 sejam conhecidos os resultados do estudo que coloca o comportamento da população no centro da pauta. Quatro grandes temas estarão em análise: Jeitinho brasileiro, Violência e criminalidade, Relações raciais e Sexualidade e saúde reprodutiva. No Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná o trabalho estará a cargo do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), de Pelotas, que já havia assumido a coordenação em 2002, na 1ª edição da Pesb.
Os dados que irão surgir serão fundamentais para pensar o Brasil do futuro. “Esta é a principal finalidade. Produzir dados que ajudem a criar novas teorias sociais, que contribuam na discussão e na construção de políticas públicas”, afirma a cientista social Gisele Rodrigues. Além de se transformar em ferramenta a gestores, portanto, os relatórios finais também darão origem à 2ª edição do livro A cabeça do brasileiro.
No bloco dirigido às relações raciais, o uso de fotos de diferentes pessoas utilizando uma mesma roupa servirá de instrumento para verificar o racismo velado, por exemplo. Perguntas sobre qual daquelas figuras você acredita ser advogado, gari, carpinteiro...? Quem você gostaria de ter como amigo, vizinho ou chefe? Na bateria de questionamentos sobre sexualidade e saúde reprodutiva, percepções sobre aborto e a possível legalização também serão analisadas.
Violência doméstica e as diferentes visões sobre jeitinho brasileiro e corrupção ainda integram as muitas reflexões que vêm pela frente. O que se sabe até o momento é que, não raro, muda a interpretação de uma mesma situação, conforme a pessoa que está envolvida: um policial, um advogado ou um cidadão comum - exemplifica Gisele.
Duas décadas depois, por quê?
As equipes voltam às ruas agora, após 20 anos, justamente, pelo tipo de avaliação a ser feita. Afinal, alterações de comportamento, mais enraizadas, costumam estar associadas à mudança de gerações. Por isso, o intervalo mais longo. Resistência a políticas públicas como as cotas e os níveis de conservadorismo dos brasileiros são outros dos tantos termômetros que estarão em análise. Quem destaca é o coordenador geral da Pesb, o cientista político Alberto Carlos Almeida. “A pesquisa vai nos permitir identificar gargalos na adoção de medidas e trabalhar em cima desses gargalos”, enfatiza.
Junto com a pesquisa, crescimento profissional
Se a Pesquisa Social irá (re)analisar diferentes pontos de vista e valores dos brasileiros, de um extremo a outro do País, no IPO a Pesb não deixa de ser um marcador de tempo. Em 2002 e 2003, quando o estudo se desenvolvia, a pelotense Gisele Rodrigues já integrava a equipe do Instituto. Na época era estagiária do curso de Ciências Sociais da UFPel.
Hoje, aos 37 anos, está à frente da pesquisa na região Sul. A moradora do Navegantes que concluiu a graduação com esforço, trabalhando desde o primeiro semestre, virou auxiliar de pesquisa, supervisora de e, atualmente, ocupa o cargo de gerente de pesquisa e desenvolvimento. “É uma trajetória que me dá bastante orgulho. Eu tenho 37 anos e mais da metade da minha vida eu tô dentro do IPO. É como se fosse a minha segunda casa, a minha segunda família”, destaca. E entusiasma-se com o novo desafio.


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