Além da fé
Por mais respeito à vida e à diversidade
Representantes dos povos de matriz africana realizam caminhada em Rio Grande contra a intolerância religiosa
A manhã desta quinta-feira (28) foi de manifestação nas principais ruas do centro de Rio Grande. Representantes dos povos de matriz africana promoveram uma caminhada em respeito à vida, à diversidade cultural e contra a intolerância religiosa.
De acordo com Chendler Siqueira, são realizados atos de protesto e denúncia sempre que acontece algo referente aos povos de origem africana. A motivação desta vez é a viralização nas redes sociais de vídeos mostrando invasões a terreiros e destruição de peças sagradas, especialmente no Rio de Janeiro. Com a manifestação desta quinta, o representante espera que a causa ganhe mais visibilidade para que ninguém mais precise enfrentar tal situação. "Criamos eventos e caminhadas por essa luta, repudiando atos de genocídio ao nosso povo. Isso ultrapassa questões de intolerância. É o extermínio da cultura."
A caminhada partiu do largo Barbosa Coelho, já no centro da cidade. Logo em seguida os seguidores entraram no Mercado Público, local que tem relação especial com a cultura africana e com o orixá Bará, e seguiram até a prefeitura. Chendler, que também é secretário adjunto de Cidadania e Assistência Social, ressalta que a parada em frente ao Executivo municipal não foi um protesto, mas sim uma forma de referendar as recentes ações propostas pelo Poder Público rio-grandino em respeito à causa. "Já existe em Rio Grande o Conselho Municipal do Povo de Terreiro e também um grupo de trabalho entre o secretariado que discute propostas de políticas públicas aos povos tradicionais, o que é muito importante", avalia.
Na sequência, o ato seguiu por ruas de comércio intenso no Calçadão. Entoando músicas e rezas, os manifestantes receberam aplausos e o carinho das pessoas que transitavam no local. Muitos aproveitaram ainda para saudar as divindades.
A caminhada foi encerrada no largo Doutor Pio, em frente à Catedral de São Pedro, local simbólico de mobilizações. Lá todos foram recebido pelo padre Gil Raul, que fez um discurso em solidariedade aos povos de matriz africana e ressaltou a importância da diversidade religiosa e cultural.
Esta foi a segunda manifestação em Rio Grande nesta semana. No último domingo cerca de 200 pessoas se reuniram no largo Barbosa Coelho para a 3ª edição do evento Rufar dos Tambores, também contra a violência referida no Rio de Janeiro. Mas Chendler ressalta que a luta vai além. "Queremos também lançar o marco conceitual dos povos de matriz africana. A ideia é que as pessoas deixem de se enxergar como 'afrorreligioso'. Nós nos denominamos como povo tradicional. Não se trata apenas de religiosidade e fé, mas sim de toda uma cultura e visão de mundo."
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