Qualidade de vida
Por uma Pelotas com parques urbanos
Vista como uma carência urbana histórica por especialistas a criação destas unidades sofre com a falta de investimento pelo Poder Público
Paulo Rossi -
Áreas verdes de uso comum da população, com uma série de funções ecológicas e urbanas, como a redução da poluição sonora e atmosférica, os parques urbanos representam uma demanda reprimida em Pelotas pela completa ausência das unidades. Frente a esta carência, o movimento Nem um metro de área verde a menos iniciou estudo de implementação destes espaços, dando origem a um sistema municipal de áreas verdes e parques urbanos. A principal reivindicação é implantar este primeiro espaço no terreno de banhado próximo à Praça Palestina. A demanda enfrenta como desafio a proposta de construção de dois empreendimentos no local.
Vista como uma carência urbana histórica pelo grupo formado por ambientalistas, estudantes de ambas universidades, biólogos, advogados, entre outros, a criação destas unidades sofre com a falta de investimento pelo Poder Público. Segundo o professor Maurício Polidori, diretor da Faculdade de Arquitetura da UFPel e doutor em Ecologia pela UFRGS, há espaços que recebem esta denominação, como o Parque da Baronesa e o Dom Antônio Zattera, mas na sua concepção são, na verdade, praças grandes que diferem do amplo local que configura o remanescente ambiental próximo à avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, pleiteado para receber um dos parques.
Além da área, a localização é um dos maiores atributos do terreno. O também integrante do movimento, Antônio Soler, considera excepcional o endereço por ser de fácil acesso e central. Ressalta ainda que o parque estava previsto no 3º Plano Diretor de Pelotas como área pública, mas sofreu desconfigurações através de emendas na Câmara de Vereadores, tornando-se com elas de uso particular. Outro fator que leva o grupo a concentrar os espaços neste local é sua relevância ambiental, como recipiente de água da chuva e com diversidade de flora e fauna.
Em busca deste objetivo, além do estudo, consultas públicas estão sendo realizadas. Uma das últimas ocorreu em abril, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel, onde um grande mapa ficou disponível aos universitários, estudantes de escolas que foram convidados a participar do processo e demais membros da comunidade, para marcarem os espaços desejados. Em primeiro lugar foi escolhida a área do Parque Urbano Central. Outra pesquisa, ainda aberta, também possibilita à população votar em espaços do seu interesse para receber as unidades. Está disponível no site www.peoplegrid.com.br. O ideal, segundo Polidori, é que cada bairro tivesse uma unidade, para formar um sistema verde do município, mas hoje há poucas opções devido à expansão urbana. Um outra opção votada é o espaço da Associação Rural de Pelotas, na Zona Norte.
A proposta do Parque Urbano Central, no entanto, se choca com a previsão de construção de dois empreendimentos no local, um próximo à avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira até a rua Doutor Cassiano do Nascimento e o outro também da avenida, até a rua General Argolo, além da obra já em andamento do ginásio municipal, prevista para ser concluída em junho. “Legalmente ainda não perdemos a área, porque está na fase de viabilidade, mas é uma ameaça pela possibilidade do Poder Público ceder às pressões do mercado imobiliário”, afirma Soler.
Nas mãos da prefeitura
O secretário de Qualidade Ambiental, Felipe Fernandez, considerada positiva a coleta de dados feita pelo Nem um metro de área verde a menos e também a implantação do parque na área em questão, próxima à Praça Palestina. Segundo Fernandez, o projeto de implantação da unidade está sendo elaborado pela secretaria e, no momento, já tem concepção e está em fase de detalhamento. A área, no entanto, deverá ser criada entre os dois empreendimentos previstos para o espaço e não na totalidade do terreno, como reivindica o movimento ambiental. “É preciso que não tenham edificações, aquela área deve ser preservada na íntegra”, reforça Polidori. Já para a SQA, a execução do projeto ficará a cargo da empresa.
Quanto a demais áreas destinadas a espaços verdes, Fernandez destacou a requalificação da praça Sete, da Estação Primeira do Areal e, em breve, no espaço próximo do Campus Anglo da UFPel, no Navegantes e no Dunas. Sobre a possibilidade de parques, o secretário afirmou que há apenas a elaboração de uma unidade de conservação ambiental, que deverá contemplar diversos espaços da cidade por permitir à pasta acesso a um fundo estadual destinado à conservação dos espaços que integram tal unidade.
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