Sujeira
Porto sofre com descarte irregular de lixo
Poluição e limpeza precária chamam atenção em vários locais da região
Foto: Volmer Perez - DP - Acúmulo de lixo é visto nas ruas da bairro
O excesso de poluição em várias regiões da cidade de Pelotas é um problema constante. Os moradores do bairro Porto relatam com desesperança a situação que só se agrava por toda a área, já que a região é um costumeiro ponto de descarte irregular de resíduos. A partir da rua Almirante Barroso, indo em direção à zona portuária, a cena vista é uma composição das residências junto à sujeira, à vegetação alta e os destroços espalhados. O visual vai evoluindo negativamente conforme se avança para o interior do bairro.
Entre tantos, um dos pontos que chama mais a atenção fica no prolongamento da Avenida Juscelino Kubitschek, aos fundos de um clube esportivo. O local, que também é indicado como o início da rua Dom Pedro II, apresenta uma quantidade enorme de lixo espalhado sobre toda a rua, às margens do canal do Pepino. Nesse ponto, amarrados aos postes, equinos pastam a grama polvilhada por muitos pedaços de plástico, papel e outros materiais. No entroncamento das duas vias citadas, uma árvore de grande porte parece ter tido o tronco queimado. As raízes da árvore abraçam os entulhos que estão ao redor. Ao lado, uma única coletora transborda os resíduos para fora, e passa a sensação de que, mesmo eventualmente vazia, não daria conta de tamanho volume de sujeira.
"Há uns dez anos, a partir do momento em que houve a construção dessas casas do outro lado do canal do Pepino, o pessoal começou a colocar o lixo aqui. A Prefeitura vinha toda a semana e juntava o lixo com uma retroescavadeira. De um tempo para cá, esporadicamente eles vêm. E não é só um problema do pessoal do lado de lá, é do lado de cá também. Tem muita gente daqui que joga lixo ali. Além do lixo sujo, é madeira, pedra, sobra de construção, cama, poltrona, fogão… Dentro de casa é mosca, barata, mosquito. [...] Tem dias que tu não consegue passar ali de carro", reclama Carlos Alberto Reis, de 66 anos, morador do bairro há quatro décadas. "Não tem como a gente combater esse tipo de coisa, porque a situação aqui é complicada. Tem gente de fora daqui que vem colocar o lixo também", admite.
Avançando na direção do Campus Anglo da UFPel, outra situação problemática de poluição surge. Em uma das principais vias de acesso ao polo universitário, a esquina entre as ruas Gomes Carneiro e Vereador Boaventura Barcelos se confunde com um depósito de lixo casual da população. Caixas de papelão, cascotes de obras e um número interminável de garrafas plásticas e sacolas são os objetos mais evidentes. O passeio que envolve uma das quadras desse local está intransitável por três fatores: o acúmulo de lixo; os amontoados de galhos que ainda não foram recolhidos; e os objetos pertencentes a pessoas em situação de rua. Um sofá inteiro é o que mais impressiona. Além disso, cordas amarradas entre as árvores servem de varais para roupas. Ao redor, mais resíduos estão espalhados.
A prestadora de serviços culinários, Lilês Maria Farias, de 65 anos, aguardava o transporte circular enquanto observava toda a sujeira. Surpresa, conta que há uma semana foi feita uma limpeza na esquina. "A própria vizinhança colocou o cascote ali. As caixas de papelão também. Eu acho horrível isso aí. A Prefeitura limpa, não dá uma semana e fica assim. Eu venho todas as segundas e na segunda passada estava limpo. Os galhos já faz tempo, mas esses lixos não", revela. Ainda, a mulher ressalta que a imagem da região fica prejdicada por esses problemas. "É um ponto de descarte. Vergonhoso, né? Porque fica perto da faculdade e fica feio".
O comerciante Sandro Barcelos, 48 anos, admitiu que o problema está relacionado ao costume coletivo dos moradores de jogar lixo naquele lugar. Mesmo assim, relatou que a comunidade já solicitou à Prefeitura a instalação de um tipo de caixa estacionária no local, o que reduziria a dispersão da sujeira na rua e calçada. "A sujeira é recorrente, não é de hoje. Tem um morador ali que é acumulador e o resto da galera coloca ali. Mas já foi pedido um contêiner, até por um dos candidatos a vereador aqui da zona. [...] Os moradores mais antigos ali estão com as casas à venda porque não querem mais suportar abrir sua janela e ver aquilo. Hoje não tem cheiro, mas quando tem sol o cheiro é horrível, sem falar que é na passada para a universidade", expôs o comerciante.
Cronograma de limpeza
De acordo com a titular da secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura, Lúcia Amaro, a limpeza é realizada conforme necessidade e protocolos. A última realização de recolhimento de entulhos na área do Campus Anglo e no final da Rua Dom Pedro II foi na penúltima segunda-feira (1º) e na quinta-feira anterior (28), respectivamente. As avenidas Juscelino Kubitschek e Bento Gonçalves foram limpas na última terça-feira (2), juntamente com outras principais avenidas, em mutirão, recolhendo neste dia 31 cargas ao todo. "O Município possui os ecopontos 'Balsa', na Rua Paulo Guilayn, e na Avenida JK. Temos feito o roçado no bairro Porto com intervalo de dois meses, devido à alta temporada, onde a grama cresce mais rápido", observou a titular da pasta.
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