Especial DP

Quando a verba não chega...

Projetos custeados com recursos do governo federal ficam prejudicados pelo atraso no cronograma

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(Foto: Jô Folha - DP)

Quatro obras custeadas com recursos do governo federal foram afetadas em Pelotas em decorrência do atraso ou da falta de repasses dos valores. Uma delas, a do Ginásio Municipal de Educação, é a única que ainda não parou. O investimento é de R$ 3 milhões e a execução é custeada pela contrapartida da prefeitura, de R$ 1,5 milhão. Quando acabar o dinheiro, deverá parar também. Já a revitalização da praça Coronel Pedro Osório foi interrompida e o município retirou recentemente as telas de proteção aos canteiros, material e equipamentos que estavam no local.

Para o estudante Yuri Freitas, 24, enxergar a praça de novo, mesmo sem a revitalização completa, é muito bom. "As telas incomodavam", comenta. Segundo a arquiteta Gisela Frattini, a obra na praça será retomada, mas ainda não há prazo. A Secretaria de Cultura (Secult) trabalha no realinhamento da planilha orçamentária e na retirada dos itens já executados para realizar uma nova licitação, exigência do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), visto que a empresa que fez os primeiros serviços na Coronel Pedro Osório abandonou o serviço em decorrência dos atrasos nos repasses.

O Instituto Federal Tecnológico (IFSul) também teve alguns projetos prejudicados nos campi da região e no prédio da Reitoria em Pelotas, cujo projeto na sede própria não foi concluído. No Campus CAVG não foi possível construir mais salas de aula e a biblioteca que estavam planejadas. Já a duplicação da BR-116 foi atingida, tendo a obra parado completamente nos lotes 2, 3, 5, 7 e 9. O lote 7, segundo a Superintendência Regional do Dnit/RS, está com previsão de retorno dos serviços a partir do próximo mês. Os demais dependem de dotação orçamentária para reiniciarem.

Confira a situação dessas obras e a resposta do governo federal sobre a situação de cada uma:

Praça Coronel Pedro Osório

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(Foto: Jô Folha - DP)

As obras pararam porque a Marsou Engenharia Ltda, empresa responsável pela execução do projeto orçado em mais de R$ 1 milhão, rescindiu o contrato de revitalização devido à falta de repasse de verba do governo federal. Três das oito etapas previstas no cronograma foram realizadas. As equipes fizeram a retirada de camada vegetal, construíram novos meios-fios, a manutenção e a poda de árvores. No entanto, apenas o pagamento da primeira etapa foi repassado pelo Programa Cidades Históricas (PAC).

- Valor total da obra: R$ 1.086.868,80

- Iniciou em 5 de agosto de 2015. Foram feitas uma medição no valor de R$ 45.926,51 em 8 de setembro de 2015 e paga em 4 de janeiro deste ano; outra no valor de R$ 41.777,18 realizada em 29 de novembro de 2015 e paga em 29 de março deste ano; e a terceira, no valor de R$ 17.395,83, realizada no dia 8 de dezembro de 2015 e paga em 24 de maio deste ano. A obra paralisou com 10% dos serviços executados. Em maio deste ano a empresa demonstrou interesse em rescindir o contrato.
- Foram feitos a retirada da camada vegetal, os caminhos, a limpeza dos monumentos, a colocação dos meios-fios, manutenção e poda de árvores nesses três gomos, faltando a execução de todo o paisagismo e restando todos os serviços nos outros cinco gomos.

* O que diz o Iphan
O Iphan salienta que o PAC Cidades Históricas faz parte do Plano Plurianual (PPA) do governo federal, cujo ciclo vai até 2019. A empresa contratada pela prefeitura recebeu o pagamento devido por todas as obras realizadas. Mas, em função do cenário econômico no Brasil, houve atraso no repasse de recursos e, diante disso, a empresa optou pela rescisão. Cabe agora à prefeitura realizar nova licitação para dar continuidade aos trabalhos. Ou seja, os recursos virão.

Ginásio Municipal de Educação

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(Foto: Paulo Rossi - DP)

Situado na rua Álvaro Chaves, 2.000, próximo à praça Palestina, o Ginásio Municipal de Educação, destinado ao uso educacional, esportivo e cultural, é erguido com a metade do valor (R$ 1,5 milhão), correspondente à contrapartida da prefeitura ao projeto. Havia uma previsão de liberação do valor restante, de emenda parlamentar destinada pelo deputado federal Danrlei (PSD), segundo o secretário executivo da Unidade Gerenciadora de Projetos (UGP) da prefeitura, Jair Seidel, mas foram enviados apenas R$ 200 mil.
A obra iniciou em setembro do ano passado e o valor repassado foi recebido entre julho e agosto deste ano.
- Valor do investimento: R$ 3.147.391,92
- Projeto: ginásio com quadra poliesportiva de 2.350 m², área externa de praça com 3.300 m², passeios, acessibilidade, 1.453 m² de grama plantada, plantio de 80 mudas de árvores e iluminação externa.
- Área total de intervenção: 5.759,36 m²

* Ministério do Esporte não enviou resposta sobre pedido de informação quanto aos recursos para essa obra.

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As obras em andamento sofreram grande redução no ritmo, segundo relatório da Assessoria de Comunicação do Campus Pelotas. O ritmo caiu principalmente na fase três da expansão, que prevê a implantação dos campi Lajeado, Gravataí e Campus Avançado Jaguarão. Atualmente, os valores para pagamento das obras estão regularizados, entretanto, em todo 2015 e este ano foram registrados atrasos nos repasses que ultrapassaram 100 dias.

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(Foto: Carlos Queiroz - DP)

A Reitoria de Pelotas ainda não executou o projeto de urbanização da edificação, onde estão contemplados estacionamento, acessos, calçadas e guaritas. Para o Campus CAVG há projetos prontos para ampliação das salas de aula e construção de uma biblioteca, que necessitam de pelo menos R$ 4,5 milhões. Este ano foram liberados apenas 50% dos recursos previstos na Lei Orçamentária Anual. O restante do valor está retido e sem previsão de liberação.

Segundo o diretor do Campus CAVG, Álvaro Nebel, o bloco de 12 salas de aulas que não saiu do papel permitiria abertura de novos cursos e o ingresso de mais 150 alunos no processo seletivo. Como não recebeu verba, a obra não passou da abertura de uma rua que receberia o novo prédio. O CAVG funciona nos três turnos, tem internato e uma biblioteca com capacidade para receber apenas 25 estudantes. A expectativa para 2017, conforme informações obtidas em Brasília, é de zero investimento.

* Ministério da Educação não enviou resposta sobre pedido de informação quanto aos recursos para essas obras.

Duplicação da BR-116
As obras estão paralisadas nos lotes 2 (Barra do Ribeiro), 3 (Tapes), 5 (Camaquã), 7 (São Lourenço do Sul) e 9 (Pelotas/Turuçu). A verba liberada para 2016 é de R$ 20 milhões, quando seriam necessários R$ 700 milhões para finalizar a duplicação do trecho entre Guaíba e Pelotas. Uma frente parlamentar foi criada para buscar mais recursos.

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(Foto: Jô Folha - DP)

Estão em andamento os serviços em alguns lotes graças a recursos de anos anteriores e, nesses quatro anos, apenas 57,34% do trajeto foi concluído. Contudo, dos dez lotes (incluindo as intervenções no contorno de Pelotas) em que a obra foi dividida, cinco estão paralisados. A reforma da ponte do São Gonçalo, o acesso ao Porto de Pelotas e o trecho 4 da BR-342, que faz ligação ao Porto de Rio Grande, também estarão entre as demandas da Frente Parlamentar em Defesa da Conclusão das Obras de Duplicação da BR-116.

A obra começou em 2012 em 2.11,22 quilômetros entre Guaíba e Pelotas. Principal rodovia brasileira, a BR-116 intercepta o país na direção Norte-Sul a partir de Fortaleza, capital do Ceará, até Jaguarão, cidade gaúcha que faz fronteira com o Uruguai. Com extensão total de 4.566,5 km, passa por dez estados ligando cidades estratégicas do território nacional. No Rio Grande do Sul é a principal via de acesso ao Sul do Estado e ao Porto do Rio Grande - corredor de escoamento de produção entre o Brasil e o Mercosul. A extensão total da obra, dividida em nove lotes, vai beneficiar 11 municípios de forma direta: Guaíba, Barra do Ribeiro, Mariana Pimentel, Tapes, Sentinela do Sul, Arambaré, Camaquã, Cristal, São Lourenço do Sul, Turuçu e Pelotas.

* O que diz o Dnit
A Superintendência Regional do Dnit/RS informa que o lote 7 (São Lourenço do Sul) estava com previsão de retorno dos serviços a partir deste mês. Os demais dependem de dotação orçamentária para reiniciarem.

 

 

 

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