Prevenção necessária
RS chega a 38 óbitos causados pela dengue
Levantamento da Secretaria de Saúde do Estado aponta que, no período de abril até o momento, os casos confirmados da doença quase triplicaram
Carlos Queiroz -
De acordo com dados do painel de monitoramento da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, somente neste ano o Estado já atingiu 38 mortes causadas pela dengue. Até este domingo (29), foram 29.685 casos confirmados da doença, sendo, desse total, 25.077 ocorrências autóctones, ou seja, pessoas infectadas dentro do território do Rio Grande do Sul. O levantamento aponta um crescimento acelerado de infecção pela doença no mês de maio.
Rio Grande é o município da Zona Sul com os números mais expressivos de casos de dengue. A cidade é responsável por cinco dos oito casos autóctones registrados na região. Os outros dois são de Piratini e de Pelotas.
Em abril, o governo do Estado emitiu alerta máximo contra a dengue. No mês passado, foram registrados mais de dez mil casos autóctones. Um mês depois, esse número já quase triplicou. Também em abril, o total de óbitos estava em oito. Menos de 30 dias depois, foram confirmadas mais 30 mortes pela doença.
A presença do mosquito Aedes aegypti, que pode ser transmissor de dengue, zika e chikungunya, é apontada em 89% dos municípios gaúchos. O número é expressivo, e é o maior registro de proliferação desde o início da realização do monitoramento, no ano 2000. Dentre as cidades gaúchas, Igrejinha é a que mais contabiliza mortes por complicações de dengue: ao todo seis pessoas foram a óbito.
O cenário em Rio Grande
Visando o combate à doença, a Vigilância Ambiental da Secretaria da Saúde de Rio Grande apresentou a prévia do plano de contingência contra a dengue na última semana. Com 72 focos do mosquito Aedes aegypti pela cidade, um a mais do que em todo 2021, além de 15 casos notificados de dengue, o órgão aguarda a aprovação por parte da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (3ª CRS) para colocar em prática o Plano Municipal de Combate a essa e a outras doenças transmitidas pelo inseto no município.
De acordo com o Programa de Prevenção da Dengue da Vigilância Ambiental em Saúde, os bairros onde os focos foram identificados, até agora, são Centro, Cidade Nova, Distrito Industrial, São Miguel, Vila Maria, Profilurb, Porto Novo, Aeroporto, Castelo Branco, São João, Bernadeth, Junção, Nossa Senhora de Fátima e Santos Dumont.
Em Pelotas
Já em Pelotas, segundo informações da diretora da Vigilância em Saúde de Pelotas, Aline Machado da Silva, este ano foram encontrados 287 focos do mosquito. Em todo o ano de 2021 foram registrados 88. Apesar do aumento considerável, a explosão de casos confirmados da doença ainda não foi vista por conta do trabalho de controle do vetor. A gestora ressalta, no entanto, que se o crescimento seguir rápido, é possível que em breve haja mais ocorrências de pessoas contaminadas.
Aline explica que, diante ao aumento da presença de focos, é essencial intensificar as medidas de controle do mosquito vetor de transmissão. “Então o que que a gente tem trabalhado é na conscientização da população para nos ajudar. Principalmente nas medidas de proteção individual e nas medidas coletivas”, afirma.
A coordenadora da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde do Estado, Cíntia Daniela Pereira, explica que a alta expressiva da proliferação de focos de dengue se deve pela descontinuidade das ações do Estado como um todo em municípios da Coordenadoria devido ao período pandêmico dos últimos dois anos. Com isso as medidas de controle ambiental foram prejudicadas, o que acabou proporcionando a multiplicação do Aedes, onde já havia a introdução deste, e também a infestação em territórios onde ainda não havia.
“A presença de pessoas infectadas e do mosquito permite então fechar o ciclo de transmissão e, assim, com aumento de transmissão, há maior incidência de casos e, por consequência, também de casos graves e óbitos”, aponta.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o protocolo para monitoramento e enfrentamento à dengue em Pelotas foi desenvolvido e colocado em prática pela pasta, desde o início deste ano. Isso ocorreu após a observação do crescimento do número de focos do mosquito Aedes aegypti no município. O Simões Lopes tem concentrado o maior número de incidência entre os bairros pelotenses - e também recebe boa parte das ações.
A SMS salienta que são realizadas atividades para coibir a dissipação do vírus e a proliferação do mosquito, conforme detalha Aline, que explica ainda que o controle vetorial é feito nas localidades com focos do inseto e casos da doença.
Além disso, visitas domiciliares com controle mecânico de criadouros de Aedes e aplicação de larvicida biológico são práticas desempenhadas pelas equipes do município. Para tornar o trabalho dos profissionais mais eficaz, a prefeitura solicita que a população permita a entrada dos agentes nas residências para efetuarem os serviços e coibir a proliferação do mosquito.
Medidas de prevenção:
> Uso de repelente para o corpo. Isso evita que um mosquito infectado transmita a doença através da picada e, também, que um mosquito não infectado seja infectado ao morder uma pessoa contaminada.
> Não acumular água em recipientes. Fazer sempre a conferência, principalmente após períodos chuvosos.
> Realizar a limpeza mecânica de recipientes que ficaram com água parada, a fim de evitar que os ovos do mosquito fiquem depositados e eclodam posteriormente.
> Telar portas e janelas das residências, para funcionar como barreira de entrada do mosquito. Também é indicado o uso de mosqueteiros em camas, principalmente de acamados e crianças, que ficam mais suscetíveis a serem picados.
> A população também pode informar as equipes da Vigilância Ambiental da SMS sobre locais que possam ser possíveis criadouros do mosquito. O contato pode ser realizado pelo telefone (53) 3284-7759, ou através da Ouvidoria do SUS, pelo número 3284-7709.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário