Alimentação

Saudável e comunitária

As hortas comunitárias ganham cada vez mais adeptos em Pelotas. Elas fornecem alimentos de baixo custo e sem agrotóxico

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Condomínio Aldeia passou a plantar verduras em pequena área (Foto: Jô Folha - DP)

Uma tendência que ganha espaço no meio urbano - e já experimentada por Pelotas há duas décadas - é a cor verde das hortas comunitárias. O cultivo de alimentos orgânicos em casa e em terrenos conquista adeptos. O motivo é o baixo custo do produto associado à origem e à procedência dos alimentos. Além disso, as hortas comunitárias não exigem, necessariamente, espaços extensos.

Em Pelotas, no condomínio Aldeia, localizado na avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, um pequeno pedaço de terra, antes sem uso, passou a chamar a atenção dos moradores. No local brotam e crescem robustas couve, alface, cenoura e temperos. O projeto começou há cinco meses e as primeiras folhas de alface e temperos já foram colhidas e distribuídas gratuitamente aos condôminos.

A síndica do Aldeia, Eloisa Gonçalves de Souza, idealizou o projeto, junto com o zelador Magno de Oliveira, responsável por plantar e cuidar da horta. Magno já era responsável pelas flores do local e mostra-se radiante com a nova tarefa. Para ele, o contato com a terra relembra a infância. “Minha mãe sempre falava que eu tinha uma mão boa para o plantio”, brinca o zelador.

A aposentada Rosa Dias Viana, 62, foi uma das moradoras que já colheram vegetais da horta e aprovaram a iniciativa. Ficou tão feliz em poder colher o alimento na hora da refeição, sem desperdício, que até se ofereceu para ajudar a cuidar.

Há 20 anos
Apesar da ascensão das hortas comunitárias ser algo recente, Pelotas já possui projetos com 20 anos de experiência. Um exemplo é a horta comunitária localizada na avenida Zeferino Costa, 4.316. Afastada do centro da cidade, mas ainda sim, no meio urbano, ela concentra em seus nove hectares de terra toda a essência da colônia. Vinte e duas famílias, residentes nas redondezas do Aeroporto Internacional João Simões Lopes Neto, plantam e colhem na beira do asfalto. O projeto pertence ao Colégio Sinodal Alfredo Simon, que além do local fornece também água, rede elétrica e assistência técnica. O suporte ao plantio e à colheita é feito pelo técnico agropecuário Francisco de Paula Amaral. Ele acompanha as atividades desde o início e destaca o quanto aquele chão já foi fundamental para sustentar e alimentar famílias. Toda a colheita que não é consumida pelos produtores é vendida e o restante cedido ao Centro Comunitário Bom Pastor.

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Na Zona Norte trabalham 22 famílias (Foto: Jerônimo Gonzalez - DP)

E não é por caso que o espaço é rico em folhagens e frutos. A dedicação dos envolvidos vai além de quem busca uma alimentação sem agrotóxico, um complemento na renda financeira ou uma atividade de lazer. São pessoas que gostam de estar em contato com o solo. Leceu Nunes, 61, foi criado na zona rural e seu sonho era voltar a Arroio do Padre. O dinheiro não foi suficiente para comprar um pedaço de terra por lá, mas a dedicação com a semeadura e o cuidado com as mudas são evidentes. O movimento da enxada mata a saudade de quando era criança. 

Pelos legumes serem tirados diretamente do solo na hora da compra, e pela garantia de serem produtos orgânicos, João Luís Pereira, 70, e Hilda Soares, 63, são clientes da horta há 13 anos. Duas vezes por semana eles vão até o local. João é enfático quanto ao sabor do produto. “Basta comprar uma cenoura aqui e uma do supermercado; por mais que ela esteja bonita, o sabor da recém-colhida é muito melhor”, diz.

CRAS São Gonçalo
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) São Gonçalo dá os primeiros passos para criar uma horta comunitária. A terra está sendo preparada e algumas sementes de couve, alface e beterraba já foram semeadas. De acordo com a assistente social da unidade, Isabel Arndt, a instituição - que atende pessoas em vulnerabilidade social - possui projetos em grupo com as famílias dos usuários e muitos dos trabalhos estimulam a geração de renda. A vontade de criar a horta comunitária surgiu entre os usuários e seus familiares, com o desejo de ter produtos orgânicos e saudáveis à mesa. Além de possibilitar a venda do excedente das hortaliças e dos vegetais, que gera uma fonte de renda e também de esperança. No momento, 15 pessoas participam da iniciativa com o apoio da Emater, responsável por fornecer o suporte técnico.

Para ter sucesso com a horta em casa é preciso
Matéria orgânica: terra com húmus de minhoca e esterco curtido
Luminosidade solar
Água limpa para regar
Mexer na terra com frequência para que ele fique fofa e solta
Limpar os vasos e canteiros e retirar as ervas daninhas

Entre os benefícios
Diminui os custos das famílias com hortaliças e melhora qualidade da alimentação
Além do custo-benefício, as plantas podem ser usadas para decoração. Uma dica é a horta vertical, com vasos nas paredes.
É também uma opção de lazer
Segundo o técnico agropecuário Francisco de Paula Amaral, o contato com a terra e a dedicação podem ser considerados parte um processo terapêutico

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