Próximo ao dia Internacional da Mulher, a atenção e as atividades são voltadas para elas. Mesmo assim, um assunto fundamental, que merece dedicação durante o ano inteiro, acaba ficando de fora: a importância dos cuidados com a saúde da mulher para melhoria das condições de vida das cidadãs brasileiras. Em cada fase da vida, o organismo feminino possui especificidades que requerem monitoramento, principalmente quando se trata dos riscos de doenças prevalentes em mulheres. Além disso, o tema vai além de questões ginecológicas, abrangendo também o bem-estar físico, a saúde mental e emocional. Diante disso, o Diário Popular conversou com uma especialista nessa área sobre os principais componentes da política de assistência à saúde da população feminina.
"A mulher é um ser único que a gente precisa dar uma grande atenção, afinal de contas é ela que gera a vida. A gente precisa cuidar de todos os aspectos, enquanto prevenção e promoção de saúde", declara a médica de família e comunidade da atenção primária de Pelotas, Luana Schlabitz.
A saúde da mulher envolve diferentes aspectos e cuidados nos diferentes momentos da vida, sendo essas etapas também relacionadas ao contexto em que elas estão inseridas, ao trabalho, assim como a família. Os cuidados periódicos devem iniciar o mais cedo possível.
Puberdade
Ao ingressar na puberdade as meninas passam por diferentes questões hormonais e, consequentemente, emocionais. A partir da primeira menstruação, já é recomendado o acompanhamento ginecológico para a prevenção de doenças, escolha de um futuro método contraceptivo, entre outros temas. "A consulta não é só focada no ginecológico, a gente aborda todos outros aspectos como orientação sobre prevenção a doenças sexualmente transmissíveis e de gestação indesejada", explica Luana.
A médica destaca ainda uma importante ação de combate ao câncer de colo de útero, é a vacinação contra o HPV, vírus responsável pela infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo. Associado ao desenvolvimento do câncer. A imunização com as duas doses deve ser realizada entre nove e 14 anos.
Doenças prevalentes
O acompanhamento iniciado na puberdade deve seguir na idade adulta, principalmente em razão de doenças prevalentes em mulheres como o câncer citado anteriormente. "Também procurar o seu médico para saber qual idade iniciar exames mais frequentes para saber se a saúde está em dia", explica. Além disso, a médica diz que em caso de histórico familiar de câncer de mama, é essencial ter o acompanhamento médico em dia para a realização de avaliações e rastreio da patologia. Já para o câncer de colo de útero, o Ministério da Saúde recomenda os cuidados de prevenção a partir dos 25 anos.
A profissional também alerta para alguns sinais que devem ser levados a consulta médica, como corrimento vaginal diferente, sangramentos incomuns e mudanças na rotina intestinal.
Saúde reprodutiva
Outra fase da vida da mulher que necessita de acompanhamento profissional é o planejamento familiar, que engloba desde a escolha do método anticoncepcional mais adequado para cada caso, até a gestação.
Diante disso, Luana ressalta que é essencial que assim que as pacientes tenham o desejo de gestar, elas iniciem as consultas pré-concepcionais para uma avaliação de saúde e para a orientação adequada, bem como preparação emocional para a concepção de um bebê. "Então também vamos parar o método, pedir alguns exames, iniciar a reposição de vitaminas se for necessário e para verificar se a saúde está 100% para poder gestar."
Posteriormente, na gravidez, são indispensáveis as consultas pré-natais para a detecção precoce de doenças maternas ou fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da gestante.
Menopausa
Ao final da vida reprodutiva e início da menopausa, os cuidados são com outras patologias e necessidades das mulheres como, por exemplo, a incidência de osteoporose. "Quando os ovários não produzem mais hormônios a gente fica mais atento à questão do desenvolvimento de osteoporose". Assim como na puberdade, na menopausa, as pacientes enfrentam grandes mudanças envolvendo inclusive sintomas desconfortáveis como episódios de calorões. "Então a gente vê se tem necessidade de exames, existem até medicamentos fitoterápicos que podemos utilizar para amenizar os sintomas."
Saúde mental
Acompanhando inúmeras mulheres na atenção primária, a médica da família conta que a saúde mental delas também possui especificidades diante das responsabilidades atribuídas ao papel feminino. Com a sobrecarga de conciliar os cuidados com o lar, com familiares doentes e com o trabalho, é comum o surgimento de doenças mentais como ansiedade e depressão. "É muito frequente. Com as muitas funções, acaba gerando sofrimento mental em muitas mulheres". Luana conta que muitas pacientes que passam por ela são encaminhadas para psicólogos devido a necessidade de tratamento e terapia. "Geralmente essas mulheres acabam não tendo tempo para si."
A atenção à saúde da mulher é uma política nacional inserida pelo Ministério da Saúde e todos os acompanhamentos podem ser realizados na rede SUS, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
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