Dados preocupantes

Seis de cada dez crianças não se vacinaram contra a pólio em Pelotas

Com índices distantes da meta de 95% do público-alvo, região segue prorroga campanha até 22 de outubro

Carlos Queiroz -

Pela segunda vez consecutiva, órgãos gestores da saúde no Estado, região e em Pelotas decidiram dar mais tempo aos pais e responsáveis que ainda não levaram seus filhos para receber as gotinhas que protegem da paralisia infantil. A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, iniciada em 8 de agosto, terminaria nesta sexta-feira (30), mas com a baixa adesão foi prorrogada até o dia 22 de outubro, juntamente com a multivacinação.

No Rio Grande do Sul, a mobilização atingiu 60,48% do público, sendo que o ideal é 95%. As autoridades ainda tentam buscar explicações para os resultados e preferem não apostar na propagação de notícias falsas sobre as vacinas. O fato de a população não conviver mais com a doença (com selo de erradicação desde 1994) é uma hipótese que poderia ter levado ao descrédito à imunização. Mesmo que as vacinas continuem sendo essenciais, gratuitas e estejam disponíveis em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) dos municípios.

Assim como no Estado, dados de Pelotas e cidades da 3ª Coordenadoria Regional da Saúde (3ª CRS) são preocupantes. Em Pelotas, até esta quinta-feira foram 6.364 crianças vacinadas, o que corresponde a 40,37% do público-alvo. Na Zona Sul, dos 21 municípios que formam a regional, só dois ficaram acima dos 80%: Herval, com 87,76%, e Arroio do Padre, com 86,44%. Na outra ponta da curva, com baixa procura pelas doses, estão Rio Grande, com 37,83%, e Chuí, com apenas 13,15%.

Titular da 3ª CRS, Cíntia Daniela Pereira explica que o Ministério da Saúde adotou o dia 20 de setembro como dia D da Vacinação, mas a maioria dos municípios não aderiu por ser feriado Farroupilha e, por isso, houve a prorrogação. Já a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, diz que a ideia é utilizar o mês das crianças para criar estratégias que busquem o público-alvo.

Relevância
A diretora da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Pelotas, Aline Machado da Silva, explica que a poliomielite é uma doença infectocontagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida e de início súbito. "O déficit motor instala-se subitamente e sua evolução, em geral nos membros inferiores, é de forma assimétrica, tendo como principais características a flacidez muscular, com sensibilidade preservada e ausência de reflexos no segmento atingido." A profissional alerta que a única forma de prevenção é a vacinação. "Por isso, todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser imunizadas, conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual."

Na avaliação da diretora, ao longo dos últimos anos registrou-se baixas coberturas de imunização, sendo que existem países que ainda possuem o vírus da poliomielite circulante. No Brasil, assim como no resto do continente americano, existe um alerta de reintrodução desse vírus. "Então é possível associar a baixa adesão ao fato de o vírus não ser mais circulante no território brasileiro, o que pode causar a falsa impressão de que não serão registrados mais casos da enfermidade." Segundo Aline, o retorno das doenças imunopreveníveis, em especial a poliomielite, é uma das preocupações do município em razão da gravidade e, principalmente, devido às sequelas irreversíveis que podem surgir.

Quem sabe bem disso é a pequena Dhara Villanova Ebersol, de quatro anos. "Era uma vez uma menina que tomou uma gotinha e depois nunca mais ficou dodói", contou a pequena à reportagem. Durante a espera pela vez da filha, no Centro de Especialidades, a consultora de vendas Aline Fagundes Villanova, 40, explicou que a procura pela imunização um dia antes do encerramento da campanha não foi uma questão de atraso e sim de zelo.

"Como em junho ela tomou as gotinhas, a da gripe e a do sarampo, fiquei na dúvida se deveria ter reforço. Com a proximidade do final da campanha resolvi ligar e tirar dúvidas. Ainda bem, pois precisei trazer a Dhara." A ideia era de que as gotinhas tinham gosto de morango, mas desta vez a menina confessou: "Essa tem gosto de limão azedo".

Dados compilados
A baixa procura pela vacina no Chuí, 13,15%, se dá, segundo a secretária de Saúde Juliana Soares Rosário, porque a maioria dos moradores fez no Uruguai. "No final de agosto fomos para as escolas e em um dia encontramos, de 80 cadernetas, 59 que já tinham tomado a dose no país vizinho. Mesmo assim seguimos forte nesse trabalho junto a vigilância para tentar subir esses dados, mas nossa realidade é outra", argumenta. Para ela, enquanto não forem cruzados os dados de vacinação em cidades gêmeas, caso do município, será difícil as pessoas procuram o serviço em ambos os lados da fronteira.

A secretária lembra que com as aplicações da vacina da Covid, a pasta teve de fazer levantamento de porta em porta com as agentes comunitárias. "Com isso, rastreamos que praticamente 50% já haviam recebido a dose no Uruguai, pois a vacinação deles por faixa etária saiu bem antes das nossas do Brasil."

Esquema da campanha contra pólio e de multivacinação:
• Abaixo de 1 ano de idade: só faz vacina se tiver alguma em atraso.
• Entre 1 e 4 anos: faz vacina da pólio e outras se tiver alguma em atraso.
• Dos 5 aos 14 anos: só faz vacina se tiver alguma em atraso.

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