Cultura
Sob camadas afluentes
Exposição das artistas do grupo Superfície mostra olhares e interesses pessoais distantes (ou não) da produção conjunta
Jô Folha -
Fotos: Jô Folha
Processos pontuais da pintura, como manchar, escorrer, decalcar, gotejar, respingar e tonalizar, foram desenvolvidos por cinco artistas na mostra Da superfície ao horizonte: visualidades em trânsito, em visitação no Ágape. Os trabalhos de Carla Borin, Carla Thiel, Daniela Meine, Mariza Fernanda e Paloma De Leon tanto se aproximam em produção quanto se afastam em particularidades poéticas.
O quinteto integra o Grupo Superfície, que há praticamente sete anos realiza obras em conjunto, num partilhar de ideias e pinceladas. Se no coletivo o trabalho se constitui pela junção numa mesma tela dos cinco fazeres artísticos, a exposição apresenta esses olhares e interesses pessoais dissociados da produção comunitária.
Multiplicidade de direções
Os trabalhos foram selecionados pelo curador José Pellegrin, artista e professor da Universidade Federal de Pelotas, que buscou deixar um intervalo entre os trabalhos das expositoras, diferenciando-os pelo contraste. Através de desenhos, objetos e fotografias, diversas questões afloram nas obras.
Paloma investe no gotejamento por distância, sendo cada trabalho nomeado com a metragem do pincel afastado da tela. Carla Thiel avança por diferentes tipos de escorridos, enquanto Daniela dialoga com a natureza em desenhos que retratam várias pedras. Já Fernanda vale-se de ações como carimbar e contornar em peças delicadamente coloridas.
A pintura vibra em todos os resultados, até mesmo na série apresentada por Carla Borin, cujo interesse vai ao encontro de manchas naturais. “O meu ateliê é a cidade”, define. A artista coleciona descascados de paredes e os interpreta como peles da sociedade. Ela pinta essas superfícies, dando origem a obras de arte que se assemelham a mapas.
O resumo dessas poéticas é traduzido no título da exposição, proposto por Pellegrin. São todas superfícies de várias camadas, apresentadas em pedras, gotas, peles, contornos e deslizamentos em fios. A mostra entrelaça esses projetos em diferentes experiências de observar o mundo, possibilitados em percursos solitários que também encontram potência ao se reunirem em grupo.
O quê?
exposição Da superfície ao horizonte: visualidades em trânsito
Quando?
até o dia 9 de julho, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 19h; sábados das 12h30min às 18h30min
Onde?
Ágape, na rua Padre Anchieta, 4.480
Entrada franca
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