Refúgio no Pampa

Um abrigo à vida silvestre

Em três dias, o Diário Popular apresenta a série Refúgio no Pampa e convida o leitor a apreciar as belezas da Estação Ecológica do Taim, a única federal do Estado; uma história de três décadas de preservação

Paulo Rossi -

O cenário é de pura beleza. Por todos os lados. Das mais de 200 espécies de vegetais que formam a paisagem aos animais que riscam o solo e bailam pelos ares, em diversidade de cores e sons. A Estação Ecológica do Taim (Esec) (res)guarda 11 mil hectares de riquezas naturais e é reconhecida como um dos criadouros de maior significado ecológico do Sul do Brasil. Nesta semana, em que a Esec completa 30 anos, o Diário Popular traz a série Refúgio no Pampa e convida o leitor a apreciar este patrimônio da vida silvestre.

Em três dias, o DP cruza o tempo e vai da formação do Taim aos planos de expansão, quando deverá atingir 32,8 mil hectares. E se o lugar é referência de abrigo, de alimentação e de reprodução de muitas espécies, não raro, também gera estatísticas de mortandade, com uma média que ultrapassa um animal atropelado por dia; ocorrências que escancaram o desrespeito aos limites de velocidade. "É um número inaceitável", resume o chefe da Estação, Henrique Ilha.

Encontrar uma gurizada entusiasmada em desbravar cada recanto, como na última quarta-feira, é motivo de alento. Sim. Em meio ao bombardeio de perguntas, aos sorrisos e à curiosidade infantil, é possível desenhar um futuro mais leve. De proteção da biodiversidade, para além do território das Unidades de Conservação.

Diversidade como marca
Engana-se quem pensa que os encantos do Taim se espalham somente pelas áreas de banhado. Os reservatórios de água doce, que se enchem com as chuvas e liberam água pouco a pouco para os ambientes do entorno nos períodos mais secos do ano, são apenas parte da diversidade ecossistêmica. Lagoas, mata nativa, campos e dunas integram a paisagem e mesclam animais admirados, como capivaras, ratões-do-banhado e lontras com jacarés-do-papo-amarelo e um amplo leque de aves associadas a ambientes aquáticos que fazem do Taim uma das zonas mais ricas da América do Sul, com garças, cisnes, maçaricos, colhereiros, tachãs, João-grande...

Peixes-rei, jundiás, pintados, traíras... "A gente fica de olho quando vê que tem alguém querendo pescar ou caçar", conta Getúlio Borges Vargas, 56, que desde a década de 1970 mora na localidade conhecida como Estrada da Serraria. E é justamente nas terras onde o camaquense cria o gado que está localizado acesso a um dos recantos mais belos da Esec: as dunas e suas figueiras centenárias, onde vivem graxains, lagartixas, serpentes, sapos-da-areia ... e aves. Mais aves, em especial os gaviões e os típicos rasantes.

>>> Confira a primeira galeria de fotos da Estação Ecológica do Taim

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Parceria e expansão
Enquanto aguarda decreto presidencial que reconheça os mais de dez mil hectares já adquiridos como parte da Estação e ainda permita negociar a desapropriação de outros cerca de oito mil hectares - o restante da área é de águas -, o chefe da Esec tem buscado conquistar parceiros, sejam produtores rurais ou pecuaristas. "Temos procurado adotar um outro viés, de juntar pessoas de bem, que se sintam parte deste espaço", enfatiza o oceanólogo. "Ficar só no comando e no controle e estabelecer um tipo de guerra com a comunidade, é um caminho que já faliu". A estratégia, daqui para frente, é apostar na sensibilização, principalmente das novas gerações, já que a região foi brindada com este vasto complexo natural.

Cenas para enquadrar
O destino indicava Montevideo, no Uruguai, e Buenos Aires, na Argentina. Era a primeira vez que a família Carrilho pisava em terras gaúchas. Difícil, portanto, cruzar a BR-471, no extremo sul do Sul, sem os olhos ficarem vidrados nas simpáticas capivaras, de todas as idades e portes. E foi exatamente assim, entusiasmados em levar o registro, que os paulistas de Sorocaba pararam a caminhonete para foto. Ou melhor, fotos.

"Não conhecíamos nada e estamos adorando o Rio Grande do Sul", afirma a dentista Sandra Cardoso Carrilho, 51. E o Taim, claro, entrava para o diário de férias como uma das grandes razões para prezar pelo Estado.

Agende e visite!
A sede administrativa da Estação Ecológica do Taim fica no Km-492 da BR-471.
O ideal é agendar a visita com um dos 30 guias, moradores das localidades vizinhas, aptos a cumprir trilhas previamente definidas.

Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (53) 3503-3151.

Confira o vídeo:

Você sabia?
- A área da planície costeira do Rio Grande do Sul, onde está situada a Estação Ecológica do Taim, teve sua formação devido aos diversos movimentos de recuos e avanços do mar que deram origem ao complexo composto pelas lagoas dos Patos, Mangueira e Mirim - entre outras lagoas menores - e banhados, no período chamado de Interglacial, há aproximadamente 125 mil anos.
- No Taim há mais de 200 espécies de vegetais, 220 espécies de aves, 21 répteis, 8 anfíbios, 51 peixes, 28 mamíferos, diversos crustáceos, moluscos e insetos, que interagem com micro-organismos indispensáveis à vida.
- Muitas são as lendas da origem do nome Taim. Os índios, primeiros habitantes da região, seriam os responsáveis pela denominação; uma homenagem à deusa Itaí ou a um arroio de águas verdes que deságua na lagoa Mirim. Há quem diga que é em função do grito da tachã, que espalha o som "tahim", em danças pelos céus dos banhados.

Fonte: Publicação Taim, banhado de vida, produzido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodivesidade (ICMBio) - Esec Taim - e Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema).

 

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