Buracos

Um atalho cheio de obstáculos

Via alternativa entre Três Vendas e Fragata, avenida Theodoro Muller tem sinalização ruim e oferece riscos aos usuários

Carlos Queiroz -

Antes de atravessar a rua, olhe bem para os lados. Aquele conselho que se aprende tão logo iniciam os primeiros passos sozinho é mais válido do que nunca quando o assunto é andar pelo 1,8 quilômetro da avenida Theodoro Muller, que cruza a Cohab Guabiroba.

Principal caminho do transporte coletivo até o centro da cidade para quem mora também no Fragata, Cohab Fragata e Gotuzzo, a via apresenta uma série de problemas. Dentre eles: trechos estreitos, sinalização deficiente nos cruzamentos, poucas faixas de segurança e falta de calçadas para os pedestres. O resultado de tudo isso é a preocupação constante de motoristas, pedestres, ciclistas e moradores da região.

Proprietário há 15 anos de uma revenda de motos na esquina com a rua Irmão Gabino Gerardo, Ronaldo Estafor, 41, afirma que o movimento na avenida aumentou muito após a conclusão das obras na João Jacob Bainy e a construção de novos condomínios na região. "O pessoal passou a usar mais essa avenida para cortar caminho indo e vindo de regiões centrais da cidade. Virou um atalho, mas que não suporta o trânsito nos horários de pico", alerta. Embora acredite que há uma série de fatores que tornam o trânsito na Theodoro Muller perigoso, o empresário não tem dúvidas da principal intervenção a ser feita: "Só duplicando", diz ele.

Duplicar, entretanto, não faz parte dos planos imediatos da prefeitura para a avenida. Concentrada em uma série de obras que estão em andamento pela cidade, a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) aponta que a ideia ainda nem começou a ser estudada pelos técnicos.

Para quem usa a região como ligação à BR-471, saindo para Rio Grande, ou à avenida Cidade de Lisboa, ainda é preciso transitar pela continuidade da Theodoro Muller, a rua Major Francisco Nunes de Souza. Embora com menos fluxo de veículos, a via também é usada pelo transporte coletivo e apresenta vários buracos no pavimento, além de igualmente apresentar trechos estreitos e mal sinalizados. No total entre a avenida e a rua são 3,4 quilômetros desde a rótula do Atacadão. Em todo esse trajeto, há apenas um semáforo (esquina com a rua Doutor Armando da Silva Ferreira) e três faixas de segurança com pintura visível. Pouco, na opinião do motorista Giovane Valente, 50. "A tinta se apaga e a manutenção demora. Um convite para os acidentes", aponta.

Apesar da preocupação dos moradores, a Secretaria de Transportes e Trânsito (STT) afirma que são poucas as ocorrências na avenida. Nos quatro primeiros meses do ano foram seis acidentes registrados pelos agentes de trânsito.

Complicado para carros, pior para pedestres

Se dirigir pela Theodoro Muller já exige atenção redobrada diante da sinalização deficiente, ainda mais difícil é a situação de quem não está protegido dentro de um carro ou ônibus. Trabalhador no serviço de limpeza urbana, Iago Schug, 23, cruza diariamente a avenida de bicicleta para chegar ao emprego. Diz ser um sortudo por nunca ter sofrido um acidente. "Mas já passei por alguns sustos", conta. As principais queixas são a inexistência de uma ciclovia - já que muitos trabalhadores percorrem o trecho - e a falta de placas e de pintura, o que torna as rótulas território sem lei. A disputa por espaço entre ônibus, carros, motos, ciclistas e pedestres é constante.

Conforme o secretário da STT, Flávio Al Alam, o trabalho de reforço na pintura de faixas para pedestres e das rotatórias iniciou no final da última semana e deve se estender pelos próximos dias. Já a criação de uma ciclovia é mais difícil. "Como está a pista atualmente, não vejo como. Para isso seria preciso duplicar a avenida ou estudar como alternativa um espaço para as bicicletas sobre as calçadas", explica.

Para quem anda a pé, aliás, a paciência é uma virtude exercida diariamente. Para conseguir cruzar de um lado a outro em alguns pontos da via é preciso acreditar na bondade dos motoristas e esperar que alguém pare e dê passagem. Morando há seis meses perto da Theodoro Muller, Verenice Bart, 36, precisa passar entre os veículos diariamente. Muitas vezes com a filha, Andreza, de três anos, no colo. "Moro aqui desde novembro e a cada vez que saio de casa é essa luta. Não há sinaleira, faixa de segurança e muito menos fiscalização para pegar quem anda correndo."

Lembra daquele conselho, de olhar bem para os lados antes de atravessar a rua? Verenice nem precisa dar. A pequena Andreza está aprendendo diariamente. Na prática, na Theodoro Muller.

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