Solidariedade

Um "gás" por quase seis meses

Parceria da Petrobras e Cufa vai garantir o botijão de 13 quilos para 200 famílias em Pelotas

Carlos Queiroz -

Não basta comprar alimentos ou adquirir cestas básicas. É preciso ter recursos para prepará-los. Com a crise econômica agravada pelo período pandêmico e com a política internacional de preços, o gás de cozinha tem sido um dos grandes vilões no orçamento doméstico. Para quem não tem renda familiar e depende do Auxílio Brasil, que paga R$ 400,00, o valor do botijão de 13 quilos representa 30% do benefício, sendo impossível comprar o utensílio fundamental para colocar comida na mesa. Nesse momento em que 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil, a Petrobras, em parceria com instituições, está doando recursos para famílias em vulnerabilidade social que já estejam cadastradas e atendidas por redes de assistência social. Em Pelotas, a ação ocorre através da Central Única das Favelas (Cufa), que vai garantir pelo menos cinco trocas de botijões vazios por cheios para 200 famílias.  

A entrega foi na manhã ensolarada, porém gelada, deste domingo (19), na sede da Cufa, no bairro Navegantes I. São cem famílias na região do São Gonçalo e mais cem para os demais bairros da cidade que têm o apoio da J.P. Distribuidora da Ultragás. "Nós fizemos a entrega para os cadastrados que não podem buscar, sem custo nenhum", disse a proprietária da empresa, Guacira Fagundes. Ela adianta que o espaço físico da distribuidora está à disposição da Cufa para as próximas edições, podendo ser realizada no Fragata, descentralizando as ações.

O coordenador Sandro Mesquita, ao falar da parceria, lembra da última entrega de cesta básica - que ajudou comunidades durante a pandemia -, quando citou sobre a necessidade de um pacto social entre poder público e privado. "Antes não se tinha alimentos, e conseguimos. Hoje em dia existe uma inversão. As pessoas recebem auxílio para comprar comida, mas não têm como fazer", disse indignado. O líder comunitário lamenta as dificuldades em conseguir apoio do setor empresarial para poder aumentar a ajuda, uma vez que são 500 famílias cadastradas e, nessa ação, 200 foram selecionadas para receber o benefício. "Quem sabe não teremos uma notícia de que alguém possa bancar, por exemplo, mais cem botijões, pois estamos falando de responsabilidade social."

A proposta da Petrobras com as instituições é distribuir o gás (não inclui o vasilhame), em ciclos de 50 dias, até completar cinco vales por família. Assim, a desempregada Stephanie Lima da Silva, de 35 anos, vai ter que fazer milagre para cozinhar para oito pessoas, e fazer o gás durar por sete semanas. Ela não é beneficiária do Auxílio Emergencial, pois antes da pandemia tinha emprego e mantinha uma vida estável. "Mas tudo mudou. Estou correndo atrás do benefício para sustentar meus seis filhos. O alimento, consigo comprar com faxinas, mas nem sempre tem", lamentou. Com a queda no padrão de vida, Stephanie nunca se imaginou nesta situação e dá graças a Deus por poder contar com ajuda como esta. "É um alívio. Com menos essa preocupação (gás), vou correr atrás para manter uma vida digna".

Maria Helena da Silva Couto, de 65 anos, depende do auxílio do governo Federal, dinheiro que compra alimento para os quatro integrantes da família. Para adquirir o botijão de gás, deixou de pagar água e luz. "Com a garantia do botijão cheio por mais de cinco meses, peço a Deus que me ajude no restante das despesas", comentou ela ao agradecer o trabalho feito pela Cufa. Na hora de levar o botijão para casa, com o preço da gasolina também na alturas, o jeito foi improvisar bicicleta, charrete, carrinho de mão e até o de bebê. Cada um levou como pode, e como comentou a dona de casa Maria Helena: "O feijão de hoje (domingo) vai ter um sabor especial".

 

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